Capítulo 08

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As lágrimas desciam pela minha face, o homem olhou-me impassivo. No entanto, mantive minha fé na torcida para que ainda restasse uma ponta de compaixão, ali dentro daquela capa inacessível.

— Está disposta a repetir a fertilização? — arqueou uma de suas sobrancelhas escuras.

Seu olhar sobre mim era morno. Contudo, consegui extrair um pouco de dignidade nele.

— Sim! — me apressei a dizer, com uma imensa vontade de sair dali. — Eu só lhe peço uma coisa.

— Depende! Do que se trata?

— Exija que me mantenham desacordada novamente. Eu não quero sentir dor além da vergonha, por estar desnuda para vários profissionais.

Olhou-me confuso, seus olhos curiosos me cercavam de uma maneira que não sei descrever.

Se ele fosse um sistema de computador, eu poderia tirar tudo que eu precisava ou até mesmo manipulá-lo. Entretanto, estou lidando com um ser humano muito difícil.

— Como quiser, Ana Lis, mas quero deixar claro que só tenho mais uma tentativa, e se não der certo, faremos este filho de outro jeito. — proferiu saindo do vestuário.

Eu estava um caco quando ele decretou seu último plano, porém nada eu disse. Meu único desejo era fugir daquela coisa enorme.

Deixamos a ideia do exame e, também, a clínica.

O sol estava se pondo quando eu e Adriel nos direcionamos para o jantar. Fizemos o percurso sem dizer muitas palavras, conversamos apenas o necessário.

Fui instruída sobre como agir na frente do advogado e do tutor, o que devo dizer e o que não posso de forma alguma falar. Logo chegamos na bela casa dos Lobos, ela faz a casa que vivemos hoje, parecer uma miniatura.

— Boa noite, mãe.

Adriel abraça sua mãe, deposita um beijo em seu rosto e depois cumprimenta seu pai.

A mim, não deram mais que uma palavra, sem sentimento algum. Quando entramos na sala de jantar, fiz uma rápida análise na tentativa de reconhecer as poucas pessoas que estavam ali.

Percebi que se tratava de um jantar reservado, para tratar de negócios e valores.

Apenas uma pessoa me olhou com um sorriso sincero, mas esta eu não me lembro de ter visto um dia. Já a outra figura feminina, se exibiu ao sorrir, quando seus olhos pousaram em Adriel.

Cecília estava muito bem dentro daquele vestido colado em seu corpo, que desenhava perfeitamente sua silhueta.

— Sentem-se — A voz rouca do anfitrião, pai de Adriel, interrompe meus pensamentos.

Encarei a mesa que comporta doze pessoas, recheada de iguarias para todos os gostos. No fundo, a vontade que tive foi de sair correndo dali para o mais longe possível.

Os assuntos sobre negócios começaram a rolar enquanto servimos nossos pratos. À minha esquerda, estava Arthur e à direita, Adriel. Depois dele, sua amada Cecília que fez questão de sentar ao seu lado, vez ou outra falavam sobre os trabalhos relacionados ao cargo dela, na empresa.

— Então meu filho, e a fertilização? — a Sra. Lobo, faz a pergunta encarando Adriel.

Ele abaixou a cabeça no mesmo instante. Estava constrangido ou com medo de dar a notícia do fracasso para a mãe.

— Não deu certo, mãe, mas continuaremos tentando — Adriel respondeu nada feliz.

A Sra. Lobo ficou tão frustrada que fez um barulho ao largar seu talher sobre o prato de Louça. Rapidamente seus olhos pousaram em mim, eu me senti sendo fuzilada com aquela amargura que ela demonstrou ao me encarar.

A última virgem e o CEO cafajeste Onde histórias criam vida. Descubra agora