02.

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CAPÍTULO DOIS.
"e se a gente se pegasse?"
Pablo Gavi's point of view.

🏟️

— VAMOS DANÇAR?

Quero dizer não.

Mas também quero dizer sim.

É o que eu chamo de "dilema Maju" — as frustrantes reações radicalmente opostas que essa deusa de olhos e cabelos castanhos desperta em mim.

"Só se for agora" e "Nem morto".

Levar pra cama. Fugir dela como o diabo foge da cruz.

— Valeu, mas não gosto de dançar. - É verdade. Odeio dançar. Além do mais, quando se trata de Maria Julia Granado, meu instinto de fuga sempre vence.

— Você é um chato, Gavi. - Ela estala a língua em reprovação, atraindo meu olhar para seus lábios. Carnudos, rosados e brilhantes, com uma pintinha acima do canto esquerdo.

É uma boca muito sexy.

Cara, tudo nela é muito sexy. Maju é de longe a garota mais bonita do bar, e todos os homens à nossa volta me encaram com inveja ou com raiva por estar com ela.

Não que eu esteja com ela. Só estou de pé ao lado dela, com meio metro de distância entre nós. Distância que Maju continua tentando reduzir.

Em defesa dela, Maria Julia praticamente tem que gritar no meu ouvido para que eu consiga ouvi-la por cima da música eletrônica que explode nas caixas de som. Não gosto de música eletrônica nem desse tipo de bar, com pista de dança e som num volume ensurdecedor. Qual é o sentido? Se quer abrir uma casa noturna, chama de casa noturna. O dono do Gunner's Pub deveria ter chamado o lugar de Gunner's Club. Aí eu teria dado meia-volta só de ver o letreiro e poupado meus tímpanos.

Não é a primeira vez esta noite que quero matar meus amigos por terem me arrastado para a festa do Félix na véspera de Ano-Novo. Preferia estar em casa, bebendo umas cervejas e vendo a contagem regressiva na televisão. Sou um cara sossegado.

— Sabe, me falaram que você era rabugento, mas eu não tinha acreditado.

— Quem te falou? - Pergunto, desconfiado. - E eu não sou rabugento.

— Hum, verdade... é uma palavra meio velha. Que tal mal- humorado?

— Não sou mal-humorado.

— Desanimado é melhor? - A expressão dela é de pura inocência. — Sério, Gavi, o que você tem contra se divertir?

Um sorriso involuntário me escapa.

— Nada.

— Tá bom. Então o que você tem contra mim? - Desafia ela. — Toda vez que me aproximo, você foge.

Meu sorriso desaparece. Não deveria me surpreender que ela esteja me repreendendo em público. Nos vimos só duas vezes, mas foi o suficiente para eu saber que ela é do tipo que gosta de drama.

Odeio drama.

— Não tenho nada contra você. - Dou de ombros e me afasto do bar, pronto para fazer aquilo de que ela acabou de me acusar: fugir.

𝐒𝐄𝐍𝐒𝐀𝐂𝐀𝐎, pablo gaviOnde histórias criam vida. Descubra agora