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CAPÍTULO SEIS.
"a filha do técnico"
Maria Julia's point of view.

🏟️

— NÃO QUE EU ESTEJA RECLAMANDO... Vai por mim, acho ótimo não ter que pegar um Uber... Mas você sempre oferece carona pra garotas aleatórias em estacionamentos? - Pergunta Genevieve, alegre.

Solto uma gargalhada.

— Não. E não estou dando em cima de você. Quer dizer, você é linda e tal, mas gosto de homens...

— Rá. Eu também. Mas, mesmo que gostasse de mulher, você não faz meu tipo, Miss América.

— Errou completamente. Sou de Porto, Portugal. - Retruco, sorrindo, porque pelo tom dela sei que está brincando. — E não, não costumo falar com desconhecidos. - Decido ser honesta. — Só estou fazendo de tudo para não ir para casa.

— Hum, intrigante. Por quê? - Genevieve se ajeita no banco do carona, virando o corpo para me avaliar melhor. Posso sentir seus olhos perfurantes em mim.

Mantenho a atenção na estrada. É de mão dupla e as faixas são muito estreitas. Há uma camada de gelo no asfalto, então dirijo com cuidado. Já me envolvi em duas batidas pequenas na vida, ambas no inverno, quando eu não tinha espaço suficiente para frear.

— Me mudei faz uns dias. - Digo. — As outras pessoas da casa estavam fora da cidade. Tinham ido esquiar na França ou algo assim. Então estava sozinha. Mas hoje me mandaram uma mensagem dizendo que estão voltando. - Reprimo um calafrio. — Podem até já ter chegado.

— E daí? São um monte de babacas?

Um deles é.

— É uma longa história.

Genevieve ri.

— Somos desconhecidas presas num carro. Do que mais vamos falar? Do clima? E aí, por que você não gosta dessas meninas?

— Desses caras. - Corrijo.

— Hein?

— São homens. Três.

— Maravilha! Conta mais. São gostosos?

Não posso deixar de rir.

— Muito. Mas é meio complicado. Fiquei com um deles no Ano-Novo.

— Qual é o problema nisso?

— Foi um erro. - Mordo o lábio. — Eu estava a fim de outro, mas aí o ouvi falando mal de mim e fiquei chateada, então...

— Então se vingou beijando o cara que mora com ele. Entendi.

Não há julgamento no tom dela, mas fico na defensiva.

— Não foi por vingança. Foi... - Solto um ruído angustiado. — Na verdade, foi um beijo muito bom.

— Mas que você não teria dado se não estivesse com raiva do outro.

— Provavelmente não. - Admito, diminuindo a velocidade quando nos aproximamos de um sinal vermelho.

— O que ele falou de você? - Ela pergunta, curiosa.

𝐒𝐄𝐍𝐒𝐀𝐂𝐀𝐎, pablo gaviOnde histórias criam vida. Descubra agora