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Solar acordou após bater com a cabeça na janela do ônibus, estava balançando mais do que antes. Olhou para fora e percebeu que já havia chegado em seu destino, sua cidade natal onde a pista ainda era de pedra.
Estava feliz de poder voltar a cidade que morou antes de sua mãe falecer. Se mudou aos 12 anos para morar com seu pai após a morte de sua mãe e foi um momento difícil. Seu pai era um homem bom, mas não tinha tanta afinidade. Era grata, mas saiu de casas aos 18 anos e agora, já com 30, resolveu voltar a sua antiga cidade.

Era uma cidade pequena, mas bem turistada porque era bonita. Sua cultura e passado bem preservado.
Olhou para a colina iluminada pela a luz do dia, observou o casarão e ele continuava o mesmo. Dizem que ele se encontra ali desde quando a cidade foi fundada, há uns 200 anos. Apesar disso, não parecia envelhecer ou algo do tipo. Continuava ali esbanjando sua beleza e burguesia. Alguém ainda morava lá, estava feliz por isso.

Após descer na estação, Solar se dirigiu até o centro da cidade andando pela as ruas, algumas senhoras simpáticas a cumprimentavam com um sorriso amigável em seus rostos. Como a cidade era pequena, não demorou ao chegar no centro. Ainda tinha as chaves de sua antiga casa que nunca fora vendida. Se recusou a vender a casa, pois era o único bem de sua mãe e não quis se desfazer. Pelo menos agora tinha onde ficar.

Entrou na casa. O cheiro de móvel velho era forte, tinha teias de aranhas por todo canto e poeira também por cima das capas que cobriam os móveis da casa. Além disso, estava tudo do jeito que foi deixado quando tinha 12 anos. Lógico, teria que trocar algumas coisas, mas estava muito feliz por estar de volta. Ela amava aquela casa, amava aquela cidade e amava olhar de sua janela o casarão na colina imaginando como teriam sido a vida dos primeiros donos dela.

[...]

Tudo já estava quase limpo, olhou a hora em seu celular e viu que já passava das 16h e então se lembrou. Será que tinha água encanada?
Correu para o chuveiro e ligou o mesmo e pra sua surpresa, tinha. A primeira jorrada de água saiu um tanto suja por conta do chuveiro que tinha poeira, mas logo depois saiu água limpa e agradeceu por aquilo pois agora poderia tomar seu querido banho.

Após o banho, vestiu um shorts jeans claro, uma blusa branca e um tênis, arrumou seus fios negros e longos e fez uma maquiagem rápida. A casa ainda não tinha luz, iria resolver tudo isso amanhã.
Pegou seu celular e saiu de casa para dar uma volta, e como costumava se lembrar, a padaria ainda existia, a alfaiataria da senhora Kim também existia, mas não sabia se ainda era administrada por ela e várias outras lojas também, mas tinha uma nova, uma cafeteira grande e iluminada com o nome de "Coffe Flower". O nome era engraçado. Resolveu ir lá experimentar o café, estava bem movimentada então deveria ser bom.

Entrou e logo se dirigiu até o balcão para fazer seu pedido. Pediu um capuccino de chocolate e um croissant.

— É nova por aqui? — a garçonete lhe perguntou em um tom simpático. — Não parece ser turista, mas não parece ser daqui.

— É...mais ou menos. — sorriu sem jeito e a garçonete sorriu de volta interessada. — morei aqui quando eu era criança. Na rua 4.

— Ah sim! Voltou pra ficar?

— Eu acho que sim.

— Que ótimo! Então seja bem vinda de volta! — sorriu novamente de forma simpática — Prazer! Me chamo Ester!

— Prazer! Me chamo Solar.

— Solar, aqui estar o seu pedido. 6R$ do capuccino e 4R$ do croissant.

— Irei fazer o pix.

Ester lhe entregou o QRcode para que pudesse fazer a transferência. A mulher era simpática e bonita na opinião de Solar.
Agradeceu e olhou para um folheto colado na parede próximo no balcão e quando ia saindo, voltou para Ester.

— Estão pegando currículo?

— Sim, estamos. Você tem interesse na vaga? Bem...se tiver estará com sorte porque só vai ter você concorrendo.

— Isso é ótimo! Quando eu trago meu currículo?

— Bem... vem aqui comigo.

Não tinha mais ninguém na fila dos pedidos e se chegasse alguém, teria outro garçom pra atender os pedidos.
Acompanhou Ester até uma salinha e abriu a porta entrando e Solar entrou em seguida.

— Muito bem... Quantos anos?

— 30.

— Casada, noiva, viúva?

— Solteira. — Ester sorriu —

— Tem experiência?

— Eu já trabalhei como vendedora de loja, mas nunca fui garçonete ou algo do tipo, será que tem algum problema?

— Isso complica um pouco, mas se você aprender rápido vai se sair bem. O salário não é tão bom então não podemos exigir tanto. — Ester soltou uma risadinha e solar acompanhou nisso. — Ainda não experimentou o café. Experimenta e diz o que achou.

Solar concordou com a cabeça e tomou um pouco do capuccino. Era muito gostoso e agora entendeu porque era cheia.

— Está ótimo! E então sobre a vaga....

— É sua! — A mulher jogou os cabelos para trás e sorriu largo. Ela era bem sedutora. — Você começa amanhã! Pode ser?

— Amanhã eu tenho que resolver a questão da energia da minha casa... — falou um pouco sem jeito.

— Nós fechamos no horário de almoço. Fechamos às 11:30 e abrimos só às 16h até às 20h... Acha que esse tempo é suficiente?

— Sim! Muito obrigada!

A mulher apenas sorriu e se voltou para a porta caminhando para sair dali, Solar a acompanhou para fora sem muita pressa enquanto tomava seu café. A mulher em sua frente usava uma blusa social branca e uma calça jeans, nos pés um tênis da Nike e um avental por cima. Não tinha reparado antes, mas agora as mangas da blusa estavam um pouco levantadas e notou que a mulher tinha tatuagens no braço, Solar parecia interessada.

Ester continuava guiando a mulher e a levou até o outro funcionário que trabalhava ali. Ele era muito bonito, alto, um tanto musculoso, mas nada exagerado e também tinha tatuagens.

— Fellip, essa é a Solar. Vai começar a trabalhar conosco amanhã.

— Muito prazer, Solar! Vejo que já conheceu nossa gerente.

— Sim! Prazer em conhecer e obrigada por me aceitarem no time.

— Ela não tem experiência, Fellip, então vamos ter que ensinar a ela como preparar as coisas, tá bom?

— Sem problema!

Tudo estava indo bem até agora. Tinha chegado hoje na cidade e já tinha conseguido um emprego, isso era ótimo. Olhou em seu celular e o mesmo marcava 19:20PM, não queria ir pra casa agora pois estava sem energia lá, iria caminhar um pouco ainda.
A rua estava um pouco escura, tinha luz, mas estava fraca provavelmente queimando. Olhava seus pés enquanto caminhava até que sentiu uma mão em seu ombro, era fria, pode sentir por cima da blusa e aquilo a fez arrepiar.

— Com licença...

Solar virou em direção a pessoa. Era uma mulher alta, pálida e muito bem vestida. A encarava um tanto surpresa e confusa. Será que ela a conhecia? Mas não conseguia se lembrar, o rosto não era nada familiar. Com certeza ela não a conhecia.

— Pois não...como posso lhe ajudar?

A mulher mudou sua expressão. Agora estava desapontada e também parecia está aliviada. Negou vagamente com a cabeça.

— Desculpe! Acho que lhe confundi com alguém que eu conheço.

— Tudo bem. Não tem problema...

Sorriu simpática e deu de ombros voltando a caminhar. Mas a mão fria em seu ombro ainda podia ser sentida, será que ela estava apenas alucinando? Mas aqueles olhos penetrantes eram reais. Eram frios, tristes e penetrantes, podia sentir ele querendo saber todos os segredos da sua alma, eles pareciam ler toda sua alma.
Olhou para trás, mas não viu mais a mulher que há alguns segundos estava ali parada.

Melhor voltar pra casa.

𝙱𝙻𝙾𝙾𝙳 𝙾𝙵 𝙼𝙾𝙾𝙽 [+18] Moonsun G!PWhere stories live. Discover now