Episódio 5 - Uma Conversa Sobre Tempo e Civilizações

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"Areia, ruínas e memórias, isso é tudo que restou das grandes construções consumidas pelo tempo." Disse para o POD 000 em minha frente enquanto eu estava no terraço de um prédio enterrado na areia, o prédio foi coberto o suficiente de uma forma que apenas o terraço estava do lado de fora, então não foi problema algum subir até aqui.

Atualmente Devola, Popola, 11B e eu estávamos na área próxima ao portão de metal que bloqueia o caminho para o deserto. O motivo de estarmos aqui? Bem, Anemone não perdeu tempo em me dar um trabalho, ela pediu para eu entregar peças para Jackass, e agora mesmo Jackass estava fazendo algo com o portão. Pelo menos estou sendo pago.

Já Devola, Popola e 11B, cada uma estava ocupada fazendo algo, 11B estava ensinando Devola à como lutar usando uma espada, fiquei surpreso quando Devola tirou uma Claymore do nada, o treinamento consistia em lutar contra as máquinas da região, eu conseguia ouvir os sons de metal sendo cortado vindo de baixo, vi um braço de máquina sendo jogado para cima e depois caindo.

Popola estava com Jackass, não sei o que elas estavam fazendo, mas a julgar pelas risadas que eu conseguia ouvir, as duas estavam se dando bem.

"Vocês devem estar se perguntando o que quero dizer com isso. Olhe em volta." Disse enquanto abria meus braços e POD 001 gravava a área ao redor.

"Vocês já se perguntaram como esse lugar era antes de ser tomado pela areia? Eu já, mas infelizmente só podemos especular, afinal o tempo não é nada amigável." Andei em direção a porta que estava no terraço e a abri com um chute.

"Mas eu posso ajudar vocês a terem uma ideia." Desci pelas escadas e entrei no prédio, desci pelos andares até parar no último andar que ainda estava fora da areia, olhando por uma das janelas de vidro, vi 11B e Devola lutando contra máquinas.

"Imagine que você é um ser humano, não o ser humano moderno, mas o ser humano nômade, que caça sua comida e se preocupa com sua sobrevivência todos os dias. Você viaja pelo mundo em busca de um lugar onde você possa viver por um tempo, você precisa se adaptar à natureza ao seu redor..." Continuei andando até entrar em um apartamento.

"Mas chega o momento que não dá mais para se locomover, você não consegue mais encontrar um novo lugar para viver, então você precisa se estabelecer. O que você faz?" Fiz a pergunta para meus espectadores, mas não é como se alguém pudesse me responder no momento.

"Simples! Você explora a natureza ao seu redor, encontra o que ela tem a oferecer e interfere nela, por observação, tentativa e erro você aprende a plantar e a domesticar animais, com isso fica mais fácil conseguir alimentos, a população de sua tribo aumenta e deixa de ser uma tribo, e se torna uma sociedade complexa onde cada um tem seu papel. Mas o tempo leva tudo embora."

Disse enquanto observava uma foto numa moldura no apartamento.

"Tudo que você construiu e conquistou é esquecido, seus amigos, família, tudo é levado embora e as pessoas do futuro nem saberão que você existiu, isso até elas encontrarem as ruínas de sua civilização. Mas tem sido sempre assim não é mesmo?" Disse enquanto passava minha mão por uma mesa de jantar e esfregava a poeira entre meus dedos.

"Esse apartamento, por exemplo, em algum momento alguém viveu aqui. Uma família? Provavelmente sim. Vocês conseguem imaginar como eles eram? Uma família não precisa ser composta por pessoas ligadas pelo sangue, ela pode ser composta por pessoas próximas entre si, mas pelo bem do exemplo, suponhamos que a família que viveu aqui era composta por um pai, uma mãe, um filho e uma filha." Me sentei em uma cadeira em frente à mesa de jantar.

"Como eles se pareciam? O pai poderia ter cabelo loiro, preto, castanho, ruivo, poderia ser alto, baixo, gordo, magro, o mesmo vale para o resto da família. O que eles faziam? As crianças iam para a escola? Provavelmente sim. E seus pais? A mãe poderia ser uma médica, uma policial, uma engenheira, o pai poderia ser um empresário, um cientista, eles poderiam levar vidas felizes, ou não, a família poderia estar caindo aos pedaços no meio de um divórcio. Mas como vamos saber? Não restou muita coisa, não é mesmo?" Me levantei da mesa e olhei pela janela da sala, observando o deserto do lado de fora.

Nier Automata: Jornadas no 12° MilênioWhere stories live. Discover now