Intervalo 6 - O Que Não Faríamos Por Amor?

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Reino da Noite, Ano 4199

Eu me olhei no espelho do armário do banheiro, pensando se o que eu estava prestes a fazer era uma boa ideia. Ir embora, finalmente deixar essa cidade de lado e descobrir o que há do lado de fora.

Estou com medo, não faço ideia do que encontrarei, deixarei a segurança de um lugar familiar e irei em direção ao desconhecido. Eu deixarei um lugar com água, comida, abrigo e recursos garantidos e embarcarei no que basicamente é uma jornada.

Eu deixarei Novi para trás... Provavelmente não por muito tempo, se eu morrer no caminho, eu verei Novi novamente, se eu tiver sucesso, eu verei Novi novamente. Se isso tudo não passa de criações de minha mente e eu enlouqueci de vez... Bem... Só espero que no final minha mente mantenha essa loucura e me mostre o que quero ver.

"Você está pronto para ir?" Manah perguntou.

Sem tirar meus olhos do espelho, eu foquei na garotinha vestida de vermelho que estava ao lado da porta do banheiro, logo atrás de mim.

"Ainda não, seja paciente." Eu respondi.

"Claro, só não demore muito, nós temos um pacto, não temos? Eu cumprirei minha parte, mas apenas se você cumprir a sua." Manah respondeu, balançando de um lado para o outro com um grande sorriso em seu rosto.

Suspirando mentalmente, foquei em meu reflexo novamente. Hump! Pacto! Só posso ter enlouquecido, olhe para mim, fazendo pactos mágicos com alucinações. O quão baixo você caiu?

Fiz o meu melhor para me arrumar para a viagem, dando alguns passos para trás, eu verifiquei se tudo estava em ordem. Eu tomei um banho e fiz o meu melhor para cortar meus cabelos e fazer a barba e bigode.

Eu também usava roupas não muito diferentes das que peguei na loja quando acordei nessa cidade, felizmente, eu consegui encontrar uma loja semelhante.

Eu vestia um boné militar camuflado, uma camiseta manga longa preta, calças militares de cor preta e cheia de bolsos, botas militares pretas, luvas de couro marrom reforçado, um cinto de nylon com fivela de metal, joelheiras e cotoveleiras pretas e para finalizar, uma jaqueta com padrão camuflado semelhante ao boné.

Fora isso, havia os coldres para carregar minhas armas e munição.

Só faltava uma coisa, pendurado na gola de minha jaqueta, havia um par de óculos escuros, eu o pequei para esconder meus olhos. Não sei se foi devido à bebida, falta de sono e o quanto chorei recentemente, mas meus olhos estavam vermelhos, mais vermelhos do que eu esperava.

Coloquei os óculos e voltei a me encarar no espelho, passei alguns segundos em silêncio antes de sorrir hesitantemente e fazer uma pose com os indicadores de ambas às mãos apontadas para meu reflexo e polegares levantados.

Permaneci assim por um tempo, antes do canto de minha boca começar a tremer, seguido de meus braços, o tremor ficou cada vez maior, eu consegui ouvir meus dentes rangendo. Eu tremia tanto ao ponto de não conseguir manter a pose.

Meu Deus eu estou horrível!

"AAAHHH!" Com um grito de raiva eu agarrei os lados do armário do banheiro e o arranquei da parede, os parafusos enferrujados rangeram audivelmente, enquanto os azulejos da parede rachavam e quebravam com estalos altos, caindo no chão logo em seguida.

Sem pensar, arremessei o armário para o outro lado do banheiro, onde ele colidiu com a parede com força, deixando uma série de rachaduras no azulejo, o espelho do armário se quebrou, espalhando uma chuva de cacos no chão.

Respirando pesadamente, procurei outra coisa para descontar minha raiva, agarrei a torneira e a arranquei da pia, usando-a como porrete para quebrar a porcelana da pia, com uma série de gritos de raiva, eu reduzi a pia a um monte de pedaços.

Nier Automata: Jornadas no 12° MilênioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora