— Jeon Jungkook é insuportável!!! Ele deve ser o artista mais superestimado de toda a história, de todos os tempos! É tão medíocre que ele tenha se tornado tão popular, não faz nenhum sentido!
— Que absurdo dizer essas coisas, Jin-ra! Só por que ele é trans?!
— O quê? Não! É porque ele é chato pra cacete, mesmo!
Park Jimin não esperava aquele tipo de diálogo entre dois membros uniformizados da staff passando pela entrada do prédio da Galaxy, a empresa de entretenimento e música aonde deixou seu currículo e finalmente foi chamado para uma entrevista.
O rapaz de cabelos desbotados trocou o peso do pé enquanto aguardava ser atendido pela recepcionista, com a pasta dos seus documentos em mãos: estavam com uma demanda tão urgente que foi pedido que já levasse o que precisava para ser contratado, caso ficasse com o emprego.
Achou estranho tanta necessidade de pessoal em uma empresa de idols tão grande, mas estava com dívidas até o pescoço pela faculdade de Arquitetura que sequer terminou de cursar, e o aluguel também estava atrasado, então não poderia se dar ao luxo de selecionar trabalho.
Trocou o peso dos pés e aguardou em pé, pacientemente — porém nem tanto — a pessoa à sua frente sair.
Na entrada, já era possível ver os milhares de pôsteres e discos premiados em diversas paredes: a Galaxy possuía bons contratos, em sua maioria com boygroups, mas havia um artista solo em especial: Jeon Jungkook era capaz de desbancar qualquer grupo musical com seu sucesso, e por isso era ele o rosto principal estampado pelos corredores e acima da cabeça da recepcionista, na parede.
Quando a pessoa à sua frente saiu do balcão decorado com desenhos de estrelas, a mulher o chamou para se aproximar.
— Boa tarde! — a recepcionista de cabelos presos sorriu e Jimin se curvou rapidamente.
— Olá, eu vim para a entrevista da staff.
— Oh, só um momento. — procurou por algo no seu computador escondido no balcão. — Você vai entrar nesse corredor à direita e pegar o elevador, é no andar 4 e a sala é 405. Boa sorte!
— Muito obrigado. — Deu seu melhor sorriso e seguiu o caminho indicado.
O envelope branco era segurado com mais força que o necessário pela ansiedade e ele se arrependeu de ter saído de casa com uma jaqueta cor-de-rosa e uma calça jeans grossa e justa, pois começou a sentir calor devido ao nervosismo.
Quando entrou no elevador, ouviu passos apressados e um homem aproveitou a viagem: cabelos bagunçados, crachá, todo vestido de preto, usando um fone de ouvido desajeitado com o microfone ao alcance da boca e uma pasta na mão, com certeza era alguém da staff.
— Se eles errarem no pedido mais uma vez, o pessoal vai cobrar uma multa e Jungkook vai expor o que aconteceu de novo, e vocês lembram o tanto de seguidores que perderam depois que ele fez isso!
A curiosidade fez Jimin esticar o pescoço o mais discreto possível, a fim de ver o nome do crachá:
Kim Taehyung.
O coração ficou mais acelerado do que antes. Estava dividindo o elevador com o assistente pessoal de Jeon Jungkook! A palavra de Taehyung era lei na ausência do artista, ele era seus olhos e ouvidos e todos os encontros, shows, programações oficiais e até não-oficiais contavam com a sua presença.
No início da carreira, chegara até a existir um rumor de que viviam um relacionamento secreto, mas quando descobriram que o assistente era hétero, ninguém mais ousou falar sobre aquilo.
Um homem hétero nunca ficaria com um homem trans, e todos já compreendiam bem isso.
Taehyung ficou em silêncio por alguns segundos enquanto mexia no celular, até abrir uma conversa, guardar o aparelho e voltar a falar no microfone.
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Supernovacane | Jikook
FanfictionTransgeneridade | Hipocondria Os holofotes fazem parte da vida de Jeon Jungkook desde que recebeu as honras de se tornar o primeiro ídolo musical transmasculino da Coreia do Sul. Contudo, ao mesmo tempo em que se tornou o artista mais queridinho dos...