† Prólogo †

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A morte pode ser rápida dependendo da situação em que ela foi causada, mas às vezes também pode ser lenta e tortuosa, definhando lentamente o ser humano, ao ponto de fazê-lo sentir-se cada dia mais enfraquecido e debilitado.

Este era o caso de Jeon Jeongguk, um belo jovem de apenas 19 anos e que encontrava-se no fim dos seus últimos dias, apenas respirando com a ajuda dos aparelhos que ainda sustentavam o seu oxigênio nos pulmões.

O acidente que sofreu com toda a família dentro do carro deixou várias sequelas e problemas para o seu corpo. Tendo perfurado o pulmão esquerdo com as fraturas das três costelas quebradas, passado por uma cirurgia ao quase ter uma hemorragia com a perda de sangue em abundância pelo fato de ter atravessado a janela do carro e ter parte do caminhão que causou o acidente fincado em sua região abdominal.

Era o seu fim, pois há um mês conseguiu suportar bem todas as dores, sendo mantido em analgésicos que o fizessem dormir por dias e tendo que ser alimentado por sondas para que pudesse ao menos ingerir alimentos, mesmo que fossem líquidos dado por uma seringa que passava pela mangueira conectada à sonda.

Jeongguk não lutava mais pela sua vida, não como tentou na primeira semana, mesmo assim o irmão mais velho, mais um dos sobreviventes do acidente e que teve apenas ferimentos menos brutais, tentava a todo custo manter a estadia do Jeon caçula com as suas economias no hospital, recebendo o tratamento mesmo que não pudesse ser salvo, porque não queria perder mais um membro de sua família.

Poderia soar egoísta o que Jeon Junghyun estava fazendo, mantendo o irmão em coma, sofrendo com todos aqueles aparelhos conectados ao seu corpo, tendo que viver a base de analgésicos e comida líquida para continuar firme, mas lá no fundo Junghyun sabia que não havia mais esperanças e que o certo era simplesmente pedir para os médicos desligar todos os aparelhos, deixando Jeongguk partir do que mantê-lo sofrendo por mais um dia sequer.

Seria dolorido e muito difícil, mas Junghyun não poderia mais viver vendo o irmão naquela cama hospitalar e nem mesmo sofrendo com todo o seu corpo danificado, sabendo que cada dia que passa não tem uma melhora sequer e nem mesmo possui a chance de Jeongguk reagir, já que os órgãos estavam começando a parar, sendo mantidos apenas pelo oxigênio que recebia para manter-se vivo e com o coração pulsando, mesmo que com batimentos lentos.

Foi na noite que a data jazia: 26/05/2021 que Jeon Junghyun tomou a decisão de se despedir do seu irmão, com as lágrimas nos olhos e pedindo perdão por estar fazendo isso, explicando que já tinha explicado aos médicos e que lhe foi autorizado fazer o que pretendia fazer.

E então Jeon Junghyun se aproximou da cama hospitalar, segurou na mão pálida do irmão caçula e com a canhota ele simplesmente desligou todos os aparelhos que estavam conectados ao corpo do menor, novamente pedindo perdão e implorando para que Jeongguk não o odiasse por tomar essa decisão, pois era horrível ver alguém que mais ama e que lhe restou na vida sofrendo todos os dias por puro orgulho, um capricho para não ter que ficar sozinho.

Naquela mesma noite em que Jeon Junghyun desligou os aparelhos, se despedindo uma última vez do seu irmão e se retirando do quarto 235, que Jeongguk recebeu em seus sonhos no coma a visita de um belo homem e atrás dele era possível ver as suas lindas asas negras.

“ — Você quer ser salvo mesmo sabendo que poderá haver as consequências e que será eternamente meu servo? ”

Essa foi a pergunta do homem com asas negras e Jeongguk sabendo que poderia muito bem entregar-se ao seu destino, aceitando o seu fim maldito, ele não pensou em mais nada se não estar ao lado do irmão novamente, por isso a sua resposta foi vaga e simples.

“ —Sim. ”

Mal sabia Jeon Jeongguk que a sua vida estava prestes a mudar e que poderia enfim conhecer o lado mais obscuro que o preço da vida poderia custar.





O preço da vida [ Taekook ]Where stories live. Discover now