Numb

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“ Você não consegue ver que está me sufocando?
Segurando forte demais, com medo de perder o controle
Porque tudo que você pensou que eu poderia ser
Desmoronou bem na sua frente;

Linkin Park ”


O cemitério parecia um lugar tão frio e cheio dos remorsos daqueles que já partiram, não tendo a chance de se arrepender ou que desperdiçaram essa oportunidade em vida.

Jeongguk encarava o local com uma sensação de pesar, como se pudesse sentir todo o ressentimento daqueles que vivem no mundo espiritual, como se pudesse ouvir os lamentos e até mesmo os pedidos de socorro, ajuda ou até mesmo as vozes de vingança contra outros seres humanos.

Era uma sensação ruim, mas ele precisava ser forte se desejasse continuar seguindo em frente e por isso buscou uma coragem que era inexistente, tomando a frente ao entrar no cemitério e caminhar pelo corredor da entrada principal segurando um buquê de lírios brancos, já que a flor carregava o significado daquilo que precisava fazer para poder viver em paz e sem os seus pesadelos frequentes com o dia do acidente.

Já nas mãos de Taehyung estava o outro buquê de lírios do vale que Jeongguk deixaria sobre as lápides dos pais. Foi a pedido do menor que o Anjo estava ali naquele local, acompanhando Jeongguk e tendo que suportar a sua indiferença quanto ao cemitério, já que infelizmente pensava ser o destino de todo ser humano, seja bom ou ruim, puro ou podre, era ali o fim de tudo e todos.

Taehyung não se importava com o local e nem mesmo a energia que ele passava, porque não tinha o que sentir, nem mesmo tinha o que fazer ou pensar. Acreditava que esse era o lugar onde todos um dia chegariam e não existia mais uma estrada de volta, então ali estava o que costumamos dizer, toda a população que um dia viveu, seja sendo bom ou ruim, não era importante, já que um dia quase chegou ao mesmo lugar se não tivesse sido “salvo”.

Enquanto andavam, cruzando com vários dos corredores, Jeongguk suspirou e se encolheu dentro do seu casaco preto, pois o dia amanheceu frio e nublado, como se soubessem que este dia chegaria e que o menor estaria dando os seus passos ali dentro do cemitério, procurando pelas lápides dos pais.

— Você sabe onde eles estão? — perguntou o moreno, abraçando levemente o buquê de lírios brancos, levando a sua atenção para o Kim que estava impassível.

— Vamos. — chamou Taehyung, tomando a frente, mas não sem antes segurar na mão de Jeongguk, pois tinha notado a presença de alguns espíritos ruins no local e ele deveria proteger o seu pacto para que nenhum desses espíritos pudessem se aproximar. — Fique ao meu lado sempre.

Concordando com um aceno de cabeça, Jeongguk ficou ao lado de Taehyung, encarando as mãos deles juntas e suspirou profundamente.

Não queria se deixar levar pelos pensamentos que passou a se construir na sua mente, mas às vezes era impossível conter-se, ainda mais quando Taehyung parecia sempre agir como se precisasse a todo custo lhe proteger e também cuidar do seu bem-estar.

Sendo guiado pelo Anjo Negro, Jeongguk apenas seguia os passos dele pelos vários corredores do cemitério, seguindo pela direita, depois reto e depois esquerda. Jeongguk não deixava de observar todo o local, relembrando a noite fria daquele acidente que tirou a vida das duas pessoas mais importantes e significativas na sua trajetória.

[ ♱ Flashback on ♱ ]

A estrada que o carro da família Jeon seguia o percurso estava pouco movimentada, vez ou outra se via algum veículo, seja carro ou caminhão.

Toda a viagem estava sendo feita tranquilamente, estavam voltando do incrível final de semana que passaram na praia, mas o senhor Jeon parecia não estar gostando do que ouvia na ligação do filho mais velho, pois infelizmente não aceitava o fato dele ser bissexual.

O preço da vida [ Taekook ]Where stories live. Discover now