Dream Of You (Nosh)

Am I crazy?

Na hora do intervalo, Camila me fez sentar com ela e me explicou a dinâmica da escola, onde havia os populares (como em toda escola) e que ninguém se atrevia chegar perto deles sem serem convidados.

A garota me explicava que ela tinha alguns amigos, mas que eles sempre faltam o primeiro dia de aula, mas que amanhã eu conheceria eles. Eu, timidamente, perguntei porque ela está me incluindo nas coisas e ela respondeu que faz isso com todos que chegam na escola, mas que nem sempre todos a seguem. Os outros amigos dela, também foi dessa forma e ela disse que sente que todos nós seremos ótimos amigos.

Isso é novo para mim, mas fico feliz e me sinto incluído pela primeira vez em algo.

Estava terminando meu prato quando algumas risadas altas me chamaram atenção e vieram da mesa dos populares. Quando passo a observar eles, um garoto de cabelos castanhos, com a jaqueta de time de futebol que meu pai é treinador, passa correndo e chama minha atenção. Não consegui ver o rosto dele, mas os cabelos me lembravam do garoto que eu sonho.

Eu realmente preciso dormir um pouco, ou meu cérebro vai começar a comparar qualquer cara de cabelo castanho com o meu garoto.

— Nem todos ali são ruins. — Camila comenta, quando nota para onde estou olhando. — Claro que Cameron é o líder e ele influencia todos os outros, mas Alysson e Noah são os mais gentis ali.

Não sei quem são essas pessoas, mas desconfio que não vai demorar para eu descobrir quem são, levando em conta que eles são populares.

O intervalo acaba e nós nos separamos porque tínhamos aulas separadas. Eu teria química e eu costumo odiar essa matéria por ser em dupla, e as pessoas nunca queriam fazer comigo. Dessa vez, eu poderia fazer com Camila, mas não fazemos essa aula juntos, então aconteceria tudo de novo.

Eu tinha escolhido uma mesa afastada, novamente, quando eu vejo o mesmo garoto da cantina entrando. Ele procura uma mesa livre, até virar o rosto para mim e caminhar na minha direção. E foi então que eu pensei que estava louco. Mais louco que o normal.

Era o garoto dos meus sonhos!

Ele virou real?

Que porra tá acontecendo?

— Posso sentar aqui? — Pergunta, com a voz rouca. Me belisco, para ver se estava sonhando e não, eu estava bem acordado. Meu sonho tá falando comigo! — Olá? — Balançava as mãos em frente ao meu rosto e eu tenho um surto, simplesmente saindo correndo dali.

O que acabou de acontecer?

(...)

Eu matei a aula de química no banheiro. Eu tinha certeza que meu cérebro estava me pregando uma peça. O garoto dos meus sonhos só existe nos meus sonhos, não na vida real.

Assim que o sinal bateu, indicando o fim das aulas, eu saio do banheiro, encontrando com Camila no corredor. Obviamente não irei contar o que aconteceu para ela, porque é doido eu sonhar com uma pessoa por anos, ser apaixonado por essa imagem e agora pensar ter visto essa pessoa na vida real. Ela pararia de me incluir nas coisas no mesmo minuto.

— Literatura estava tão chato. — Ela reclamava. — A professora pediu uma redação sobre como havia sido nossas férias. Odeio quando eles fingem se importar com o que acontece na vida dos alunos.

Eu andava do lado dela, meio atordoado e em direção ao campo, onde meu pai estava treinando o time. Camila estava andando comigo e eu não sei porque ela estava me seguindo, já que as aulas acabaram e ela pode ir para casa.

— Você não vai para casa? — Pergunto.

— Preguiça! — Sorri. — Quero conhecer um pouco mais do meu novo amigo.

Espero que ela não tenha outras intenções comigo, porque nunca aconteceu de eu precisar dar um fora em alguém e não faço ideia de como fazer isso.

— Onde estamos indo?

— Ao campo! Meu pai é treinador do time.

— Ah, sim! Eu soube que ia ter um treinador novo. — Coloca a mão sobre os olhos, fazendo sombra para enxergar algo. — Talvez isso te faça popular, porque várias pessoas daquele grupo fazem futebol. Menos o Cameron, porque ele odeia essas coisas. Acho que até é melhor sem ele mesmo.

Quando chegamos no campo, aceno para meu pai que acena de volta com a cabeça. Eu e ela nos sentamos perto da arquibancada, onde tinha água também e proteção do sol.

— Me passa seu número, vou adicionar você no nosso grupo. — Camila pede e eu pego o celular dela para digitar meu número. — Ah, que fique claro que não tenho nenhum interesse em você. Claramente você é gay!

— Como você sabe? — Pergunto surpreso, entregando o celular de volta para ela. 

— Bom… Eu acho que senti. — Dá de ombros.

Viro meu olhar para o campo, vendo o time. Não gosto de futebol, mas eu sei todas as regras por causa do meu pai. 

Inclusive, no momento ele se apresentava e eu tirei desse momento para observar os integrantes do time. Ah, qual é? Eu sou gay e estou no paraíso com homens bonitos que usam shorts curtos que mostram metade da coxa.

Passava os olhos pelo time quando vejo ele. Novamente! Não pode ser! Meu cérebro está fazendo de novo.

— O que foi? — Camila pergunta, ao me notar estranho. — Conhece Noah?

Noah? 

— An? Não! Quem é Noah? — Me viro para ela, tentando entender, ao mesmo tempo que quero fazer com que meu cérebro para de associar o meu garoto com essas pessoas daqui.

— O garoto que está olhando para cá nesse exato momento. — Volto a olhar para o campo e quem olhava para nós era o garoto dos meus sonhos.

Ou o cara que tinha o mesmo rosto do garoto dos meus sonhos.

Eu tô maluco!