Soccer match day

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Os dias passaram e o sábado chegou. Sábado esse que eu pensei que descansaria dessa loucura em casa, mas infelizmente não foi como eu pensei.

Era o dia do jogo do time e como meu pai é o treinador, minha mãe obrigou eu e Jaden a irmos. Para dar apoio. Então, em pleno sábado à noite, estou indo para a escola.

Camila, Kevin e Sam também iriam, então combinamos de nos encontrarmos, porque pelo menos poderia me distrair com eles. Isso se eu não tivesse descoberto que eles são torcedores, já que a garota e Kevin usavam camisas do time da escola e estavam até com o rosto pintado.

— Seu pai é treinador e você não tá usando nem as cores do time? — Kevin pergunta indignado, assim que encontro eles na entrada da escola.

— Não curto muito futebol. — Digo e eles reviram os olhos.

— Vai ter que começar a gostar, porque seu pai é treinador e seu futuro namorado é jogador. — Arregalo os olhos pela fala da Camila.

— Futuro namorado? — Meu irmão pergunta, porque ele estava junto. Por sorte, minha mãe não estava, porque senão ela também questionaria e eu não sei qual seria a reação dela.

Sou assumido, mas eles não aceitam bem.

— A Camila só fala besteira. — Respondo por ela. — Inclusive, esse é o meu irmão, Jaden. Esses são meus amigos, Camila, Kevin e Sam. — Apresento eles e meu irmão, como o aspirante a vereador que é, começa a conversar horrores com Sam, como se conhecesse ele há anos.

Estávamos indo em direção às arquibancadas, quando Camila me puxa para um canto. — Eu tenho glitter na bolsa, vou te fazer ficar gato. — Diz.

— Mas… — Cerra os olhos para mim e eu me calo, aceitando o que ela for fazer.

A loira falsificada tira um pote de tinta e glitter vermelho da bolsa, passando no meu rosto. Sentia que ela desenhava algo, mas eu não sabia o que era. — Prontinho! — Tira um espelho da bolsa e me mostra o resultado.

Na minha bochecha estava escrito o número 7 e no outro um coração. — Sete?

— O número da camiseta do Noah. — Arregalo os olhos.

— Camila! Eu não posso aparecer pintado assim. Vão pensar que nós temos algo.

— Vocês só não tem algo porque você não quer. Na verdade, você até quer porque ele é igual ao cara que você é apaixonado, mas você está com medo. — Olho para baixo. — É só um número! A maioria das pessoas aqui está com algum número no bochecha. 

Assinto, seguindo ela para as arquibancadas. Me sentei ao lado de Sam, que notou o número, mas não comentou nada. Ele sabe como a garota é e não adianta contrariar ela, percebi isso em cinco dias de amizade.

Vejo algumas pessoas me encarando, pelo número na minha bochecha. Eu sei que isso vai virar uma fofoca gigante e eu não queria estar na boca deles. Só que Noah é popular, então de qualquer forma vão fazer fofoca.

— Eu vou ao banheiro. — Digo e me levanto, indo até dentro da escola. Eu queria sumir por um instante.

No banheiro, tento tirar o número da minha bochecha, mas só saia o glitter. Ouço a porta abrindo e alguém entrando, mas eu estava ocupado demais para dar atenção.

— Você veio! — Era Noah, que sorria para o meu reflexo no espelho. — Sete? É o meu número! — Vira de costas para mim e me mostra o número na camiseta. — Por que você está tirando?

Se eu disser o porquê, ele vai ficar triste e eu não quero imaginar ele triste, porque é como imaginar o meu garoto triste.

— Eu não sabia que era seu número. — Minto, me virando para ele. — Camila que desenhou…

— Você podia deixar! — Se aproxima de mim e os dedos dele tocam minha bochecha, contornando o sete. — Eu gostaria muito que você torcesse por mim, mesmo que eu estou no banco e talvez nem jogue. — Olha para os meus olhos. — Significa muito para mim! 

Engulo em seco, respirando fundo e me afastando do toque e olhar dele. Meu interior queimava e meu coração batia tão forte que eu fiquei assustado.

— Eu vou deixar, então. — Decido, querendo fugir. — O jogo não vai começar? Você devia voltar para lá!

— Você não vai dar nenhum beijinho de boa sorte? — Sinto meu rosto quente, mas eu não consigo negar, então me aproximo e deixo um beijo na bochecha dele, saindo do banheiro em seguida, sem dar chance dele reclamar por não ter sido em outro lugar.

Mesmo que eu estivesse com vergonha, o sorriso bobo estava no meu rosto, me fazendo querer me socar.

(...)

O jogo correu tranquilamente e ganhamos o primeiro tempo de 1x0. No segundo tempo, o time adversário conseguiu empatar e eu via o desespero do meu pai da arquibancada. Ele fala algo com os reservas e logo vejo Noah se preparando para entrar.

Um dos jogadores sai e Noah entra, correndo até a posição daquele jogador. — Ainda bem que seu pai colocou o Noah, porque ele é o melhor jogador. — Kevin comenta. 

O segundo tempo seguiu e apesar de ter tido várias chances, nossa escola não conseguia marcar nenhum gol. Até eu que não curto futebol estava aflito. Jaden, que também não gosta, estava da mesma forma, berrando junto com a torcida para incentivar.

Até que derrubam Noah, na área do gol. No mesmo momento fico preocupado, enquanto os outros comemoram porque será pênalti. Mas e se ele se machucou? Ninguém tá pensando nisso?

— Por que ninguém tá preocupado com o Noah? — Pergunto para Camila.

— Porque é assim. — Responde.

Mas Noah estava bem, porque logo estava de pé e se preparando para cobrar a falta. Toda a torcida fica em silêncio, tensa e ansiosa pelo gol. O garoto em campo olha para os lados, até os olhos dele encontrarem o meu e ele sorrir, então voltando a atenção para o gol.

Quando o juiz apita, ele chuta e a bola vai no canto do gol, onde o goleiro nem alcança, entrando na rede. E então todo mundo comemora.

Camila e Sam me abraçam um de cada lado, pulando junto comigo. Ouço os gritos do meu irmão em comemoração e vejo meu pai lá embaixo comemorando do jeito dele.

E então, o jogo acaba. A gente ganhando de 2x1.

— A gente ganhou! — Camila gritava. — Você é o amuleto!

— Que amuleto, garota?

— Amuleto do Noah. — Diz. — Ele tava procurando você antes de fazer o gol.

— Deixa de ser doida! — Ignoro minhas batidas do coração e saio da arquibancada com os meus amigos.

Estava conversando com eles, que queriam ir comemorar em uma lanchonete. Jaden queria ir, então não vi mal em aceitar. 

— Com licença! — Uma garota, com uniforme de líder de torcida, me para. — Você e Noah estão namorando? — Aponta para mim.

— Não. — Respondo. 

— E esse número?

— Ué, eles são amigos! Qual o problema do Josh colocar o número dele no rosto? Eu hein! Vai caçar o que fazer e deixa a gente em paz. — Kevin responde ela, puxando meu braço para longe dela. — Odeio líderes de torcida! 

Era isso que eu não queria, ser motivo de fofoca. Tenho certeza que ela não acreditou no Kevin e segunda-feira todos vão achar que eu e ele temos algo.

Dream Of You (Nosh)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon