Homophobia

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Sábado, mais um dia de jogo. Três semanas depois da última vitória deles, onde eu beijei Noah e depois fugi. 

Eu pedi para o meu pai, para eu ser auxiliar dele no jogo. Obviamente ele estranhou muito e quis saber o porquê, então eu me abri para o meu pai, ocultando a parte dos sonhos porque não quero ser internado por ele.

Mas eu disse que estava gostando de Noah e que nós tivemos algo, mas eu fugi por medo. Disse também, sobre como me sinto em relação a eles, de que eu não era aceito por causa da minha sexualidade. Disse que, às vezes, me sentia deslocado ali e que não me sentia amado por eles.

Foi então que as coisas na minha família mudaram. Meu pai entendeu e passou a tentar se inteirar do que acontecia na minha vida, assim como minha mãe. Os dois me perguntam sobre como tem sido meu dia, me elogiam e até pesquisaram mais sobre a comunidade LGBTQI, como uma forma de participar do meu mundo.

Claro que às vezes tem aquelas discussões bobas de que Hóquei é melhor que futebol, onde meu irmão entra no meio, mas acaba sendo mais uma brincadeira entre nós.

Dessa vez, eu me sinto acolhido com eles. Claro, eu sei que é difícil eles entenderem certas coisas, mas só o fato deles procurarem participar da minha vida e serem mais carinhosos, já vale por tudo.

Voltando… Serei auxiliar do meu pai no jogo. Insisti para ele colocar Noah como jogador e não reserva, mas ele mesmo já ia fazer isso. E agora, eu tinha que cumprir o resto do meu plano.

Todo o time estava se preparando no vestiário, eu estava ali, junto com o meu pai. Alguns deles olhavam torto para mim, mas eu não estava ligando para isso porque meu objetivo aqui é outro.

— Eu sei que a vitória não é tudo e que está tudo bem perdermos. Mas eu não quero que vocês entrem com esse pensamento lá no campo. Eu quero que vocês pensem que são vitoriosos e deem o seu melhor. — Meu pai falava, incentivando o time.

Eu estava ao lado dele, de frente para Noah, que as vezes olhava para mim, mas quando eu pegava no flagra, desviava. Não sei se ele estava com vergonha, triste ou respeitando o limite que eu estabeleci.

— Preparados? — Todos gritam sim. — Estão liberados. Vocês tem 15 minutos até entrarem em campo, não sumam! — Todos assentem e a roda se dispersa.

Essa é a minha hora!

Olho para o meu pai, que assente com a cabeça, meio que me incentivando e eu vou atrás do Noah, onde eu vi ele indo. Ele estava no banheiro daquela outra vez e molhava o rosto, talvez seja um ritual dele para o jogo, mas era fofo como ele parecia concentrado.

Assim que ele levanta o rosto e abre os olhos, me vendo pelo espelho, leva um susto, se virando no mesmo minuto para mim. — Josh?

— Oi, Noah! — Sorrio e ele parece confuso. — Ansioso para o jogo?

— Sim… — Responde vagamente e olha para os lados, logo voltando a olhar para mim. — Desculpa, mas o que você está fazendo aqui? 

— Eu vim desejar boa sorte para você. — Noah franze o cenho. — Tipo assim, no último jogo funcionou. — Me aproximo dele, que não se afasta. Sinal que ele não desistiu e só está me respeitando mesmo. — Talvez… Funcione de novo.

— Ahn… Obrigado! — Diz, olhando para todo o meu rosto, porque eu estava bem próximo dele. — Josh… — Suspira. — Se você continuar perto assim, eu não vou conseguir me manter mais afastado de você, como você quer. 

— E se eu não quiser mais? — Pergunto, me aproximando mais ainda. Nossos narizes já se tocavam e nossas respirações se misturavam. — E se eu quiser que você fique próximo?

Dream Of You (Nosh)Where stories live. Discover now