capítulo quatro: familiar

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Aria não sabia exatamente quando começou a acordar todos os dias no meio da noite

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Aria não sabia exatamente quando começou a acordar todos os dias no meio da noite.

Seu olhar procurava por sua irmã no escuro, e ela sempre estava ali. No momento em que Aria se sentasse na cama, tomada pelos pensamentos que a fizeram despertar na madrugada, Miriam estava acordando, como se fosse programada para levantar em momentos como aquele. A vida que elas levavam as obrigaram a ter sono leve. E o medo era o melhor mecanismo de defesa.

Naquela noite, Miriam não estava lá.

Um som ecoou no corredor. Tão sutil, que Aria não conseguiu confirmar se havia sido real ou apenas sua imaginação.

Pôde sentir uma paranoia lentamente a atingir. Estava congelada na sua cama, envolvida em seus cobertores quentes com o ar frio invadindo o quarto. A janela estava aberta e sem nenhum sinal de Miriam. O terror apertou seu peito. Não havia como elas terem sido descobertas, depois de tanto tempo. Todo o esforço e sacrifício, não serviram para nada? Haviam sido tão descuidadas assim? Algo estava acontecendo e não seria estranho se estivesse. Após tudo que Aria e Miriam fizeram, alguém as ter procurado por vingança era algo que ambas esperavam, mesmo que ninguém ousasse confirmar aquilo em voz alta.

Aria começou a se mover, ainda hesitante do que faria. Suas mãos rastejaram até a maçaneta. Com um rangido baixo, a porta se abriu, a luz fraca do corredor iluminou um vulto distorcido no final da entrada.

– Miriam? – ela sussurrou, a voz saiu falha e trêmula.

Seus olhos estavam fixos no vulto. O suspense se tornou insuportável.

– Miriam? – chamou novamente, o medo entalado na sua garganta.

A pessoa se moveu e ela torceu para que fosse sua irmã.

A cada passo dado, Aria retrocedia um passo adicional, recuando o seu corpo para dentro do quarto. A escuridão dificultava sua visão, tornando impossível decifrar o que estava acontecendo.

Quando a figura se tornou uma silhueta visível, seus sentidos se acalmaram.

Sua irmã apertou os passos, se aproximando. Ela colocou as mãos nos ombros de Aria e a encarou profundamente.

– Que merda... é essa? – Aria teve dificuldades em pronunciar as palavras, sentindo dificuldade em respirar devido ao susto.

– Nos encontraram, temos que ir embora – Miriam disse, firme. Ela olhou ao seu redor, um misto de preocupação e pressa atravessando seu olhar. A garota dois anos mais velha a puxou pelo braço. – Quando sairmos, vamos correr, ok? Iremos para o clube, alguma das garotas podem nos ajudar.

Aria assentiu, aflita.

Ela seguiu a irmã, silenciosamente. Uma batida de desespero palpitava em seus ouvidos, enquanto elas andavam pelos corredores da casa de tijolos vermelhos. Nenhuma parede era coberta de concreto. A casa era apertada, quase sem espaço para caminhar da porta à janela. Aria não tinha ideia de quem havia construído aqueles muros. Talvez tenha sido sua própria mãe, ou quem sabe sua família tenha tomado posse do local durante os tempos turbulentos de Elostralia, onde pessoas como ela e sua família lutavam para sobreviver nas encostas próximas ao centro da Cidade Pacífica, formando uma pequena comunidade carente.

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