capítulo sete: fazenda

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Um dia após a morte de seu pai, Nathaniel saiu de casa sem realmente saber para onde ir

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Um dia após a morte de seu pai, Nathaniel saiu de casa sem realmente saber para onde ir. Ele estava familiarizado com as ruas próximas à sua residência, um bairro superlotado com vizinhos barulhentos. Tinha muitas árvores, como se alguém um dia tivesse resolvido plantar compulsivamente e deixado os problemas para os moradores futuros. As calçadas estavam manchadas de fezes brancas dos milhares de pássaros que criavam ninhos na pequena floresta que a rua mantinha. Nate sempre andava longe da calçada. Não queria correr o risco de ser atingido pelas necessidades dos animais.

Na esquina da sua casa, uma padaria recebia pedidos de clientes apressados. Três pessoas de uniforme andavam entre os clientes e as cadeiras, anotando pedidos e os entregando logo em seguida. O peito de Nate doeu. Seu pai gostava de ir ali. Reclamava do atendimento ruim, mas sempre que tinha a chance retornava do local com pães quentes e frescos para toda a família. Nate se sentiu desolado mais uma vez. Uma queimação ardente subiu por sua garganta. Ele sentiu o choro se aproximar como uma avalanche.

Infarto. Nate se sentia atordoado toda vez que as memórias do dia anterior apareciam na sua mente. Em um mundo apocalíptico, cheio de pessoas doentes e monstruosas, seu pai, que sobreviveu à catástrofe mundial, resolveu morrer de infarto. Não era justo. Não fazia sentido. Seu coração suportou as tragédias, os medos e a adrenalina por tanto tempo. Como poderia ter enfraquecido daquela forma? Nate não queria acreditar.

Também não queria voltar para casa. Encarar sua mãe, e seus irmãos mais novos que ainda não entendiam completamente a situação. Mas era seu dever. Já fazia algum tempo desde que sua personalidade era de ser um adolescente rebelde. Naquele ponto, apenas traria mais dor e sofrimento dentro de uma casa dependente do homem que se foi. Nate não queria carregar aquela responsabilidade, mas quem faria isso além dele?

Voltou para sua residência com uma sacola de mão e colocou os pães recém saídos do forno em cima da mesa de jantar. Ele abriu a porta do quarto que dividia com seus irmãos, observando que eles ainda estavam dormindo. Sua próxima parada era a varanda. Sua mãe gostava dos afazeres domésticos, mesmo que muitas vezes o sabão fosse escasso. Ela não se importava de apenas colocar a mão na massa.

Nate a viu abaixar e se levantar, trazendo uma peça de roupa e a colocando com um prendedor de madeira no varal. Quando ela o viu, já se prontificou a dizer:

– Nathaniel, onde você estava? Você sabe o que precisa fazer agora que seu pai não está mais aqui.

Ela esperou pela atitude arrogante que o Nate de três dias atrás com certeza cuspiria. Mas ele apenas assentiu.

– Você vai sozinha? Não devemos chamar alguém para ficar com a Olivia e o Matheus? – perguntou. Sua mãe balançou a cabeça.

– Eu me viro.

– Você sabe como fica fraca depois da quimioterapia – Nate a interrompeu de seus afazeres e ela desistiu de continuá-los. Entrou para dentro da casa e seu filho a seguiu. – E se desmaiar no caminho de volta para casa?

PREDADORESWhere stories live. Discover now