capítulo doze: estratégias de guerra

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Era uma casa afastada

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Era uma casa afastada. Estrada de terra vermelha e árvores grandes multiplicavam no horizonte de uma forma que se tornava impossível vê-la, a não ser que estivesse perto o suficiente. Não tinha número e a rua não tinha nome. Estava simplesmente ali, sem interesse de se colocar nos registros de moradores da Cidade Rural.

– Isso é bom para ela. Controla sua ansiedade. Ela já teve muitas... você sabe... crises.

Julian desfocou da xícara que segurava. Uma pequena arte de porcelana com desenhos coloridos de plantas cobria sua forma. Ele olhou para Grace, jogando sua mão contra o saco de pancada. O tênis desgastado se firmava contra o chão de grama aparada, e em seu horizonte, um céu azul limpo e sem nuvens iluminava seus movimentos.

– Como pode parecer tanto com a mãe? – a mulher murmurou, ao seu lado. Falava baixo, em segredo, mantendo as palavras longe do alcance da neta. – Se fosse pelo menos a aparência... mas a personalidade também?

– Mãe.

Ela enrugou seus olhos, desviando o olhar. Balançou a cabeça descontente, como sempre fazia quando Julian chamava sua atenção. Sabia que era proibido falar de Esmeralda, mas mesmo assim, insistia em questionar e divulgar sua opinião.

– Quando você volta de novo? – perguntou, o encarando com um olhar ranzinza. Os cabelos brancos estavam presos em um coque arrumado, grampos por toda pretos apareciam ao redor do amontoado de cabelo. Ela nunca foi boa em penteados, principalmente com o cabelo rebelde de Grace, deixando a neta e sua vaidade em suas próprias mãos.

– Vamos nos ver de novo no teste – ele disse. Sua mãe estalou a língua ao seu lado e repetiu o mesmo balançar de cabeça. Mary descruzou os braços e levou a mão até a xícara.

– Você sabe o que eu penso disso – falou. Julian soltou todo o ar de seu pulmão e olhou para a mulher do seu lado. A cadeira de madeira embaixo dele era desconfortável, mas por algum motivo, lhe deu conforto emocional. – Que ótima ideia é levar uma criança traumatizada pela guerra para lutar contra criaturas.

– Ela que decidiu – Julian disse, embora não houvesse necessidade, já que Mary estava bem ciente da situação.

– Eu nunca quis que você virasse um soldado. Você não dava notícias por meses e depois aparecia como se nunca tivesse partido. Agora vai ser a mesma coisa com a minha neta, que eu cuidei durante todo este tempo.

– É diferente agora. Nós vamos dar notícias.

Sua mãe se calou. Grace havia terminado o treinamento e pegou uma toalha em cima de uma cadeira para limpar o suor da testa. Uma garrafa de água estava cheia ao lado, mas andou ignorou e andou em direção aos dois.

– Então? O que acharam? – perguntou com um sorriso.

– Como se eu entendesse algo – sua avó balbuciou dando de ombros. Grace não deu importância. Conhecia a figura.

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