4.1 Groupie

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— Jungwoo —

— J? — chamou Tern, procurando por ele. O som da porta batendo deveria significar que ela tinha ido embora depois de ver que ele estava aconchegado em suas cobertas macias e de olhos fechados, mas era o oposto. — J? J! Hey!

— Não! — avisou Jungwoo, logo antes de sentir alguém pulando na cama ao seu lado. A risada de Tern não tinha mudado desde os onze anos, e no começo do ano ela tinha feito dezoito, um pouquinho antes dele só.

— Eu preciso de um favor seu, J.

Jungwoo tirou o cobertor da cabeça a contragosto e a encarou, sem se importar com a sua aparência. Eles tinham visto a cara um do outro amassada por muitos anos e inclusive já apontaram mais de uma dezena de vezes o bafo um do outro pela manhã.

Tern segurava um vaso com uma planta pequena dentro, derrubando terra no cobertor. Ele não ligava, já que os empregados de Doyoung limpavam todos os dias.

— O que é? — perguntou, já imaginando.

— Tem essa garota... — começou ela. — Ela curte botânica e tals e eu tive que pesquisar sobre essa planta para ter o que conversar com ela. — Ela levantou o vaso e o girou nas palmas compridas. — Fiquei ouvindo ela falar sobre esse mato metade das férias e comprei isso pra ela quando voltamos, mas a filha da mãe está namorando agora. E não é comigo, obviamente.

Jungwoo suspirou, coçando os olhos.

— Você é péssima com plantas, Tern. E em relacionamentos.

— Eu sei! Sabe o quanto eu me esforcei pra arrumar assunto com ela? — Tern explodiu em risadas, mesmo que não fosse assim tão engraçado, mas Jungwoo estava acostumado com ela rindo em momentos inapropriados. Era o jeito dela de lidar com as coisas.

Ele pegou o vaso na mão e observou a planta sem saber o que raios era.

— Eu não vou conseguir manter isso vivo.

— Você pode fazer isso melhor do que eu, J.

Jungwoo devolveu o vaso a ela e sentou na cama, arrumando o cabelo ruivo com os dedos.

— Mas, na verdade — Tern prosseguiu, sentando também. — Eu queria que você desse a Yuta. Ele vai amar.

Jungwoo virou para ela, indignado.

— Você me acordou em um sábado para me fazer entregar uma planta a outra pessoa?

— Por favor? — Tern sorriu de lado. — Eu pretendo passar o meu dia no quarto.

— Chorando? — ele zombou.

— Pintando e atualizando meu portfólio pra faculdade — ela o corrigiu. — Eu não fico só atrás de mulheres e festas.

— Por que continua recusando o estúdio? Sabe que Doyoung pode fazer até uma casa nova inteira pra você, se quiser.

Eu posso fazer uma casa inteira aqui na Coreia do Sul se eu quiser. Não preciso de ninguém me dando nada. — Tern deu de ombros. — E estou confortável com meu quarto atual. Por que você não quer voltar para casa? — Ela mudou de assunto em um passe de mágica. — Sabe, você não foi para Seul nas férias. É a sua mãe?

— Não. Eu só não quis me afastar daqui. — Jungwoo olhou ao redor de seu quarto espaçoso. Doyoung tinha deixado ele escolher o maior porque, para falar a verdade, ele não se importava com isso. Ele não ligou quando Jungwoo quis fazer o Ensino Médio em Orano com Tern, nem quando decidiu continuar por perto e trazer suas coisas para um dos quartos de hóspedes. Doyoung não ligava para nada do que eles faziam. Jungwoo olhou para Tern de novo e a viu o encarando de uma maneira estranha. — Está tudo bem em casa. Relaxa, ok? Eu digo se de repente meus pais quiserem me botar em uma coleira e me arrastar de volta. Antes de você se trancar e morrer com tinta tóxica, quer ir tomar café?

Ruthless » dojaeWhere stories live. Discover now