11.1 Quente Pt.1

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— TEN —

A iluminação laranja sobre o rosto de seus primos tornava difícil ler sobre o que estavam discutindo no meio do baile de Halloween. Ten repuxou uma das teias de aranha falsas do corrimão da escada onde estava sentado e esperou que o efeito da droga fizesse efeito sobre sua perna inquieta que balançava para cima e para baixo. Fazia dias que estava ansioso.

O baseado ganhou vida quando o tragou mais uma vez e descansou as costas contra o degrau acima, jogando a cabeça para trás sob a fumaça e olhando para o teto com aquela música insuportável tocando. O baile costumava ser divertido para ele, não tanto ultimamente.

Um sorriso doce apareceu sobre seus olhos e olhos idênticos aos seus o encararam sob uma máscara de fênix. Tern sentou na escada acima e pegou o baseado de sua mão para ela. Apesar da roupa deslumbrante, Tern sentou-se como uma garota de rua que não tinha modos. Ten descansou a cabeça sobre a perna da irmã e sorriu suavemente com os dedos dela em seu cabelo. Tern era tão alegre e quase pior do que ele quando o assunto eram suas garotas. Os irmãos Leechaiyapornkul tinham uma fama irreparável em Pouver.

— O que você não está me contando? — Tern falou ao abaixar-se, fumaça saindo de sua boca junto às palavras baixas.

Ten manteve o semblante tranquilo e despreocupado, aos poucos sua perna parava de balançar e ele sentia a dormência alastrar-se. Daqui há alguns minutos nem lembraria do por que estava tão agitado.

— Como assim?

— Você está distante. Parece que tem me evitado esses dias. E agora convida alguém para vir com você ao baile?

— Qual o problema, Tern? — Ten abriu os olhos com orbes enormes encarando. Ele não estava sorrindo.

— Você gosta de caras? — Tern franziu a testa e olhou para onde Ten imaginava que estaria Johnny, com a amiga dele. — E... por que ele?

Ten levantou a cabeça do colo dela e virou de lado para encará-la com um sorriso.

— Você pode gostar de garotas, mas eu não posso gostar de garotos?

— Não. Não é isso. — Tern olhou para o chão entre eles e soprou a fumaça para longe antes de levantar seu rosto com um semblante triste para ele. — Por acaso tem falado com nossos pais?

Ten revirou os olhos.

— Se está chateada porque não te conto cada detalhe da minha vida, é problema seu. E não tem nada de diferente rolando aqui, só estou me divertindo. Pare de ser enxerida. Às vezes penso que não mudou nada.

Tern o encarou com raiva cintilando nos olhos, ela chutou seu braço que estava apoiado no degrau e se levantou com força suficiente para que seu passo, escada a baixo, soasse sobre a música.

Ten observou sua perna voltar a balançar e se amaldiçoou por ter dado seu último baseado para ela.

Não quisera ser um idiota com ela, mas Tern o conhecia muito bem e já sabia que tinha alguma coisa errada.

A luz laranja mudou para azul sobre as pessoas dançando no primeiro andar e Johnny girava Seoyun com suas fantasias idiotas.

A pessoa que sentou ao lado dele era a última que ele esperava naquele momento. Ten não virou para olhá-lo nos olhos até que ele falasse algo útil.

— Acredito em você. Não acho que podemos confiar no Doyoung.

Ten olhou de lado para as palavras cruas em mandarim e assentiu para Sicheng.

— Como foi?

Sicheng, como durante toda a noite, encarou um ponto fixo como se sua mente não estivesse presente, mas sua boca se moveu para responder.

Ruthless » dojaeOnde histórias criam vida. Descubra agora