04. Digamos Que Eu Aceite...

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Lee Minho




— Então... — Raspei a garganta e me sentei ao seu lado, mantendo uma distância segura para não intimida-lo. — Quer me contar um pouco sobre você?


— Não tem muita coisa que deva saber. — Deu de ombros em desdém. — Além do mais, irei embora de manhã cedo, não quero atrapalhar mais do que já atrapalhei. Deixo claro que me sinto imensamente agradecido, tenho pressa apenas porque não me sinto bem.


— Para onde? — Franzi o cenho quando o vi dar de ombros mais uma vez.


— Para qualquer lugar que me aceitar. Tentarei conseguir ajuda em abrigos, já que preciso de um endereço fixo para concorrer a uma vaga de emprego. — Suspirou derrotado. — Vão achar que sempre morei na rua e não vão me aceitar. É essencial que eu consiga um lugar para ficar o quanto antes.


— E não morou? Quer dizer... Não que aparente, eu só... — Engoli em seco.


— Não, fui posto para fora por conta da minha sexualidade, classificação e... — O vi engolir em seco e encarar a parede da cozinha. — Por mais umas coisas aí.


— Mas você é um ômega, não conta ficar com um homem ou uma mulher, desde que seja alfa. Eles te colocaram para fora por conta disso? Por que se interessou por outra classificação?


— Eles não pensam assim. Ser ômega não me dá o direito de gostar de qualquer gênero, é o que eles pensam. Não foi o único motivo, mas não me sinto confortável para falar sobre esse assunto.


— Sei que não me conhece direito, mas realmente quero te ajudar. Você não precisa me contar toda a sua história, apenas quero entender sua situação atual. — O ofereci um sorriso gentil, que foi prontamente retribuído. — Eu acho sua situação muito triste e injusta.


— Você não precisa me ajudar, já fez muito colocando um estranho para dentro de sua casa.


— Mas eu quero e posso te ajudar.


— Como?


— Meu pai está precisando de um secretário, minha indicação vai garantir o emprego. Também preciso de alguém para dividir as despesas do apartamento, moro sozinho e fica um pouco difícil manter tudo sem passar aperto. — Arregalou os olhos e eu cocei a nuca em nervosismo, percebendo a estranheza das minhas próprias palavras. — Algo temporário. Você precisa começar do zero, vai te ajudar a ganhar o tempo que precisa.


— Está sugerindo que eu trabalhe para você e passe a morar aqui por uns tempos? — Assenti incerto. — Você realmente não bate muito bem, não é? — Riu e limpou o canto da boca com o polegar.


— Por que diz isso? — Franzi o cenho.


— Porque nem ao menos me conhece, não sabe se quero te matar ou te roubar. — Sorriu em sarcasmo.


— Se quisesse me matar já teria feito, e a questão de conhecer direito é só com o tempo. Pessoas se casam com estranhos, engravidam de estranhos, conversam com estranhos em baladas, aceitam favores e serviços de estranhos. — Peguei o prato vazio e coloquei dentro da pia. — Também sou um estranho para você, não sou o único correndo risco, hum?


— Digamos que eu aceite... — Se ajeitou na cadeira. — Como posso ter certeza que posso confiar em você?


— Eu te vi desmaiar e decidi te trazer para cá. Se eu quisesse que morresse teria te deixado lá e passado com o carro por cima apenas uma única vez. — Fez uma careta exagerada e eu me permiti rir um pouco. — Se quisesse fazer algo com você, já teria feito. Melhor lidar com um estranho do que com vários estranhos na rua.

— Esse é um bom argumento. — Franziu o cenho e brincou com os dedos. — Acho que vou aceitar a proposta, não tenho muitas alternativas e acho que morreria lá fora.


— Vai ser benéfico para nós dois. — Sorri tentando passar confiança.


— Mesmo sendo estranho um alfa e um ômega dividindo um apartamento...


— Vamos conviver tranquilamente, só precisa me dizer o período que tem seu cio. — Arregalou os olhos. — Acho que fui muito direto, me perdoe. Estou tentando deixar claro que não penso em usá-lo.


— Bem... — Tossiu um pouco. — Eu já tive meu cio esse mês. Ele não é regulado mas... Consigo saber quando se aproxima, te deixarei ciente. — Sorriu nervoso.


Han Jisung


Minha mente dava voltas e o sentimento de que deveria ter contado da gravidez persistia.


Estava ciente de que Minho perceberia o cheiro, a pausa em meus cios e o tamanho da minha barriga, então tive que me concentrar para conseguir reunir a coragem necessária para contar.


— Minho, eu estou... — Fui interrompido pelo toque de seu celular, me fazendo dar um pulo da cadeira.


— Eu preciso atender. Volto em um minuto. — Sorriu sem graça e caminhou até a sala para atender.


Droga!


...

Heey,

Fiquei surpresa com a quantidade de comentários e views com apenas três capítulos ❤

+5 Comentários e eu volto ;)

Lightning | Versão Minsung | M.Preg ✔Where stories live. Discover now