XI

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Eu não tinha muitos amigos.

Meu pai sempre me disse pra tomar muito cuidado com quem eu teria ao meu lado, já que muitos só estariam ali por dinheiro ou status.

Sei que ele disse isso pra me proteger, mas a frase acabou alimentando minhas paranóias e por esse motivo eu só tinha duas amigas:

Palisa e Minnie.

Também tinha alguns amigos esporádicos que vira e mexe apareciam em alguma festa ou saiam com a gente vez ou outra.

Mas amigo amigo só essas duas.

Palisa era agitada.

Gostava de falar o tempo todo e sempre vinha com uma piadas sem graça.

Já Minnie era doce.

Gostava de usar a emoção pra resolver as coisas e sempre se apaixonava por pessoas diferentes.

Para conquista-la bastava ser gentil.

— Você tem que nos deixar conhecê-la! — Palisa disse animada esquecendo completamente do seu suco.

Minnie concordou com a cabeça esperando que eu fosse dizer algo.

Mas não disse, apenas bebi um pouco mais de café.

— Ah qualé! Você nunca se apaixonou! Queremos que você divida! — Palisa voltou a azucrinar. — Tipo, nós já falamos com você sobre sexo — tópico este que eu preferiria não saber — sobre nossos primeiros encontros, beijos, pessoas que já ficamos, paixonites... Tudo! E você nunca veio com nada! Agora que você tem alguém, não vai nos contar?

Dei de ombros, mordendo um pedaço do meu croasaint de peito de peru.

— Eu concordo com a Palisa. Queremos saber quem é a garota que você passa vinte e quatro horas junta, e não nos da mais atenção.

— Vocês não vai sossegar até eu falar? — perguntei quando as duas começaram a me chacoalhar.

— Não! — responderam em unissono.

— Tá — revirei os olhos. — Ela é morena, olhos castanhos, pele clara, um centímetro mais alta que eu, gosta das mesmas músicas que eu, mas não das mesmas coisas. Ela ama morangos, e o mar, ela também ama a grama, e a água, e cachoeiras, e rios, e lagos, e andar a canoa, e baseball, e-

— Vai falar que ela é gostosa em qual parte do seu monólogo? — Palisa me Interrompeu.

— Palisa! — Minnie a repreendeu. — Pode continuar Lisa.

Respirei fundo, tentando lembrar onde eu tinha parado, e divaguei...

Seu rosto agora ocupava minha mente. Ela era tão linda...

— Seu sorriso é... A coisa mais angelical que eu já vi na vida, como se ela tivesse sido enviada pelo céu. E quando ela está perto, é como se toda tristeza que está em mim se esvaisse. Ela me traz uma sensação tão boa... — parei de encarar o nada para olha-las e Minnie enxugava lágrimas no canto do olho. — O que foi?

— Nosso neném está amando! — ela abraçou Palisa que tinha um sorriso orgulhoso no rosto.

— Finalmente nosso brotinho floresceu — fingiu chorar também, ou estava realmente chorando, eu não soube diferenciar.

— Vocês estão falando sério?

— Claro que estamos! Olha pra você Lisa! Toda apaixonada. Vai até pagar a conta hoje! — Palisa não prestava mesmo.

[...]

— Então elas pediram uma foto minha — Roseanne disse enquanto caminhavamos pelo parque.

Eu amava tanto ficar ao seu lado que inventei o pretexto de caminhadas matinais para poder vê-la pela manhã.

Eu deixava meu carro em sua casa e íamos até o café, a pé.

A melhor parte?

Bom, além de sua companhia, nós andávamos o caminho todo de mãos dadas! E era a melhor sensação do mundo.

Eu juro, eu amava.

Agora estávamos voltando para sua casa, devia ser dez da manhã, não me importava muito com a hora quando estava ao seu lado, era insignificante pra ser sincera.

— É... — respondi envergonhada. — Não precisa se não quiser, elas vão entender.

— Tire uma agora — disse animada indo até uma árvore. Mas eu apenas fiquei parada ali. — Vamos Lisa.

Chacoalhando a cabeça, tirei meu celular do bolso e abri a câmera tirando uma única foto.

Ela riu e eu fiz questão de tirar outra, queria mostrar pras meninas como seu sorriso era bonito.

Ela fez outra pose me obrigando a tirar mais uma foto e quando fui guardar o telefone ela me convenceu a tirar fotos com ela.

Nossas selfies até ficaram legais, mas ela queria tirar de corpo inteiro, então persuadiu um velhinho que estava passando pra tirar fotos nossas.

As fotos ficaram com ângulos esquisitos, mas eu tinha uma modelo ao meu lado que deixava tudo bonito.

— Mesmo horário amanhã? — perguntou quando chegamos na porta de sua casa.

— Sim — Ia me despedir, mas mudei de ideia. — Quer fazer alguma coisa hoje?

— Hm... O que você tem em mente?

— Eu estava pensando em pizza e sorvete.

— De morango?

— Definitivamente de morango.

Seu sorriso me contagiou.

— Então temos um encontro.

Ela se aproximou e capturou minha bochecha com seus lábios, aquecendo todo meu rosto.

Com um risinho, ela se despediu e me deixou lá com cara de idiota.

E ali eu decidi uma coisa.

Eu precisava sentir seus lábios novamente em meu rosto.





Ta chegando a hora meus companheiros 🤠

Não mais te amo tanto                          📚Chaelisa☕Where stories live. Discover now