capítulo 6| novidade

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Uma semana depois...

__ com licença. __ ouço a voz suave do meu irmão mais novo e sorrio, virando o rosto para encontrá-lo encostado na porta.

__ a que devo a honra, aliás o seu rosto está péssimo. __ brinco com o hematoma que possui sobre o olho e ele sorri de lado.

__ o Lorenzo está pior. __ garante e mordo os lábios contendo o sorriso.

__ você nem sequer tocou nele.

__ o que posso fazer, ele é bom pra caralho. __ reclama.

__ tenho que concordar, ainda não consigo entender como Maria Ísis conseguiu derrotá-lo.

__ foi na lábia, aquela garota tem uma lábia que às vezes me assusta.

__ foi só aquela vez né? __ questiono e ele assente.

__ sabe Bel, posso entrar?__ pergunta e aponto para o meu lado na cama, e ele parece receoso ao se sentar.

__ qual o problema?

__ você já se sentiu deslocada daqui? Digo, da nossa vida, que isso não faz parte de ti?

__ muitas vezes, bem mais do que parece.

__ me sinto assim, mas estou gostando das aulas com o Lorenzo, assim posso quebrar a cara de alguns idiotas da escola.

__ ainda pegam no seu pé?__ pergunto e ele balança a cabeça confirmando.

__ você sabe que pode contar para o pai né?

__ sei, mas não quero... ele já tem tantas preocupações e mais essa... ainda mais vindo de mim.

__ como assim vindo de você? O que está acontecendo realmente Vittório?__ questiono.

__ eu às vezes me sinto um peixe fora D'água, se não fosse pela Frannie eu teria dado um jeito de ir embora. __ confessa e seguro em sua mão.

__ não se sinta mal, por ter esses questionamentos sobre si mesmo, é normal diante do cenário que é a nossa vida, é mais do que compreensível.

__ então você me entende?

__ claro que sim, mas se algum dia você desejar ir embora, o pai pode surtar um pouco, mas acho que ele não iria se opor... o problema mesmo seria a mamãe.

__ ela certamente iria me convencer a ficar.

__ e você sem sombra de dúvidas ficaria. __ afirmo e sorri.

__ senti sua falta sabia? __ questiona colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, como fazia quando éramos pequenos.

__ sei... só não culpo você por não responder minhas mensagens, porque sei que vive dentro da nossa biblioteca e esquece do mundo.

__ sou um leitor voraz cara mia.

__ já sei, já sei, vários mundos dentro de um livro com limites de páginas.

__ isso! Agora tenho que ir, horário marcado com Jane Austen.

__ orgulho e preconceito?__ questiono e ele se levanta e balança a cabeça em negativa.

__ persuasão, achei a adaptação uma grande merda, o livro é bem melhor.

__ sempre vão ser.__ concluo enquanto o vejo fechar a porta com um sorriso galante no rosto. Respiro fundo sentindo as coisas voltarem a se encaixar, é como se tudo estivesse voltando ao normal, e mesmo que o meu "normal "seja esquisito, gosto dele.

Sorrio feito uma idiota, ao visualizar meu reflexo no espelho, papai comenta que todos somos narcisistas e talvez esse meu lado me faça me sentir uma linda mulher e gostar do que vejo, no entanto, é como se isso fosse uma casca, a maioria das pessoas me tratam como se só a minha beleza importasse. Todas às vezes que papai me colocou na presença do conselho para tentar um cargo, eles sempre insinuavam "sua filha é uma bela mulher, por que colocá-la em um cargo que irá ocupar por tempo limitado, se podemos fazer um casamento e firmar alianças?" Aquilo me enojava, papai fazia questão de deixar claro que eu não iria servir como moeda de troca de ninguém.

Os anos seguintes me mostraram que não quero aquilo para mim, ser filha do capo, não me torna herdeira do seu império, e foda-se, meu irmão parece ter nascido para isso, não conheço alguém mais capaz do que ele.

A máfia não é algo que almejo para o meu futuro, quero ser advogada, defender causas que acredito, não é pelo dinheiro, é para provar a mim mesma que eu sou bem mais do que aquilo que me rotulam, e graças a Dio, mamãe entende que cada filho quer seguir um caminho diferente.

Papai, por outro lado, nos quer em sua redoma, onde possa nos ver e vigiar o tempo todo, e quando criança eu não compreendia, mas adulta, Deus! É sufocante, para onde eu olho tem seguranças, e não sou idiota, sei o risco que corro só por ser filha dele, mas todas essas pessoas me fazem sentir presa demais, sempre odiei esse pensamento.

Porque minha ideia de liberdade, quando tinha dez anos, agora parece uma loucura, céus! Uma grande loucura.

__ pensamentos pensantes, um euro para saber o que pensa. __ ouço a voz e assim que me viro, levanto de imediato e corro para abraçá-lo.

__ tio Ethan... que saudade! __ confesso sentindo o seu perfume, ele nunca trocou, é sempre a mesma fragrância adocicada.

__ mentirosa, se sentisse saudade do seu ruivo favorito, teria me ligado e perguntado se estou vivo.__ faz drama e reviro os olhos me afastando.

__ tio, faz uma semana que cheguei.

__ e daí? __ questiona com uma sobrancelha arqueada.

__ e daí que durante os últimos anos, eu sempre falei com o senhor e faz uma semana que não ligo, justamente porque já cheguei. __ explico.

__ não importa, parece que faz anos que não me liga, que não se importa com seu pobre velhinho ruivo. __ diz e gargalho.

__ pare de ser dramático, o senhor não está tão velho assim, aliás... está o mais conservado de todos.

__ conservado? Viramos múmias?

__ tio! __ repreendo e ele sorri.

__ ok, tudo bem, estou um velho muito gato. __ fala passando a mão no cabelo, e sorrindo de lado.

__ está mesmo, mas o Noah pegou metade da sua beleza.

__ fiz um belo trabalho não é?

__ não entendi. __ minto e ele me olha como se fosse óbvio.

__ não se lembra do passarinho?__ pergunta e faço que não, mas é óbvio que estou mentindo, no entanto, é sempre divertido ouvi-lo explicar a sua versão de como realizar o coito.

__ certo, um passarinho com sede...







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