5. As primeiras más impressões

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POV HARRY

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POV HARRY.

Não permito que Niall ou Liam entrem em meu quarto, preciso da solidão para tentar entender o que acabou de acontecer. Ando meio trôpego até o banheiro me livrando no caminho da túnica que cheira a incredulidade, suor e sangue fresco. De frente para o espelho observo a pele pálida do meu rosto salpicada de vermelho, vejo através da imagem refletida que meus olhos perderam um pouco do brilho inocente que carreguei a vida toda, e não é para menos essa sensação de impotência que sinto, afinal, é a primeira vez em minha longa existência que me deparo com tamanho descontrole, com uma fúria tão brutal e uma raiva tão consistente a ponto de extravasar pelos poros e dominar um ser divino que ao meu ver deveria ser dono de um autocontrole invejável, mas talvez, apenas talvez, Louis sequer tenha tentado se controlar.

Com um suspiro frustrado me afasto do espelho, abro o chuveiro e regulo a temperatura da água pra que fique quente o bastante e para que suas gotas ferventes possam aquecer o frio que sinto em meus ossos. A água que escorre pelos meus cabelos, rosto e ombros está tingida de vermelho e tem um cheiro metálico, ela continua descendo pelo meu abdômen e pernas até alcançar o chão e escoar pelo ralo.

Se ao menos fosse tão fácil me livrar da culpa como é de me livrar do sangue de Marcus. Se ao menos eu tivesse tido o bom senso de agir com rapidez e eficiência, se ao menos eu tivesse tido coragem para mover a mão e impedir o raio negro de atingir meu agressor, ele ainda estaria vivo, porém a realidade é que não conheço as leis desse reino, não sei o que é moralmente certo ou errado para esse povo e, com certeza, não cabe a mim julgá-los ou interferir nas decisões do seu rei.

Fecho os olhos com força, encosto a testa na parede gelada e sufoco um soluço angustiado. Em minha mente ouço os gritos assustados dos angels que presenciaram pela primeira vez um ato tão violento quanto um assassinato, ouço o barulho aterrorizante das armas dos sombrios sendo destravadas e os estrondos altos dos raios e trovões cortando as nuvens espessas no céu. Sinto o cano frio da pistóla contra a minha têmpora por um segundo, e outro, e outro até que um feixe de luz negra atravesse o ar, até que o cheiro de carne queimada invada minhas narinas, até que o corpo que me prendia caia sem vida no chão e meu olhar encontre, do outro lado da mesa, uma imensidão gélida de azul nos olhos de Louis.

Abro abruptamente meus olhos sentindo-me sufocado, com um formigamento estranho em meu corpo, então desligo o chuveiro e me seco ligeiramente. Deixo meus cabelos molhados e desembaraço os cachos somente com os dedos enquanto visto um short curto de malha e uma camiseta larga. Sem pensar duas vezes abandono o quarto que está fazendo sentir-me encurralado.

O piso de mármore está frio contra os meus pés descalços quando abro uma porta lateral que dá acesso ao exterior do palácio e a qual atravesso rapidamente para, mais uma vez, colidir com um corpo quente e incrivelmente forte. Uma lufada de ar me escapa, eu estava praticamente correndo e se não fosse por um braço firme ao redor da minha cintura eu teria caído de bunda no chão.

ENTRE O PARAÍSO E O INFERNO | l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora