9. Um sopro por um pensamento

632 108 36
                                    

Esses quinze dias hospedado no Reino das Sombras tem sido cansativos e estressantes, para dizer o mínimo

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Esses quinze dias hospedado no Reino das Sombras tem sido cansativos e estressantes, para dizer o mínimo. Então hoje decidi reservar a noite para me mimar um pouquinho.

Coloco uma boa música para tocar, aplico uma máscara de argila no rosto e aproveito o tempo para fazer uma esfoliação no corpo. Assim que acabo esse ritual, sirvo uma taça de vinho e tomo um longo banho na banheira de hidromassagem, enquanto a máscara capilar faz sua mágica em meus cachos, e por fim, depois de limpo, cabelos sedosos e pele hidratada me dedico a pintar as unhas dos pés de cor-de-rosa.

Com meu tratamento de beleza concluído visto uma calça branca, uma t-shirt lilás e calço uma sandália aberta para não borrar as unhas recém feitas. Depois de pronto eu paro em frente ao espelho pra uma última checada no visual e, entretido, acabo dando um pulinho assustado com as batidas fortes e insistentes na porta. Quando abro-a meu queixo cai, pois é Louis quem está parado em sua soleira.

Ele veste uma bermuda jeans e uma regata preta por baixo da camisa xadrez, em seus pés um tênis de cano baixo sem meias. Sua expressão é neutra, porém sua voz não está tão agressiva como de costume.

— Vim te chamar para sair. – Anuncia sem rodeios, e eu me seguro para não revirar os olhos por sua falta de modos.

— Boa noite, pra você também, majestade – cumprimento e ele finge não perceber a implicância. — Eu poderia saber para onde vamos? – Questiono.

— Dar uma volta pelo subúrbio, você não vive contando ao mundo que está em meu reino para conhecer nossos costumes? Então penso que está na hora de sair do palácio e ver a realidade, não é?

— Sim, acho que de fato é uma boa ideia. – Concordo, ainda surpreso por ele se oferecer para me acompanhar.

— Então anda logo. – Me apressa 'educadamente' e sai caminhando ao longo do corredor. Bufo exasperado, mas sigo-o em silêncio.

A porta do palácio se abre e eu corro os olhos pelo pátio, procurando o carro que nos levará.

— Podemos ir voando se quiser. – O rei avisa e eu me animo com a ideia de voar depois de tantos dias com as asas encolhidas dentro do corpo.

— Sério? – pergunto retoricamente. — Isso é maravilhoso, obrigado. – Agradeço e ele dá de ombros como se não fosse nada. E talvez não seja, mas como é a primeira vez que Louis faz algo que sabe que irá me agradar, eu me empolgo de verdade.

Fecho os olhos e respiro fundo sentindo as minhas asas tomarem forma e se abrirem em sua totalidade, o sentimento de liberdade é arrebatador fazendo fluir para fora do meu ser um feixe de luz branca e ofuscante que gira ao meu redor. Louis levita há alguns metros do chão e deixa suas imensas asas negras se abrirem, ele também permite que sua luz irradie para fora de si e ela vem de encontro à mim.

Nossas essências luminosas se atraem mutuamente e se mesclam, formando uma penumbra incrível como nunca vista antes. O seu brilho não é nem branco e fuscante demais que pode cegar, nem preto e opressor demais ao ponto de fazer sangrar os olhos. É uma luz simplesmente perfeita.

ENTRE O PARAÍSO E O INFERNO | l.sWhere stories live. Discover now