Prólogo

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Ali estava ele, o quarto um pouco mais frio do que o desejável. Me aproximei da cama e o olhei com todo o amor que não sei como consegue caber no meu peito. As vezes não sei como tanto sentimento cabe em mim.

Eu olho seus cachos bagunçados no travesseiro, e fico feliz que eles voltaram a crescer depois de tanta quimioterapia, tratamentos e medicações.

Desço meus olhos por sua pele pálida e seu rosto cada vez mais magro. Minha garganta fecha.

- Eu vou conseguir te ajudar, meu amor - Eu sussurro enquanto olho para as máquinas ao seu redor.

Confiro todos os sinais vitais que parecem em ordem nesse momento, e sinto alívio. Ele está totalmente estável para fazer sua transferência hoje a noite. Liam, Zayn e Niall nos aguardam na ambulância parada no estacionamento.

- Hazza, acorda... Acorda, bebê... - Eu falo baixinho perto de seu rosto

Ele abre um poucos os olhos moribundos, e não sei se ele está de fato consciente ou se consegue me reconhecer. Meus olhos estão cheios de lágrimas por ver o amor da minha vida tão fraco, tão doente e tão mal.

- L-Lou... - Ele tenta dizer, mas sua voz quase não sai com tamanha fraqueza, mas sinto certo alívio por ele ainda conseguir saber que sou eu quem está aqui.

- Shhh.. Não precisa se esforçar pra falar. Eu vou te tirar daqui. Preciso que você confie em mim. Tudo bem?

Ele assente bem devagar, antes de fechar os olhos novamente e se entregar à inconsciência. Suas pálpebras parecem tão pesadas.

Eu preciso ser rápido. Confiro mais uma vez todo os equipamentos para ter certeza que ele aguenta a transferência. Fecho a bolsa de fluídos, mas tomo cuidado para que ele não perca o acesso. Não quero precisar espetar novamente suas veias tão frágeis.

Eu o envolvo com um cobertor quente que trouxe de casa, e sem muito esforço, o pego no colo no melhor estilo noiva.

É triste pensar como seu corpo está magro. Harry é uns 10 cm mais alto do que eu, mas sua magreza é tão evidente, que sinto que estou carregando uma pluma. Eu poderia carrega-lo com apenas um braço, mesmo que não passe em uma academia de ginástica há anos.

Eu o trago para mais perto do meu corpo, pois para ter um sucesso na transferência, ele não pode perder o calor corporal. O ideal seria fazer isso em uma maca, mas não tenho tempo.

- L-Lou... - Ele fala com a respiração fraca perto do meu pescoço.

- Eu estou aqui, Amor! - Eu respondo baixo perto de seu ouvido, mas de forma segura - Eu vou te levar agora. Você está mesmo de acordo?

- Sim... - ele sussurra

- Confia em mim, vida...

- Sempre.. - Ele diz antes de entregar de novo a inconsciência.

- Ok! Apenas fica comigo. Fica comigo! Eu preciso de você, Curly. Vamos conseguir...

Eu o ajeito uma última vez em meus braços para que ele fique o mais confortável possível, e logo estou alcançando a porta do quarto.

Uma vez no corredor, olho para ambos os lados, me certificando que ninguém irá impedir o meu movimento. E por algum milagre dos deuses, que aparentemente estão do nosso lado, eu consigo sair com Harry.

Eu caminho pelos corredores e entro nas escadas. Não quero entrar no elevador, pois com certeza levantaria mais suspeitas. Por sorte, a ala de internação do hospital ficava no segundo andar e preciso de poucos degraus para sair com ele.

Eu consegui negociar a alta com um médico, um veterano da faculdade, a quem consegui convencer sobre o desejo de Harry e sobre o quadro do meu garoto, e não vamos ser impedidos de sair na catraca do hospital pelo sistema constar como livre. Isso não significa que o restante do corpo médico esteja sabendo e de acordo.

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