Capítulo 23- Uma prova de amor

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O dia que nasceu veio encontrar Gilbert caminhando de um lado para outro de seu quarto. Ele não tinha dormido, e como poderia? O encontro com Alicia lhe trouxera recordações ruins, e ele não tivera Anne em seus braços para fazê-lo se lembrar que estava vivendo outra vida onde sua antiga não devia ter nenhum tipo de influência sobre ele.

Por pouco não batera na porta da namorada, e implorara para que ela o deixasse dormir com ela, mas depois pensara que Anne não merecia passar uma noite insone com um namorado que ainda lutava contra seus fantasmas do passado.

Além disso, ela estava brava com ele, e Gilbert precisa entender o que se passara para pedir desculpas adequadamente. Era a primeira vez que Anne parecia aborrecida com algo que ele fizera, e não podia magoar aquela garota incrível, pois prometera que nunca o faria.

Ele não era perfeito, era apenas humano, e tinha consciência de todos os erros que já cometera na vida. Contudo, com Anne não poderia errar, pois ela merecia mais do que tudo o que ele pudesse dar a ela, mas nunca a deixaria ir embora, porque sem ela seu coração era um território vazio, e compreendia que nunca amara alguém tanto assim.

Gilbert viu as horas, e suspirou alto ao ver que eram apenas seis da manhã. Ainda assim, ele se vestiu, saiu do quarto e se sentou perto da porta de Anne. Estava em uma posição ridícula, e qualquer um que passasse por ali poderia ver aquilo. Entretanto, Gilbert não se importava, pois só de saber que ela estava do outro lado da porta já o fazia se sentir reconfortado.

Dentro daquele quarto, o qual no lado de fora, Gilbert fazia sua pequena vigília, Anne abriu os olhos, assim que o sol jogou pelas frestas os seus raios sobre ela.

Estava com dor de cabeça, e ao se lembrar que voltaria para Avonlea do lado de Gilbert e naquele estado, a fez suspirar desanimada.

Aquele fim de semana era para ter sido incrível. Trouxera Gilbert para seu mundo, tivera sua primeira vez com ele, e acabara topando com a ex-mulher dele que estragara tudo.

Qualquer pessoa que ouvisse seu pensamento diria que ela se sentia usada por ele, mas a verdade era que não se sentia assim. Ela se entregara a ele porque quisera, e não se sentia arrependida por isso.

Entretanto, tinha um medo terrível de como as coisas seriam agora que Gilbert sabia que Alicia estava por perto. Não acreditava que ele a abandonaria para ir atrás da outra mulher, mas Anne temia que por causa da culpa que sentia, acabaria por trazer Alicia para a vida deles, e ela iria odiar se Gilbert realmente o fizesse.

Deus! Por que o amor não era mais simples? Por que tinha que batalhar tanto para manter o pouco que restava? Não queria e não podia perder Gilbert. Ela o amava demais para conseguir vê-lo partir sem sofrer.

Anne se levantou por fim, se vestiu e resolveu ir até a cozinha para preparar o café da manhã. Ela e Gilbert iriam pegar o trem de volta em poucas horas, e precisava se ocupar, antes que sua cabeça fundisse de tanto pensar.

Quando abriu a porta, levou um susto ao ver Gilbert sentado no corredor. Ele parecia não ter dormido também, pois sua expressão cansada denunciava isso. Embora seu coração se apertasse por vê-lo daquele jeito, Anne não se deixou amolecer. Seu namorado tinha agido errado com ela no noite anterior quando ela realmente se sentira magoada e não ia perdoá-lo assim tão fácil.

Gilbert tinha que entender que existiam certas coisas que iam além do que ela conseguia suportar. Amá-lo não significava que a faria ser o tipo de mulher que deixava de lado uma ofensa ou uma mágoa apenas para mantê-lo a seu lado. Não queria perdê-lo, mas seria muito pior se relevasse qualquer falha dele apenas por esse motivo.

A brave heartOnde as histórias ganham vida. Descobre agora