Capítulo 26 ‐ Amor incondicional

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O barulho do trem os levando em direção a cidade vizinha parecia como uma bomba-relógio no cérebro de Anne. A única coisa que fazia sentido em meio ao caos de seus sentimentos eram os braços de Gilbert ao seu redor, dando-lhe suporte.

Não queria sair dali, deixar aquele calor que aliviava o frio que sentia envolver seu coração. Três anos foram o veredito de sua culpa, três anos nos quais parara de viver para carregar aquele peso esmagador que destruía os seus sonhos dia a dia, não importando onde estivesse.

Não pensara que merecia qualquer tipo de misericórdia, mas Gilbert lhe oferecera uma por meio do seu amor e, agora que estava voltando a ser feliz, era novamente testada de todas as formas e não sabia como se sentir.

Teria dado o mundo para que Robert acordasse do coma há muito tempo, mas os médicos tinham lhe dado poucas esperanças de que aquele milagre aconteceria. Ainda assim, Anne rezara todas as noites para que ele abrisse os olhos e recomeçasse sua vida de novo.

Mesmo naquela época, ela sabia que seu relacionamento amoroso com Robert tinha acabado. Anne tinha decidido que ficaria ao lado dele até que se recuperasse e, então, terminaria tudo definitivamente com ele.

Entretanto, o destino ditou seus passos e escreveu em suas linhas como a história dela seria construída. Assim, se passaram dias, que se tornaram meses e, por fim, se transformaram em anos, que deixaram um gosto amargo em sua boca de fracasso, tristeza e solidão.

Se não tivesse encontrado Gilbert, ainda estaria enterrada naquele mundo nebuloso, onde não havia nenhuma razão para sorrir. Havia luz em seu coração agora, e uma imensa vontade de viver de descobrir o que um novo amanhecer traria, e ser feliz parecia tão possível quanto respirar.

Sem perceber Anne respirou fundo, enquanto sua mente continuava a ponderar sobre os últimos anos, chamando a atenção de Gilbert, que perguntou:

- Não consegue relaxar?

- Não, minha cabeça não me deixa em paz. - Anne respondeu com um sorriso tenso.

- Posso te fazer um cafuné.- Gilbert sugeriu, acariciando a nuca de Anne com carinho.

- Adoro quando você faz isso, mas acho que hoje não vai adiantar.- A ruivinha disse, apoiando sua cabeça no ombro do rapaz.

- Sinto muito. Queria saber o que te dizer nesse momento. - Gilbert afirmou, continuando a acariciar a nuca de Anne.

Podia imaginar o que ela estava sentindo e odiava não poder fazer mais nada por ela, a não ser dar-lhe seu apoio.

O peso que era carregava era enorme, e viver sob a acusação da culpa acabava com a sanidade de qualquer um. Ele passara por aquilo da forma mais brutal possível e entendia bem o processo daquele tipo de dor.

- Você está aqui. É tudo o que eu preciso. - Anne respondeu, olhando para o rapaz com adoração. - Você não sabe quantas vezes fiz esse mesmo caminho sozinha, não sabendo exatamente o que iria encontrar quando chegasse no hospital. Foi uma época terrível, cheia de solidão e medo.

- Odeio pensar em você sozinha e sofrendo pelo que aconteceu ao Robert. Queria ter estado lá com você. - Gilbert confessou, deslizando a mão ao longo do pescoço dela até chegar à lateral do rosto da ruivinha.

- Você estava lutando sua própria batalha, não poderia fazer nada por mim. - Anne o lembrou.

- Talvez pudéssemos ter passado por nossas tempestades pessoais juntos. Não teria sido tão difícil se você estivesse a meu lado.- Gilbert ponderou, enquanto pensava no tempo que perdera, tentando lidar com seu desprezo por si mesmo.

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⏰ Última atualização: Feb 12 ⏰

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