CAP. 08

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Nem Jungkook nem eu falamos nada por um minuto inteiro

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Nem Jungkook nem eu falamos nada por um minuto inteiro. Nós três estávamos tão hesitantes que o escritório imergiu em um silêncio profundo, em que os únicos ruídos e movimentação vinham de outros andares e salas.

Min-gyu tinha, em sua mão destra, uma pequena caixinha cor de rosa, cheia de biscoitos de chocolate da loja que Taehyung dizia que estava ansioso para ir um dia; e, em seus lábios, o mais novo desmanchou o enorme sorriso, mordendo a parte inferior com força.

— Vou te esperar lá fora. — Jungkook disse baixinho ao pegar sua carteira e celular, que estavam em cima da mesa próximos de nós.

— Você brigou com alguma celebridade? Ou então se envolveu em um escândalo? — Min-gyu questionou.

Em todo esse tempo que eu conhecia o Kim, nunca me pronunciei a respeito de meu pai. Preferi manter sigilo, já que, além de não gostar de explicar o que acontece em nossa família, também não gosto da expressão que toma conta do rosto daqueles que me perguntam. O mais novo, contudo, tinha um olhar esperançoso, queria que eu contasse a ele o que estava se passando.

— Ou vocês estão nam... — Min-gyu parou de fantasiar e criar hipóteses malucas assim que eu engasguei com o ar.

— Você realmente acha que eu namoraria o Jungkook? — suspirei ao massagear as têmporas. Diante do visível desconforto em conta da situação em que estávamos, Min-gyu passou a olhar para o chão, e eu, para os próprios pés. Passados segundos, limpei a garganta para continuar. — Eu estou com um problema, para falar a verdade, e Jungkook está me ajudando com isso.

Min-gyu ergueu o rosto e eu não soube distinguir o que sua expressão havia se tornado: era um misto de irritação e uma pitada de tristeza; como se ele perguntasse "por que você não veio até mim?". Como Min-gyu é extremamente transparente, na maioria das vezes, eu o leio com clareza. Porém, de um tempo para cá, eu tenho tido medo de ler seus orbes escuros por não saber o que se passa naquela escuridão.

— Que problema? — Min-gyu se aproximou com os punhos cerrados. Estávamos à dois passos de distância, e apesar disso, era como se eu pudesse sentir sua respiração quente misturar-se com a minha. — O que houve, Jimin?

Contorci os lábios e franzi o cenho ao olhá-lo. Engoli em seco, totalmente apreensivo. Sabia, por outro lado, que, quanto mais eu atrasasse a explicação, mas o Kim me questionaria. Não havia escapatória.

— Eu não vou poder gravar nosso dorama... — os olhos de Min-gyu dobraram de tamanho. — A menos que eu resolva um caso que meu pai mandou. — suas sobrancelhas se arquearam no segundo em que eu disse aquilo. Ele aproximou-se, dando mais um passo em minha direção.

— Como assim?

— Meu pai não gosta que eu seja ator, nunca respeitou minha decisão. — umedeci os lábios. Finquei as pontas dos dedos na madeira da mesa de Jungkook, olhando para o lado oposto ao que Min-gyu se encontrava. — Então ele comprou o set de gravação e agora tenho que ganhar esse caso.

Como se uma luz se abrisse em um planeta que jamais sentiu o calor do sol, Min-gyu juntou as peças do quebra-cabeça.

— Por isso o diretor Park me deu mais dias de folga. — murmurou. Após coçar o queixo, Min-gyu colocou as mãos nos bolsos da calça e contorceu os lábios. — Queria poder te ajudar.

— Jungkook vai me ajudar, não precisa se preocupar. — tentei dá-lo um sorriso tranquilizador, porém, quem realmente precisava desse tipo de sorriso era eu. Meu coração estava inquieto, minhas mãos suavam e só de pensar na hipótese de perder para o meu pai e levar uma vida medíocre com uma profissão que eu jamais cogitei, meu mundo parava. Para uns, não seria o fim do mundo. Para mim, era como arrancar uma parte daquilo que cultivei ao longo de árduos e difíceis anos.

— É... — Min-gyu literalmente riu de nervoso ao bagunçar seus fios. — Ele é viciado em trabalho, vai conseguir te ajudar.

Dei um passo em direção a Min-gyu e pousei a mão em seu ombro direito, o apertando com carinho, para que ele se animasse e não se preocupasse com meu problema.

— Nós dois vamos para uma audiência agora. Preciso ver para saber o que fazer no dia. — o Kim torceu o nariz. — Te vejo mais tarde.

Min-gyu não disse mais nada, apenas deu-me um sorriso morno antes que eu desse passos em direção à porta. De repente, senti sua mão em meu antebraço, me puxando como se aquela fosse ser a última vez que nos encontraríamos. Não foi me dado tempo para pensar, já que, em um piscar de olhos, Min-gyu havia me envolvido em seus braços fortes.

Arregalei os olhos.

— Você pode me pedir ajuda quando quiser, Jimin. — Min-gyu murmurou e, com cautela, me apertou contra seu corpo, com medo de que eu fosse quebrar dependendo do nível de força que usasse. Não protestei, afinal, era aquele tipo de abraço que eu estava precisando nos últimos dias: um abraço acolhedor, como se me protegesse dos ataques do mundo exterior. Minimamente, me afastei do Kim e ergui o rosto para olhá-lo diretamente nos olhos, pois ele era um pouco mais alto que eu.

E, naquele momento, Jungkook abriu a porta perguntando por mim. Diante do susto, me afastei de Min-gyu em um pulo, ajeitando meus fios e buscando respirar melhor.

— Vamos logo, Jimin. — Jungkook disse. Alternei meu olhar entre Min-gyu e o advogado, engolindo em seco.

Eu tinha a sensação de estar em um campo minado, em que, não importava aonde eu fosse pisar, eu iria certamente morrer caso tomasse alguma decisão errada.


CONTINUA...

𝖺 𝗅𝖾𝗂 𝖽𝗈 𝖺𝗆𝗈𝗋Where stories live. Discover now