CAP. 18

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Os olhos de Jungkook eram ainda mais misteriosos de perto

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Os olhos de Jungkook eram ainda mais misteriosos de perto. Escondiam melancolia e angústia, tão escuros quanto a noite que paírava. Coloquei as mãos nos bolsos da calça e contorci os lábios, ainda sem desviar o olhar. Era uma guerra.

— Vou pegar cerveja e subir para um dos quartos. — Jungkook murmurou ao que deu o primeiro passo em direção ao interior da casa. Ele, porém, estancou em um lugar e, após um longo respirar, questionou-me: - Quer me fazer companhia?

Por cima do ombro, inclinei um pouco o pescoço, assentindo. Optei por deixar que Jungkook fosse na frente e, ao cruzar a porta de vidro, vi, de soslaio, a figura alta e elegante de Jeon Wonwoo, o qual gargalhava em uma roda de amigos. Porque fiquei um minuto inteiro parado o observando, Jungkook estalou os dedos na frente de meu rosto, como se me acordasse de um transe de séculos. Pisquei múltiplas vezes e limpei a garganta, agradecendo, de forma desajeitada, a cerveja que me era estendida pelo advogado.

Jungkook deu de ombros e girou os calcanhares, de forma a caminhar até a escada e, preguiçosamente, subir até o terceiro quarto. Ele abriu a porta e entrou sem cerimônias, e eu, logo atrás, porém, vez ou outra, eu olhava para o primeiro andar, vendo Min-gyu conversar de forma doce com Wonwoo.

Ao passar pelo batente, Jungkook disse ao abrir a janela:

— Feche a porta.

Senti um calafrio em minha espinha ao ouví-lo, mas fiz como ele havia pedido. Jungkook deixou a cerveja no balcão ao lado da janela e passou uma das pernas pelo batente desta. Assustado, deixei a minha garrafa de cerveja no chão e corri até ele, cujo me olhou desconcertado.

— O que foi, Jimin? — Jeon abriu um sorriso de canto. — Achou que eu fosse me jogar? — ao ver que eu fiquei completamente sem fala e, diga-se de passagem, um pouco vermelho, dei um passo para trás. — Min-gyu e eu ficávamos jogando conversa fora no telhado quando éramos mais novos. — Jungkook passou a outra perna para o lado de fora e, quando vi que havia uma espécie de plataforma, pude respirar calmamente. — Pegue a cerveja para mim. — semicerrei os olhos diante de seu sorriso convencido. O entreguei a garrafa como havia pedido e ele estendeu a mão para mim. — Você se propôs à me fazer companhia. Vai vir ou prefere ficar aí dentro?

Contorci os lábios e, após encarar sua mão estendida, decidi aceitá-la. Jungkook não mediu esforços para me ajudar a subir, o que me surpreendeu de fato. Em um ato impensado, decidi olhar para baixo, me arrependendo em seguida, pois segurei a mão de Jungkook com mais força ainda, fazendo com que o advogado risse.

— Não precisa ter medo. Não é como se eu fosse te deixar cair. — murmurou ao sentar-se no telhado. Cuidadosamente, fiz o mesmo, ainda amedrontado pelo fato de estarmos tão alto.

Uma onda de silêncio inundou nós dois. A água salgada de apreensão de começar um assunto e o medo do afogamento por não sabermos aonde iríamos parar nos impedia de fazer mais do que trocar olhares ou beber um gole de nossas cervejas.

— Viu Wonwoo? — Jungkook indagou após engolir, em seco, o líquido amargo.

— Vi... — suspirei. — Ele é tão bonito.

— Você é mais. — estupefato, o olhei. Ele, por outro lado, não viu nada de mais em sua fala, dando de ombros e agindo de forma indiferente.

— O relacionamento deles foi longo?

— Uns bons anos, mas sempre em segredo. Min-gyu tinha medo de Wonwoo deixá-lo caso recebesse muita atenção da mídia. — Jungkook pôs a garrafa do lado direito de si e, com ambas mãos, apoiou o peso de seu corpo, inclinando as costas um pouco para trás.

— E por que eles terminaram?

Jungkook me observou.

— Wonwoo foi para fora com seus pais e achou que seria melhor terminar com Min-gyu, para não fazê-lo ter um relacionamento à distância.

— Mas ele está de volta.

— Sim.

— E isso não impede que eles voltem. — sussurrei.

— Min-gyu está namorando você, Jimin. Ele gosta muito de você.

— Mas ele ama Wonwoo, eu pude ver a forma que ele olha para o acastanhado. — suspirei.

— Fale disso com ele, se tem tantas dúvidas assim.

— Não posso! — exclamei. Ao ver que respondi sem pensar, limpei a garganta. Abaixei o rosto e reformulei a frase: — A verdade é que eu tenho medo. A forma que Min-gyu olha para Wonwoo é... — Jungkook me interrompeu.

— É a mesma forma que estou olhando para você agora.

Imediatamente, ergui os olhos, me deparando com um Jungkook totalmente diferente dos dias anteriores, vulnerável, com um sorriso tolo em seus lábios finos e o rosto levemente inclinado para o lado.

— Pare de brincar comigo... — murmurei.

— O que te faz pensar que estou brincando com você? — astuciosamente, Jungkook aproximou seu corpo do meu, tocando nossos ombros.

— Nós brigamos desde que nos conhecemos, depois você disse que não me odeia, segurou minha mão aquele dia e agora está me olhando desse jeito.

Não é você que está brincando comigo, Park?


CONTINUA...

𝐀 𝐋𝐞𝐢 𝐝𝐨 𝐀𝐦𝐨𝐫Where stories live. Discover now