Capítulo Um

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Busan era uma cidade maravilhosa, pelo menos aos olhos dos forasteiros. As praias acolhedoras e românticas eram um convite para mergulhar na beleza natural da região. As paisagens que se estendiam diante dos meus olhos eram verdadeiras obras de arte da natureza, capazes de tirar o fôlego de qualquer turista.

Era impressionante como a cidade mantinha sua economia, educação e saúde em condições tão primorosas, garantindo o bem-estar de seu povo. Sua localização privilegiada e infraestrutura bem planejada tornavam Busan uma cidade praticamente impecável. As casas coloridas e os variados comércios davam um charme especial ao lugar, tornando a experiência de caminhar por suas ruas uma aventura agradável. Porém, seria desonesto e hipócrita da minha parte afirmar que Busan era perfeita. Infelizmente, o seu maior defeito estava nas atitudes de seus moradores.

Composta por uma sociedade fechada onde a tradição prevalece intocada, Busan tinha uma regra clara para os ômegas que nasciam ali: os ômegas, desde o momento em que nasciam, sabiam estarem destinados a viver para seus alfas. Desde muito pequenos eram ensinados a cozinhar, cuidar da casa, das roupas e dos maridos. Ao invés de aprender matemática, física ou química, eles aprendiam literatura, música, pintura, arte... A vida de um ômega era apenas para orbitar ao redor de seu companheiro.

Criados com a crença de que sua missão era serem seres gentis e submissos, estavam ali para satisfazer os desejos e necessidades daqueles que possuíam mais força e poder. Por gerações, os ômegas foram subjugados por alfas de todos os tipos e, lamentavelmente, a cidade tradicional de Busan não se mostrava diferente nesse aspecto. Era por conta dessa tradição estúpida que eu vivia a pior fase da minha vida.

― Jimin? Você está me ouvindo? ― A mulher de meia-idade balançava as mãos em frente ao meu rosto. Despertei dos meus pensamentos e balancei a cabeça delicadamente antes de focar meu olhar em seu rosto.

― Me perdoa, senhora Lim. Eu me distraí. ― Fiz uma pequena reverência, sentindo um nó na garganta ao lembrar das preocupações que me assombravam.

― Tudo bem, querido. ― Ela respondeu com um sorriso gentil. ― Eu perguntei se você quer que eu fique com Ji-sung para você hoje.

Agradeci mentalmente por sua compreensão e apoio. Respirei fundo antes de responder:

― Oh, sim. Hoje irei cobrir o turno de um colega, e eu devo chegar muito tarde. Agradeço muito a sua ajuda, senhora Lim. É reconfortante saber que posso contar com alguém como você.

Ela tocou carinhosamente meu ombro, seus olhos transbordando de empatia.

― Vai ser um prazer cuidar do Ji-sung. ― Ela disse, sorrindo ternamente. ― Saiba que eu sempre estarei aqui para ajudá-lo, Jimin. Aquele alfa... ele foi muito mal com você, querido.

As palavras dela despertaram as feridas emocionais que eu tentava esconder. Assenti, lutando para controlar a tristeza que ameaçava me dominar.

― Eu sei, senhora Lim. ― Murmurei com a voz embargada. ― Mas, como pai, preciso lutar para dar a Ji-sung um futuro melhor, apesar de tudo.

Ela assentiu, seu olhar refletindo uma mistura de preocupação e orgulho.

― Você é um pai incrível, Jimin. Nunca duvide disso. E Ji-sung é um menino especial, ele sempre encontrará em você o apoio e o amor necessários para enfrentar as dificuldades.

Aqjuelas palavras tocaram meu coração, reacendendo a chama de esperança que por vezes ameaçava se apagar.

― Obrigado, senhora Lim. Suas palavras significam muito para mim. ― Expressar minha gratidão era uma tarefa difícil, pois palavras nunca pareciam ser suficientes.

O Despertar Do Ômega - JikookWhere stories live. Discover now