Heréticos °Taejin° [Completa]

10 - Lucas 4:18-19

"O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor."

   Eu não queria ter ouvido aquilo, havia sido simplesmente a pior coisa que poderia escutar nesse momento. Saber que ele me amava era terrível, principalmente um vampiro – quando eles colocam os olhos em alguém e se afeiçoam a eles, são capazes de tudo, até mesmo se sacrificarem por um humano. E o que mais me doía era que sentia o mesmo por ele, sabia que era o mesmo sentimento, mas não podia, eu tinha muito a perder.

   Respirei fundo afetado e limpei meu rosto com as costas das mãos e saí do quarto a procura de algum lugar para me esconder, faria o possível para evita-lo durante o tempo que fosse necessário passar nesse castelo.

   Tempo esse que era impossível, precisava ficar até o efeito do sangue vampiro sair de meu corpo e ele entender que ainda era humano, mas eu ainda precisava me alimentar de Taehyung. Provavelmente o morcego leu minha mente ou compreendeu que eu queria me distanciar, pois era o meu pai que me encontrava e me entregava uma taça de sangue durante algumas horas do dia. Eu me enfurnei no terraço do castelo durante alguns dias, saindo do topo apenas para dormir. Era um lugar com uma passarela de uma torre para a outra descoberta, tinha a vista de todo o vilarejo, mas o lugar não tinha vista do castelo perto daquele precipício, era impressionante. Viviam perto dos humanos, mas os próprios não sabiam o quão perto era.

- Por quanto tempo continuará se esquivando? – olhei na direção da voz e observei meu pai sem os trajes de padre, ainda usava o tom de azul, mas agora em uma calça de alfaiataria e uma blusa bonita de botões bordada a mão, provavelmente o próprio havia feito nas últimas horas – filho.... quinze dias, vai fingir que aquele vampiro existe por mais quantos?

- O senhor não entende, é melhor assim!

- Me faça entende-lo! O que aconteceu?

- .... ele disse que me ama pai! Ele falou com toda a força nas palavras, e eu sei que é verdade, senti aqui – bati no próprio peito, e por conta do sangue que bebia era como se tivesse criado uma ligação ainda mais forte porque sentia cada parte do meu corpo e os pelos presentes se arrepiarem – ele não é apenas um homem..... é um vampiro também. Eu dediquei a minha vida inteira a ser um padre, corresponder a isso, seria deixar minha batina e até minha vida de lado. Ama-lo significaria a morte.

- E o ama? – me perguntou em sua voz serena, era tão calma que era como ouvir o canto de uma sereia.

- Sei que provavelmente irá falar que sentiria a mesma coisa por outra pessoa se eu passasse a mesma quantidade de tempo, mas... é diferente, ele se importou. E se eu o amo, não faz diferença. Minha vida é a igreja, não posso simplesmente largar tudo por ele.

- As vezes.... devemos seguir nossos corações – ele deu uma pausa – pode parecer louco, assustador, mas é a melhor opção. Sabe que não precisa viver como eu.

- Eu fiz um voto pai, três votos perpétuos na verdade – ergui os dedos mostrando a quantidade, sabia no momento também que literalmente era o único que ainda o cumpria em toda a Itália. Mas não era porque os outros a quebraram que eu pretendia quebrar também – não se lembra? Simplicidade em viver, obediência e a castidade por meio do celibato.

   Ele juntou as mãos em oração e fechou os olhos por alguns segundos, quando terminou a provável pedido, retirou do bolso um terço totalmente vermelho, pareciam ser pedras preciosas.