Heréticos °Taejin° [Completa]

11 - Apocalipse 1:3

"Feliz aquele que lê as palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que nela está escrito, porque o tempo está próximo."

   Dia 1 de maio.

   Os dias após a minha volta seguiram de forma tranquila – se é que poderia considerar algo tranquilo. Além do mais, minha cabeça no momento estava a prêmio na Espanha.

   A maioria dos moradores estava saudável, houve algumas mortes em minha ausência, mas eu não posso evitar todas, mesmo que eu quisesse. É um ciclo, as pessoas nascem, crescem e morrem – não contando os vampiros é claro, eles ficam apenas no nascem e crescem. A morte é ocasional.

   Eu não sentia sede do sangue daquele bendito vampiro, mas acabei ficando com algumas sequelas pelos dias em que bebi. Fui capaz de escutar os ratos perambulando pela catedral a noite e consegui salvar os pedaços de bolo e queijo na despensa, quando estou pensando demais ou nervoso, me locomovo rápido demais.

- Desde que lhe dei o terço, não o tira da mão – meu pai me observava enquanto pegávamos água para dar as ovelhas.

- Muitos pensamentos papa – fui sincero, contava bolinha por bolinha – o rei está a caminho sinto isso! E tenho medo, nos últimos dias ando pensando em qual batina devo usar em meu caixão, talvez devesse costurar uma nova. Ando pensando nas acusações, eles não sabem a respeito dos vampiros. O que me sobra a questão do "padre santo", serei o primeiro homem e padre a ser acusado de bruxaria.

   Resmunguei alto demais, me perguntava se seria necessário agora realmente um caixão, pois só sobraria minhas cinzas. Jarros são mais baratos que caixões....

- Não seja pessimista, iremos pensar em algo à respeito disso. Você não pode desistir só porque foi ameaçado de morte pelo rei da Espanha – deixou o balde já vazio em um canto e soltou o cabelo, tentando o ajeitar e prendeu em um coque com os próprios fios.

- Eu não fui ameaçado, foi uma afirmação – dei um suspiro – e o que o senhor estava falando com as mulheres que vieram se confessar hoje?

- Ah.... elas estavam elogiando meu gracioso filho que nas ultimas semanas lhes deu ótimos conselhos, que agora elas decidiram tomar um rumo em suas vidas e seguirão suas palavras.

- Mas eu não estava aqui – arregalei os olhos – o que Yoongi disse a elas? Não desconfiaram dele?

- Você não sabe quais são os poderes deles, né? – piscou algumas vezes e entramos na catedral – Jungkook consegue ver o futuro, pequeno daquele jeito possui um dom grandioso. Ele consegue ver até mesmo as possibilidades. Jimin apesar de um vampirinho amoroso, possui o dom de causar ilusões, realistas o suficiente que poderia toca-las. Hoseok lê nossos sentimentos, então ele sempre sabe se estamos mentindo, escondendo algo, sofrendo.... já o Yoongi, como posso dizer, ele vira outras pessoas.

   O escutei atento, nenhum deles havia dito que tinham um dom – em todos esses anos de convívio – as crianças eu até entendia, mas nem mesmo o Conde disse algo. Quando escutei a parte envolvendo Hoseok, respirei fundo. Então tudo aquilo que senti, tentei esconder, o que passei com Taehyung e até mesmo o que o próprio sentia, ele sabia. Não deveria ser um dom fácil de se lidar, muitas emoções misturadas me deixariam louco.

- Qualquer pessoa? – questionei e ele assentiu – então está me dizendo que ele se transformou em mim, até mesmo na voz?

- Uma cópia idêntica. Por isso que Hoseok e Yoongi cuidaram da catedral, eram os melhores para o serviço.

   Apenas assenti. As outras cartas daquele dia, eram referentes a algumas doações, pedidos de oração e uma carta que fiquei bastante feliz em receber. Era do Barão da fazenda de maçãs, informando que algumas pessoas do grupo que ajudei decidiram ficar na fazenda, como outros seguiram de volta para casa. Meu pai sabia um pouco da história por conta de minhas cartas, o pedi desculpas por isso – não havia voltado a escrevê-las, mas ele me disse que não era mais necessário.