[Série: Método Abramović.]
Carlos nunca teve muitas certezas na vida, mas a única que teve nos últimos meses é que ela sempre aparecia em seus chamados. Contudo, naquela noite estava atrasada e isso nunca aconteceu antes, não era um grande atraso, s...
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"Esta é a alegria, este é o verão, então continue vivo, fique vivo. Ponha sua medalha no peito, ela é bonita e nós estamos sozinhos fazendo amor doce, dando um tempo de tudo, mas Deus nos ataca! Esse ano passou voando bem rápido, mas é bem demorada a terceira marcha desse carro, deslizando para a quinta o cervo atravessa, os faróis apagam, nós o atingimos. Ao menos estamos sob a luz da lua agora. O solstício não está tão longe como costumava ser, você começa a embaçar nele e nós ficamos mais velhos. O verão não é tão longo como costumava ser. Você pode vir quando eu chamar de novo?" — Skyline To, Frank Ocean.
— Você parece jovem demais para ser a chefe de todos esses homens sentados aqui.
Svetlana falou e apontou para os seis homens sentados em seus sofás. Antoine Didion, Christian Horner, Adrian Newey e toda a equipe de Cora Didion, estava com os olhos bem abertos, repletos de ansiedade e curiosidade, a bielorrussa foi muito categórica quando disse que só conversaria com a francesa. Deixando todos em um estado catatônico de surpresa, logo no primeiro contato ela trocou a primeira frase em mandarim, sua vontade era criar uma conexão imediata e afastá-las daqueles homens. Poderia ser apenas uma ilusão, mas a francesa gostou de acreditar nisso, era importante deixá-la confortável para que tudo acabasse dando certo.
A casa dela era linda, não ficava na área metropolitana de Minsk e isso foi interessante de se observar, quando estava no carro recebeu algumas orientações. Não deveria falar muito sobre a viagem espacial, nem perguntar coisas sobre o governo, itens que Cora não falaria normalmente, também deveria ser simpática, Christian pediu para que ela não fosse tão aterrorizante, a francesa causava esse efeito nas pessoas. Agora estavam ali, uma encarando a outra, duas garotas que cresceram longe de seus países naturais e que pertenciam a mundos totalmente diferentes, apoiadas em uma escada e sentindo os olhares quentes perfurando seus corpos.
Rusak vestia uma calça jeans e uma blusa preta de gola rolê, o tipo de coisa que a francesa veste no dia a dia, elas são um pouco parecidas, não tanto em fisionomia, mas tem muito em comum. Suas personalidades e as mudanças repentinas que foram obrigadas a viver ao longo de seus dias, Didion imaginou que talvez esse fosse o motivo para ser escolhida e abraçou essa opção, precisava encontrar uma maneira de fechar aquele acordo, não importava o caminho escolhido.
— Será que você poderia se livrar deles por uma hora e meia? — A bielorrussa pediu.
— Essa é a vantagem de ser a chefe, você pode ordenar qualquer coisa e eles te obedecerão em silêncio.
Svetlana Rusak nasceu na capital Minsk, mas cresceu em um lugar bem diferente de Belarus, na China. Com três anos seus pais se mudaram para uma província chinesa chamada Guangdong, fronteira de Hong Kong e Macau, porém, ela nunca foi em nenhuma dessas. Seu pai é um médico renomado e sua mãe uma pintora amadora, Cora soube de todas essas coisas, qualquer um poderia saber, muito rapidamente, a garota se tornou uma celebridade, todos sabiam os seus passos e decisões. Era uma vida estranha e que, nunca pediu para ter, poderia ser inteligente e talvez genial, mas não queria que o mundo todo percebesse isso.
