07| O amor não vale em Marin, United States.

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"Conversamos à beira da piscina sobre o seu verão ontem, mesmo assim você segue sem me dar nenhuma chance

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"Conversamos à beira da piscina sobre o seu verão ontem, mesmo assim você segue sem me dar nenhuma chance. Eu poderia te fazer tremer? Eu também poderia te envergonhar? Poderíamos fazer acontecer? Temos tempo? Por vezes você sente a minha falta, alguns sons te fazem chorar, assim como algumas noites você dança com lágrimas nos olhos, vim te visitar, porque você me vê como um astro. É como nunca, te fiz usar o seu autocontrole e você me fez perder meu autocontrole." — Self Control, Frank Ocean.

Carlos tinha um sorriso estampado nos lábios, mas não sabia até quando ele iria durar.

Na verdade, ele sabia bem, até o momento em que seu pai decidisse abrir a boca e perguntar sobre ela. Não conseguia esconder o seu amor pela jovem francesa. Manter esse segredo era difícil. Gostaria de conversar sobre os detalhes que admirava nela com sua mãe ou apresentá-la para suas irmãs. Gostaria de revelar tudo o que sabia para o seu pai, mas era realista e consciente de que não poderia fazer isso ainda. A rodada canadense foi boa o bastante para o deixar confortável por uns dias, sem pensar tanto em estratégia ou temer a próxima corrida, Carlos só conseguia pensar nela. Só queria estar com ela.

Sua vontade era estar em um avião em direção ao litoral californiano e faria isso em breve, apenas precisava ouvir o sermão que seu pai jogaria em seus ombros. Era típico e comum, o patriarca dos Sainz é um homem preocupado com a família, a imagem e as carreiras de seus filhos, a do piloto ainda mais. Seus olhos observavam tudo e todas as coisas ao mesmo tempo, focado em tornar seu garoto de ouro em uma realidade do esporte, marcar seu nome na história e o deixar pronto para sobreviver em todas as décadas que seguissem. A posteridade importa muito para o homem, está correto de toda forma.

O filho entendia isso, mas ficava incomodado por vezes com o domínio criado por ele. Poderia ter alguns métodos um pouco carrascos demais, mas o importante é que funcionam e isso deveria bastar, bom, bastava, já que o filho não reclamava, nem esboçava reação alguma, apenas abaixava a cabeça e obedecia todas as ordens. Qualquer pessoa que observasse de fora entenderia como aquilo funcionava, nas pistas, Carlos é feroz, destemido e fora delas consegue ser bem desbocado quando quer, mas em casa? Nem chegava perto de acontecer algo assim, o silêncio dominava todos os espaços e os diálogos sempre soavam permissivos demais.

— Você vai me contar quem é a garota ou precisarei descobrir por conta própria? — Sua voz sempre soou muito grave, áspera e dominante, parecia um superpoder.

— Prefiro que me pergunte antes de vasculhar toda a minha vida e invadir o espaço dela — o piloto murmurou.

— Muito bem, qual o nome dela? De onde ela é? Tem uma boa família?

— Cora Didion, é francesa e sim, vem de uma boa família.

O pai sorriu contidamente, sentou-se em uma poltrona de frente para o filho e esperou mais informações e elas não vieram, como sempre. O silêncio ligou um alerta em sua cabeça, sinal que o garoto tentava lhe esconder alguma coisa, mas de toda forma, ele sempre acabava descobrindo, apenas gostava de ouvir logo. Carlos Sainz sempre odiou surpresas, mais do que qualquer outra coisa.

The Lovers| Carlos Sainz.Where stories live. Discover now