20. New Challenges

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POV Josh

Depois de dias de muito estudo e autoconhecimento, acordei mais cedo exatamente para vir até um lugar muito importante para mim, que inclusive não vinha há anos... Cemitério onde a mamãe está enterrada. Quando eu preciso realmente de um contato mais direto com ela, eu venho até aqui... mas estou empolgado para compartilhar tudo que está rolando para ela. Espero que ela se interesse em saber.

Acho o túmulo da mesma e me agacho olhando-o. - Oi, mamãe... - Suspiro. - Que saudades... desculpa não ter vindo mais pra cá... aconteceu tanta coisa... coisas não tão legais. - Fecho os olhinhos lembrando de alguns flashes de agressão do meu pai contra mim. - Por um lado fico feliz que você não está vendo nada disso... mas... não vim aqui para contar coisas ruins. Vim para contar algumas novidades. É... isso mesmo que ouviu... novidades... é... bom... teve as audições da Move começo do ano... e eu passei. Obviamente. Tudo por você, mãe... estou fazendo de tudo para te orgulhar como filho. Bom... estava. Porque uma pessoa virou minha vida de cabeça pra baixo... - Sorrio de leve e fico refletindo um pouco antes de voltar a falar. - O nome dele é Noah... nos encontramos pela primeira vez nas audições. Inclusive... - Suspiro. - Fiz algo que hoje em dia me arrependo completamente... mas prefiro excluir da minha memória do que ficar remoendo... já é passado. Enfim... nos conhecemos lá, e ele me deu um certo medo nas audições... o cara é talentoso pra caramba... daria tudo para você ter ouvido a voz dele junto comigo, mamãe... é incrível... - Sorrio fraco lembrando. - Mas... ele não passou... e desde aí, ele criou o próprio clube de música para também participar dos campeonatos. Pois é... contra mim... mas na época eu o odiava... tinha uma aversão a esse moleque... nem eu entendia direito... mas minha mente alimentava mais e mais esse surto em odiá-lo. Mas ai... as coisas começaram a ficar diferentes... ele não saia mais da minha cabeça... acredita, mamãe?... que raiva! - Rio fraco, o que é uma coisa rara. - Sabia que eu cheguei a faltar dos ensaios para tentar vê-lo? Sim... eu, Josh Beauchamp, a pessoa mais dedicada do mundo, faltando em ENSAIOS para ver uma pessoa... até agora fico maluco pensando nisso...

- Mas enfim, adiantando a história, a minha amiga a Sina, sabe? Ela preparou uma festa de aniversário para nós dois de surpresa. É... outra curiosidade sobre isso tudo, eu e ele fazemos aniversário no mesmo dia... mas eu sou um ano mais velho. E nessa festa, mãe... tivemos um momento... muito especial no meu quarto. Mostrei sua fotinho para ele e ele amou te conhecer. Disse que somos praticamente a mesma pessoa... isso me deu uma sensação tão boa... e além disso, eu e ele tivemos uma conexão bem intensa lá... meu coração bateu até mais forte... - Suspiro. - E então... chegamos a social que rolou junto com uns amigos meus... muita música, jogos, curtição, álcool... coisas de jovem que você sabe bem. E... bom... aconteceu algumas coisinhas entre eu e ele... a gente se isolou no gramado em frente ao bosque, e eu pedi um beijo dele... mas... no meu rosto. Ele deu o beijo e as coisas começaram a ficar... mais... quentes...? Não sei... ele encheu meu corpo de beijos... parecia que ia rolar algo a mais ali... e depois disso eu ainda assumi a ele que ele faz eu me sentir vivo... o que... é uma verdade até, sabe? Depois que você morreu, minha vontade de viver foi junto... mas depois que eu o conheci, parece que ele me trouxe de volta essa vontade... mas isso somente quando estou perto dele... 

Ouço uns passos distantes e verifico se tem alguém se aproximando. Quando vejo que não, volto a falar mais tranquilo e mais baixo. - Eu fui para a casa dele no final da social... e... nós nos beijamos... - Logo quando lembro disso meu coração se acelera. - É, mamãe... eu meio... que beijei... um menino. - Respiro fundo meio tenso falando disso. - E desde aí, minha pessoa nunca mais foi a mesma... bom... desde tempos atrás, desde quando o conheci. Mas aquela madrugada, foi... surreal. Eu... senti vontade dele... sabe? Eu queria ele pra mim... só pra mim... e normalmente eu sentia isso por meninas na adolescência... foi bizarro... muito confuso. Então, no dia seguinte, conversei muito com a minha irmã sobre e foi bem legal... ela me tranquilizou em várias coisas. E ainda... me emprestou aquele trabalho que você fez quando jovem, sobre a comunidade LGBTQIAP+... viu? Estou sabendo até falar a sigla certa... - Sorrio fraco orgulhoso de mim. - Mãe... você é tão gigante... aquele livro é tão caprichado... tão detalhado... e feito de uma forma que prende qualquer um. E me prendeu... aprendi tanta coisa... e me deu a luz no caminho que eu precisava... e... depois desse grande resumo sobre meus últimos dias, vim aqui te dizer... nem sei ainda se com tanta certeza... mas... creio eu que você tem um filho Bissexual... ou Gay... - Depois de pela primeira vez assumir isso a "alguém", sinto como mágica um peso saindo das minhas costas. Foi instantâneo e uma sensação muito libertadora de se sentir. Com isso, consigo até abrir um sorriso. O mais aberto que abri até agora desde a morte da mamãe. -  Sim... você está sendo a primeira pessoa a saber. Estou a dias sem falar com o Noah... depois daquela madrugada eu meio que sumi da vida dele e depois o avisei que precisava descobrir sobre mim antes de qualquer coisa... eu... só tenho pavor de um dia machuca-lo... eu não me perdoaria nunca. Eu passo mal quando o vejo mal... por qualquer coisa mesmo. Sei lá, parece que me sinto culpado de tudo que o faz sofrer... mesmo se nunca tem a ver comigo... enfim, prometi a mim mesmo me auto conhecer antes de mergulhar nisso tudo que estou vivendo com ele... quero ter certeza de quem eu sou antes de qualquer coisa. E... parece que agora eu tenho... 

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