track one: um skate de rodinhas coloridas como boas-vindas.

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ROCK IN' LOVE
o n e.

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VERÃO DE 1987.

A cidade parecia mais quente desde o último verão. Pela janela aberta do táxi, permito que a brisa do entardecer acaricie meu rosto enquanto contemplo o marulhar das ondas diante do mais belo pôr-do-sol, envolvido em tons de cobre e dourado que refletiam sobre minha pele carente daquele calor que se derramava por cada esquina. O verão aquecia os apaixonados em Sunsunny. Sempre intensa e tão quente, aquele lugar protagonizava eternos romances abençoados pelo sol, juras sussurradas entre canções de amor da rádio e sonhos que se condensavam pelas trilhas de areia. Pacífica, às vezes tediosa e perdida por entre as metrópoles, o detalhe de ser tão calorosa fazia aquela cidade ser o melhor lugar entre todos os melhores lugares do mundo.

A música que tocava nos fones não fazia mais jus à calmaria no segundo em que retorno meu raciocínio do porque eu estava a ponto de derreter dentro de um táxi. Talvez fosse pela má escolha da fita no walkman, mas eu sabia que não. Ainda era estranho me recordar de que a duas semanas atrás eu estava praticamente implorando para morar com o meu irmão pelo motivo mais idiota possível: minha colega de quarto decidiu juntar as escovas com o namorado e, sendo sincera, o dormitório não era tão bom assim. Chris não esperou mais do que cinco segundos para concordar com minha mudança repentina, apenas salientando o fato de que não seríamos apenas nós dois no apartamento.

Me volto novamente para a janela do táxi, apreciando da beleza celestial daquela praia que, em reminiscências não tão distantes, se resumia a aventuras do ensino médio, queimaduras solares, música e amores não correspondidos porque, nessa parte em específico, eu nunca havia obtido sucesso. Com o fim do ensino médio as coisas mudaram, e a vida que passei a levar era tranquila, nada muito aventureiro como a de alguns universitários por ali, mas sim do tipo em que ainda existia tempo e vontade para assistir o sol se pôr no horizonte marítimo depois de um mergulho. A infinidade azul que colore o céu sussurra nas entrelinhas dos raios de sol algo novo que eu ainda não conseguia decifrar, mas acontece que sempre fui apaixonada em desvendar o que cada estrofe de um poema tão singular como aquele poderia oferecer.

No fim da avenida, consigo enxergar a silhueta de Chan contra o dourado do sol que passava por entre os coqueiros, o concedendo um visual beirando ao etéreo de tão lindo. Pago o taxista, e antes que eu pudesse pensar em abrir a porta do carro, Chan o faz, me envolvendo em seu abraço como uma muralha protetora que cheira a loção pós-barba e protetor solar. Me desfaço dos fones e afundo o rosto em sua camisa de banda de rock, ignorando o calor que estava quase nos reduzindo a manteiga derretida.

— É tão bom te ver de novo. — Chan sussurra, deixando um selar suave em minha testa.

— Pra esse abraço durar mais que cinco segundos, realmente é bom. — consigo escutar sua risada contra minha pele.

ROCK IN' LOVE ♥︎Where stories live. Discover now