entre dias ensolarados e rock in' roll, mia se depara com um reencontro nada convencional com hwang hyunjin, seu antigo colega de classe no ensino médio. com os óculos pendendo atrás do pescoço, skate nos pés e um maldito sorriso de galanteador nos...
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[SUNSUNNY, 17:20]
Pego um ônibus para Sunny Beach, um bairro distante do centro, debaixo de um sol escaldante que explodia quase 40° nos termômetros da avenida principal. Passo pela catraca enferrujada após pagar o cobrador, seguindo rapidamente para um dos bancos perto da janela antes que o motorista arrancasse. A guitarra pesava dentro da bolsa em minhas costas, mas aquele detalhe era uma das minhas últimas preocupações diante do calor que quase me reduzia a sorvete derretido. Através do vidro arranhado observo a cidade também se derretendo em amarelo-ouro e laranja luminoso, refletindo raios dourados entre as ondas que iam e vinham à beira-mar. Em meio à música agitada que soava nos fones de ouvido, viajo até o passado, onde costumava passar tempo demais na praia com Chan, dividindo um picolé de chocolate que quase não conseguíamos saborear porque sempre derretia enquanto jogávamos bola entre o som contagiante de nossa risada.
Me desfaço dos fones assim que o ônibus finalmente parar no ponto de meu destino. Guardo o walkman no bolso do short que usava enquanto caminho para dentro de uma escola de música infantil que, em parceria com um projeto de verão da faculdade, seria agraciada por uma tarde de piscina e show de alguns artistas locais, me incluindo neste meio. Ainda que fosse uma apresentação não tão grande, minhas mãos suavam, não apenas pelo calor. Sou recebida com sorrisos na área recreativa, onde as crianças se divertiam entre a piscina e o karaokê, assim como Chan e eu fazíamos a alguns anos atrás. Estou tão concentrada em arrumar os aparelhos que não percebo que estou acompanhada, e aquilo estava acontecendo com tanta frequência que, mesmo que eu tentasse negar, eu sabia quem estava ali me assistindo como um grande admirador, porque aquele perfume era inconfundível.
Ele era inconfundível.
Era como se Vênus tivesse concedido um de seus filhos para aquela cidade, feito inteiramente de sol e mergulhado numa beleza que beirava o irreal de tão intensa, encantadora e, particularmente, disposta a mexer comigo de tantas maneiras que eu não conseguia e nem podia contar. Havia algo diferente, e constato que seus cabelos rente a nuca foram ligeiramente cortados, o conferindo o visual do rockstar mais irresistível daquele lugar, carregando o clichê daquele bad boy lindo e baderneiro colecionador de cartas de amor e corações apaixonados porque o meu, talvez, estivesse berrando, sacudindo, saindo de órbita apenas por aquele detalhe.
Um sorriso puxa seus lábios para cima quando ele nota que minha atenção está nele e unicamente nele.
— Oi, vizinha. Isso é mais um de nossos encontros não planejados? — ele se coloca ao lado de minha guitarra, deslizando os dedos pelas figurinhas que a decorava.
