entre dias ensolarados e rock in' roll, mia se depara com um reencontro nada convencional com hwang hyunjin, seu antigo colega de classe no ensino médio. com os óculos pendendo atrás do pescoço, skate nos pés e um maldito sorriso de galanteador nos...
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Um trovão soa abafado por entre as nuvens pesadas ao mesmo tempo em que procuro por uma toalha no banheiro mínimo do quarto. No fim, encontro uma cor de rosa no fundo da gaveta junto de dois sabonetes, e constato que tomar um banho não parecia ser uma má ideia tendo em vista o visual tenebroso que me conferia, mas deixo aquele fato de lado quando assisto Hyunjin passar pela porta trazendo chocolate e coca-cola. Ainda parecia assombrosa a ideia de passar a noite naquele quarto minúsculo com meu vizinho conquistador e, como se não pudesse ficar pior, teríamos de dividir uma única cama. Eu estava dentro do maior clichê de todos os tempos, e me assustava notar que aquilo não se desenrolava de uma forma tão ruim assim. Hwang me entrega uma das barras de chocolate, passando os dedos livres pelo cabelo ligeiramente úmido.
— É o nosso jantar — ele diz, se sentando na cama. — Sei que chocolate amargo é seu favorito.
Dirijo minha atenção para a embalagem de chocolate e vejo que seguro o que mais gosto desde criança entre dos dedos. Deixo escapar um sorriso, me desfazendo do plástico que o protegia.
— Obrigada.
O chocolate tem sabor de saudade a cada mordida, e por breves segundos sou levada para o tempo em que implorava para que Chan o pegasse naquelas máquinas de guloseimas porque parecia difícil demais para mim.
— Você pode se sentar também, Mia. — Hyunjin aponta para o colchão depois de terminar seu chocolate. — Eu não mordo, a não ser que você peça.
Ele lança uma piscadela e então estou em chamas, ainda que o mundo desabe do lado de fora.
— Não começa, Hyunjin, só não queria molhar a cama mas acho que você já fez esse trabalho.
Ocupo o lugar ao seu lado, saboreando o restinho da coca-cola. O colchão é macio, tem cheiro de casa, de um conforto agradável que me permito deslizar os dedos pelo tecido suave que o cobre. Sem que eu note, me aproximo de uma das mãos de Hyunjin e ouso toca-la com o indicador, traçando delicadamente minhas digitais pelos rabiscos eternizados em sua pele que, mesmo levemente queimada de sol, ainda era agradável ao toque. Seus dedos se entrelaçam nos meus no segundo seguinte, e qualquer demonstração de euforia que eu estivesse tentando segurar foi por água abaixo. Ainda há um último pedaço de seu chocolate que aguardava para ser saboreado, mas quem faz isso sou eu quando Hyunjin o posiciona rente aos meus lábios, insinuando para que eu os abrisse. O doce derrete em minha língua junto dos trovões que se fazem na trilha sonora de Sunsunny, mas tudo o que consigo pensar e que, talvez, os lábios dele sustentassem o mesmo gosto daquele chocolate.
— Sabe, Mia, eu acho que quebrei uma regra de Chan. — ele está perto, muito perto para que sua respiração se misture com a minha.
— Como assim, Hwang? — franzo o cenho, lenta demais para entender o que estava subentendido naquela declaração.
