track five: a flecha do cupido e hwang hyunjin.

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ROCK IN' LOVE
f i v e.

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Não me recordava exatamente do momento em que voltei para dentro, mas havia algo divertido em assistir Changbin e Minho arriscando uma performance ligeiramente embriagada no karaokê ao som de Madonna. A casa era uma mistura caótica entre copos espalhados pelo chão e caixas de pizza sobre o balcão onde eu estava sentada mais uma vez ao lado daquela garrafa de licor, rodando a tampa áspera entre os dedos conforme penso seriamente se deveria arriscar a beber mais um pouco. O líquido reluzia dentro do recipiente de vidro a par das cores que giravam e giravam através das luzes de discoteca, criando um ambiente quase típico de festas e prematuramente natalino visando os pisca-piscas presos por fita nas paredes. Estou encarando o rótulo tempo demais para perceber que não estou mais sozinha e, no segundo seguinte, a garrafa é tirada do meu alcance. Talvez eu não quisesse cooperar com minha própria percepção, mas aquele perfume era inconfundível.

Hyunjin coloca a garrafa de volta na adega enquanto traga pela última vez antes de descartar o cigarro em algum canto que eu não consigo visualizar.

— Se divertindo? — ele pergunta, sustentando no olhar um brilho interessante, como se o reluzir das estrelas no céu de Sunsunny estivesse inteiramente ali, em suas pupilas.

— Talvez. — desvio o olhar para Changbin e Minho, deixando um sorriso escapar ao vê-los escolher outra música para mais uma performance.

— Mia, a personificação do irresistível mistério — um sorriso ilustra seus lábios, e aquela maldita argolinha pareceu sussurrar por meu nome. — Você me concede o prazer de desvenda-los?

— Você e seus flertes, qual é, Hwang — reviro os olhos. — Não era você que 'tava caidinho por alguém?

Hyunjin se aproxima, ficando perto demais para que posicionasse suas mãos sobre o balcão, beirando o alcance de minha cintura.

— Talvez, Mia. E 'pra mim é quase palpável de tão óbvio.

— Ah, claro, bem óbvio — poderia ser o efeito da bebida em meu sangue ou qualquer outra coisa, mas antes de calcular o que deveria falar, eu já estava falando. — Aquela garota realmente parecia estar bem feliz, 'tava até comentando com as amigas sobre o quão charmoso Hwang Hyunjin é.

Há um brilho diferente quando ele sorri, tão único que, mesmo se eu tentasse, não conseguiria negar a constatação daquela garota.

— O que é isso? Ciúmes?

— Você é convencido demais, Hyunjin.

Seus lábios se pressionam um no outro, logo voltando mais avermelhados do que estavam a segundos atrás. Sua atenção alterna entre meus olhos e minha boca, e por um segundo estou naquela salinha de música empoeirada ao som de algum rock meloso ansiando para que seu mundo colidisse com o meu num irresistível baile de beijos particularmente nosso. Hyunjin está perto demais para que sua testa se esbarre com a minha, e meus gritos internos me impressionam a não pedir para que eu me afastasse daquele baderneiro tentador. Eu poderia, talvez eu quisesse, implorasse por aquilo, mas no segundo seguinte escuto Felix clamando por meu nome ligeiramente desesperado e, no fundo, eu sabia do porquê.

— Felix Lee... — Hyunjin sussurra, e ainda que estivesse escuro pude ver suas bochechas coradas como o rosado que coloria meus lábios naquela noite.

— Preciso ir. — digo apenas, descendo do balcão.

Jisung aparece ao lado de Felix, sinalizando para que eu fosse e, no segundo seguinte, um aperto suave em meu braço me impede de ir. Hyunjin não diz nada, mas seus olhos sussurravam o que poderia estar entalado em sua garganta. O deixo por ali e sigo pelo corredor que me leva até Lix e Ji, mesmo que meu interior berrasse para que eu voltasse para aquele balcão. Felix entra em um quarto e sei que é de Minho pelo design da decoração e, jogado pela cama, está Chan, aparentemente bêbado demais. Jisung está olhando para mim antes de minha atenção estar em seu rosto, e lendo sua expressão derrotada eu sabia o que ele queria dizer.

— Um táxi agora seria caro demais, não é? — Jisung sussurra, passando a mão pelos cabelos levemente bagunçados. — Não estamos em boas condições 'pra dirigir.

— O Binnie...? — pelos olhos de Jisung eu já sabia da resposta, Changbin não iria para casa.

As bochechas de Chan estão coradas, exatamente como ficavam a poucos anos atrás depois da bebedeira em uma festa do Minho. Peço para Felix pedir um taxi enquanto eu e Jisung o ajudamos a ficar de pé. Ele sorri para mim, um sorriso tão doce que não posso resistir em sorrir de volta.



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[SUNSUNNY, 03:30]

Chan está sonolento conforme o ajudamos a se ajeitar de forma confortável em sua cama. Deixo uma garrafa d'água na cabeceira e um beijo marcado de cor de rosa em sua testa.

— Você é minha heroína, sabia? — ele resmunga, segurando uma de minhas mãos.

— Eu sei, bobo — acaricio sua bochecha levemente corada. — Descansa.

Ao me voltar para a saída, pego Jisung assistindo a cena encostado na soleira da porta. Ele sorri, e eu o acompanho.

— Ele vai ficar bem. — seus cabelos continuam uma baguncinha, e constato que ele ficava lindo daquele jeito. — Topa dividir um ramén?

— Topo, com certeza. — minha barriga faz barulho no instante seguinte, arrancando uma risada de nós dois.

O ramén está pronto, e sem que perceba estou sentada sobre o balcão porque parecia trabalhoso demais andar até o sofá. Jisung me acompanha, e em poucos minutos finalizamos o potinho de ramén sem questionar do porquê ele parecia tão picante. O rosto de Jisung está vermelho, e no segundo seguinte estou com as mãos em suas bochechas.

— É. Picante. Demais — ele diz pausadamente. — Não tinha visto que era de pimenta.

— 'Tá tudo bem, eu tenho uma queda por ramén de pimenta.

Ele sorri, o que lhe confere um visual adorável a par de suas bochechas um tanto rosadas. Estamos nos encarando por segundos que não posso contar, e não me lembrava do momento em que nos aproximamos demais até que seu perfume acaricia minhas narinas. A ponta de seu nariz encosta no meu, e sei que, a meses atrás, eu não hesitaria em beija-lo, havia desejado aquilo por tantas vezes que parecia irreal estar acontecendo agora. Mas o que me atormentava naquele segundo não era estar a um passo de beijar Jisung, era meu coração vacilante, que berrava para eu não fazer porque não era justo. E por que não seria.

Era aterrorizante admitir, talvez a coisa mais maluca para quem dizia que aquilo era improvável de acontecer, mas estava acontecendo. Naquele instante, a certeza brilhava como uma supernova.

Meus pêsames, coração, pois o abominável clichê do cupido acaba de flecha-lo pelo maior conquistador e baderneiro daquela cidade: Hwang Hyunjin.






                                             ♡
                            

boa noite!
espero, de coração, que
estejam gostando.

beijocas e até o próximo capítulo. 🩷

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