entre dias ensolarados e rock in' roll, mia se depara com um reencontro nada convencional com hwang hyunjin, seu antigo colega de classe no ensino médio. com os óculos pendendo atrás do pescoço, skate nos pés e um maldito sorriso de galanteador nos...
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[SUNSUNNY, 1985, baile de formatura.]
A saia do meu vestido poderia ser a maior bagunça daquele baile se não fosse a que estava acontecendo dentro de mim, que era muito maior. Todos se aglomeravam em expectativa pelo anúncio do rei e da rainha mas eu não me importava, até escutar meu nome ecoar pelas caixas de som. Por um segundo tudo se torna um borrão, e então sou a atração principal sem nem ao menos tentar não ser. A coroa brilhante se encaixa por entre meus cabelos, e aquele reluzir me torna uma estrela em meio às luzes de discoteca e globos espelhados. A atenção de todos está mim até o nome do rei do baile ser chamado, então assisto a multidão se condensar em gritos e euforia quando o dono daquele par de olhos felinos — quase — irresistíveis ocupa seu lugar ao meu lado.
Hwang Hyunjin, o colecionador de cartas de amor, dono do telefone de quase todas aquelas garotas da primeira fila o admirando ser coroado e do meu primeiro beijo. Parecia idiota, foi um beijo, só um beijo, coisa que ele poderia ter de quem ele quisesse, mas ainda mexia com alguma coisinha no meu interior mesmo que eu não gostasse dele, porque meu coração era de outro garoto. Era, claro que era. Han Jisung era um sonho, e eu não poderia estar na de um baderneiro que me fazia de alvo das suas piadas, não mesmo. Ele não era tão interessante assim, ou tão lindo, ou tão... ele. Estou perdida o suficiente em meus pensamentos para não notar que seus dedos estão enroscados nos meus enquanto o fotógrafo registra aquele momento inusitado. Fomos pegos de surpresa, ou talvez apenas eu, porque era cristalino o fato de que o título de rei do baile sempre foi dele.
O momento da dança de pares chega sorrateiramente, o que me faz sair à procura de algum lugar para me esconder, mas um par de mãos em meu ombro me impede de continuar. Mesmo antes de me virar eu sabia quem era. Aquele perfume era inconfundível.
— Me concede essa dança, rainha do baile? — Hyunjin estende a mão até mim, e o cintilar da coroa a par de seus cabelos o concede um visual beirando o etéreo de tão lindo.
— 'Todas as garotas querem ser seu par, Hyunjin. — digo o óbvio, apontando para a turma de meninas ansiosas num canto do pátio.
— E eu quero que você seja o meu. — sua mão continua estendida.
Seus olhos imploravam silenciosamente para que eu a segurasse, era quase palpável, mas eu queria Jisung. Eu queria Jisung? A questão se faz presente por segundos que parecem se estender por uma eternidade, e sou pega de surpresa ao constatar que aquilo era uma dúvida, e não uma afirmação. Eu gostava de Jisung, era fato, mas por que Hyunjin ainda ocupava um lugar interessante em meus pensamentos o tempo todo? Meu coração, de alguma forma, acelerava ao vê-lo, e ainda era confuso definir o significado daquela euforia. Eu o odiava. Eu o odiava?
