Capítulo 7: A bola de neve está maior

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Elizabeth Stephenson fechou a porta de entrada e começou a andar pelas ruas escuras de South Park, à espera de sentir alguém frágil para que pudesse levar para fazer companhia para seu pequeno Phillip Pirrip. Ela não gostava de sentir o ar de solidão que emanava dele, a deixava irritada e a carne dele ficaria pior ainda.

Ainda não podia colher os outros, não estavam nem perto de estarem prontos. Uns precisavam sentir mais medo, outros serem pressionados mais... Mas Phillip estava quase perfeito, a Stephenson salivava somente de pensar em cozinhar a carne do loirinho e abocanhá-la.

Ver ele devorando os restos daquele gato imundo que achou na rua foi tão satisfatório que ela regozijava de tanta alegria, seu corpo tremia de tamanha vontade que ela teve de interromper todos os seus planos e simplesmente devorá-lo ali mesmo.

Seus olhos deslizaram pela calçada, visualizando uma garota de cabelos vermelhos andar em zigue-zague e os sentimentos que emanavam dela eram totalmente turbulentos e tudo parecia indicar que ela estaria bêbada.

— Ah, isso será fácil demais...

Murmurou, contendo seu sorriso e dentes que pareciam querer mudar, aproximando-se devagar da jovem adolescente, tocando seu ombro de forma gentil.

Ela virou em sua direção, parecendo tonta e confusa e, analisando mais de perto, estava realmente alcoolizada e mal se recordaria dos acontecimentos.

— South Park é perigosa de noite... Ainda mais para mulheres como nós, o que acha de eu acompanhá-la?

— Não posso ir pra casa — Red chorava, com sua fala extremamente embolada — Minha mãe não merece me ver desse jeito, ela já está tão atolada em dívidas do divórcio, do hospital... Não posso aparecer assim!

Ela está se entregando, de bandeja.

— Nesse caso, pode dormir em minha casa... Possuo um quarto vago.

Seus dentes se afiaram, não conseguindo mais impedir que seu riso viesse.

— Não posso beber mais, já estou começando a ter algumas alucinações esquisitas... mas eu quero sim, muito obrigada!

A garota murmurou, passando a ser guiada pela mão suave de Stephenson.

[ ... ]

O dia se iniciava na cidade, tudo muito barulhento e iluminado. Até uma folha caindo fazia Kenny McCormick se incomodar, este que havia acabado de despertar de seu sono, sentia sua cabeça pesar e toda a luminosidade o fez fechar seus olhos, mesmo que houvesse acabado de os abrir.

— Merda,... eu nunca mais vou beber.

Murmurou, em um fio de voz e começou a se remexer em sua cama de solteiro sentindo a coberta lhe faltar, além das calças. Mas, sua agitação na cama fez seu companheiro segurar sua blusa de maneira forte e um tanto desesperada.

— Kenny... eu vou cair! — A voz sonolenta de Leopold chegou aos seus ouvidos e isso lhe fez ter alguns flashes da noite anterior.

Assim que todos foram embora, a casa estava totalmente vazia e a bebida agindo fortemente em ambos os corpos, fazendo-os realizar atos que já faziam sóbrios, porém, com mais intensidade e em locais um tanto inéditos.

Os braços de Kenny envolveram o garoto para impedir que ele fosse ao chão, enquanto tentava abrir os olhos mais uma vez.

Um sorriso pequeno emergiu em seus lábios ao olhar para o rosto amassado de quem havia acordado recentemente de Leopold, seus fios bagunçados e a falta de uma camisa nele. Seu riso suave fez o jovem Stotch demonstrar certa confusão em sua face, estranhando aquele repentino bom humor do outro.

— Você está horrível, parece que foi atropelado por dois elefantes e um Cartman.

Leopold se fingiu de ofendido, apertando as bochechas do McCormick, estas que estavam cheias de curativos coloridos, como sempre.

— Devia se olhar no espelho, você parece um morto-vivo.

Eles pareciam totalmente leves, sentindo que flutuavam. Ignoravam a ausência da maior parte de suas roupas, ou até mesmo a falta do cobertor, decidiam não romper aquele momento aconchegante e que lhes fazia parecer um casal de verdade.

Porém, somente a vontade de ficarem presos naquele momento por toda a eternidade não bastava. Alguém tocando a campainha sem parar e a porta sendo praticamente esmurrada lhes chamou a atenção, fazendo Kenny bufar.

Ele já criava diversos cenários em sua cabeça, imaginando que eram seus pais — bêbados e chapados — que estavam do outro lado.

— Eles devem ter perdido a chave na rua, de novo — Kenny resmungou, seu bom humor havia ido para o ralo e sua voz se demonstrava estressada — Fica aqui, Leo. Eles costumam ficar meio agressivos quando estão alterados.

Beijou a testa do garoto antes de deixar a cama toda para ele e começando a catar o resto das próprias roupas no chão e vesti-las com certa rapidez e apalpar os bolsos de sua calça de moletom, verificando se as chaves continuavam por ali.

Eles vão me bater pra caralho, espero que os cigarros estejam apagados.

Após essa confirmação, cruzou a casa em passos duros e abriu a porta com rapidez, a raiva em cada dedo, movimento.

Assim que olhou quem estava do lado de fora, suas expressões duras foram substituídas por surpresa e choque, afinal, Wendy, Stan e Kyle estavam ali e o sol indicava que ainda era bem de manhãzinha.

Eles ainda trajavam as roupas da noite anterior, inclusive, a mancha ainda estava na manga esquerda do casaco de Stan.

— Por que estão aqui a essa hora? E com essas roupas?

Kenny pode perceber quão cansados o trio parecia e deixou-os entrar. Marsh coçava os olhos de vez em quando, assim como Kyle parecia dormir em pé e seus bocejos constantes denunciavam isso. Além das olheiras de Wendy, bem evidentes.

— A Red sumiu, Kenny! Verificamos na casa dela primeiro e nada... — Wendy mal conseguia sentar, apesar dos pedidos silenciosos de Stan. Sua fala e trejeitos deixavam notório quão agitada ela estava, parecendo que estava prestes a ter um colapso nervoso — Depois passamos a madrugada inteira procurando por ela.

— Ela pode estar na Bebe, não? — Kenny respondeu, conforme pegava um pouco de café para os três e gritava o nome de Leopold — Wendy respira fundo. Ela com certeza está bem e vocês precisam descansar.

— Bebe dormiu com o Clyde, provavelmente nos dois sentidos — Foi a vez de Kyle responder — Tentamos ligar pra Red, pra Bebe, pro Clyde, mas nenhum deles atendeu, só chamava sem parar.

Leopold surgiu pelo corredor, ajeitando a própria roupa e começando a ajudar Kenny, que estava atrapalhado.

Ele moveu seus olhares pela tensão jazente no cômodo, engoliu em seco entregando a caneca de Wendy e voltou-se para o McCormick.

— O que está havendo, Kenny?

— O início de mais uma merda gigante.

[ ... ]

O quarto era uma bagunça, algumas roupas jogadas pelos cantos e diversos desenhos nas paredes e, em uma cama de casal — esta que havia sido recém-adquirida — dormia Craig Tucker e Tweek Tweak, abraçados e pareciam que não iam se largar.

Em meio a toda aquela zona, havia o roupeiro. Ele jazia entreaberto, com algumas pelúcias caindo para fora.

Um sorriso largo e pontudo emergiu na escuridão do armário, além de olhos misteriosos e hipnotizantes.

— É sempre bom revisitar meus meninos favoritos.

PadecerOnde histórias criam vida. Descubra agora