Capítulo 8: Doces sonhos, terríveis pesadelos

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Estava tudo escuro, dentro dos confins da mente adormecida de Tweek Tweak, onde o loiro encontrava-se em meio a toda aquela escuridão. Seu corpo tremia de dentro para fora, os sentimentos de pânico e desespero eram reais, reais demais para seus sonhos usuais.

As luzes se acenderam e quando ele se deu conta, estava apenas no corredor do colégio, milhares de alunos sem rosto — ou seja, pessoas sem a mínima importância — andavam, mas isso não deixava de ser assustador.

Apenas seus amigos tinham expressões faciais, o resto era incrivelmente macabro, de certa forma.

Sentiu Craig enlaçar sua mão na sua, ambos trocaram sorrisos cúmplices e apaixonados. O sonho pareceu ganhar certo conforto, cores quentes e até algumas flores em jarros nos cantos dos armários.

— Tudo bem, docinho? — A voz anasalada do moreno tinha um tom quase imperceptível de preocupação, mas Tweek percebia. Ele sempre via os sinais discretos de seu namorado, mesmo que fosse uma versão deturpada de um sonho — Você parece mais pálido que o usual...

O loiro suspirou e sorriu, sentindo-se tão apaixonado por seu namorado, chegando a se ver no pensamento sobre quão parecido ele era com Craig da vida real, e isso o fez parar no meio do corredor de maneira repentina.

Craig do sonho estava apenas alguns passos de distância e ainda o encarava com aquela tenra preocupação.

Aquilo era um sonho lúcido? Se era, porque ele não conseguia fazer o que bem entendia?

Parecia algo que lembrava de ouvir Butter falando,os sonhos interativos. Onde tudo ao seu redor vai seguir um roteiro e você está apenas no meio daquilo.

Céus, precisava parar de ouvir as conversas de maconheiro de Leopold e Kenny.

— Docinho? Vamos, a professora Willow disse que tinha uma surpresa para todos nós.

Enquanto continuava parado, alguém chegou e lhe abraçou de lado. Era Kenny e parecia tão alegre para uma segunda de manhã.

Isso fez Tweek sorrir e pensar sobre como o subconsciente é engraçado.

— Bora, Tweek! A professora só vai dar a surpresa se você estiver na sala. Sabe como é, depois do Pip, você é o segundo favorito dela.

O loiro mais baixo riu, apesar de estranhar. Talvez seu subconsciente estivesse jogando na sua cara seu lado ruim? Um que ele nem sabia direito que existia, afinal, não se recordava de ter aquele tipo de pensamento antes.

Os três, assim como todos os outros alunos da turma, continuaram a andar, então, a voz de Cartman atrás de si o fez ficar temeroso, fazendo todo aquele desespero e pânico retornar.

— Gabrielle Willow ama os mais traumatizados e desesperados... Por que acham que os favoritos são Pip, Tweek e Kenny? Certamente os viadinhos fodidos de merda — Tweek começou a sentir raiva, por um momento todo o lugar pareceu tremer conforme a destra do loiro se fechava em forma de punho — Butters se salvou por pouco dessa lista, hahaha!

Algo dentro de si, lhe fez virar e quando já endereçava um soco contra o rosto de Cartman, sua mão parou no ar. Os olhos se arregalando, o desespero e o pânico crescendo cada vez mais.

Ele visualizou aquele sorriso.

Tão pontiagudo e que lhe amedrontou por anos na infância, que lhe fez mijar na cama inúmeras vezes e gritar para seus pais, implorando para eles que o monstro do armário estava dizendo coisas terríveis, que queria lhe pegar.

Tweek Tweak engoliu em seco, abaixando o braço e voltando a caminhar para a sala de aula, uma aula com Gabrielle Willow, mesmo que em sonho, era tudo que ele precisava.

PadecerWhere stories live. Discover now