cap ¹³

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Lilith

– Vejo que voçê mora muito bem Lilith.

Ela diz e eu congelo quando se vira para mim, seu olhar está cansado, porém ela está bem vestida, encantando qualquer um que olhasse.

Sempre passe uma impressão impecável, mesmo que isso não seja realmente verdade.

– O que você faz aqui?

Pergunto engolindo em seco, com uma expressão de indiferença.

– Não vai nem abraçar a sua mãezinha, minha filha? senti tanta saudade.

Esse é o problema dela, sempre vai tentar soar encantadora, sempre vai tentar apagar o que fez, por pior que seja, me fazendo sentir culpada por me recusar a falar com ela, mais um dos belos truques de manipulação de Evangeline.

– Não me chame de coisas que você sabe que eu não sou evangeline.

Digo soando áspera, permanecendo a expressão neutra.

– Diga o que quer e vá embora.

Respondo encarando seus olhos castanhos escuros, como os meus, os mesmos olhos que assombram minha infância, até nos meus sonhos.

As vezes quando ela tornava a tentar ser boa eu tinha pesadelos, onde ela dizia todas aquelas coisas que nenhuma menininha merecia ouvir, apenas pq sua vida estava uma merda e ela precisava de alguém para descontar a raiva, pesadelos onde ela gritava e eu chorava, e o choro me dominava por completo, então eu acordava assustada e com lágrimas nos olhos.

Evangeline desvia o olhar do meu e faz uma expressão dramática.

– Seu irmão me abandonou sozinha em casa.

Ah como ela adora ser a vítima da situação!

Por pior que meu irmão seja, não me surpreende ele ter saído daquele lugar, ela costumava ficar revezando entre descontar sua raiva em mim, ou nele.

A diferença é que ele explodia, eu já tinha mais anos de experiência em alguenta-la, também por ser maior de idade, podia sair de casa quando quisesse, já eu, não.

Eu não podia fugir daquela casa.

Eu não podia fugir dela.

Me dá arrepios só de me lembrar de tudo o que aconteceu naquela casa...

Todos temos problemas, mas eles não tinham o direito de fazer o que fizeram.

Alguns dias antes de eu sair de casa ela havia surtado comigo na rua, não que ela geralmente não fizesse isso quando a gente saía, o que me fazia entrar em crise de pânico toda vez que eu precisava ir em algum lugar com ela, mas aquele dia mudou tudo.

Evangeline andava com passos rápidos e difíceis de acompanhar pela rua cimentada, eu vinha logo atrás tentando acompalha-la, ela permanecia gritando comigo por algum motivo idiota que eu nem me lembro mais.

Ela jogou a sacola que estava na minha mão longe, com meu celular dentro, e saiu andando. Eu paralisei naquele momento, era meu primeiro celular que havia ganhado semana passada, as pessoas continuavam a olhar como se alguém tivesse morrido para nós duas, e as lágrimas brotavam em meus olhos. Nenhum pedido de desculpas, nenhum presentinho que ela me desse, seria suficiente para o que veio a seguir.

4 anos atrás

Lilith

— Vai pra casa sozinha!

Esbraveja a mulher, me dando as chaves e saindo andando, eu travo e não sei o que fazer.

Tudo está girando, sinto a náusea me dominar junto com o choro que tento segurar.

• Broken don't fit • (damon torrance fanfiction)Where stories live. Discover now