Novo chefe

221 34 25
                                    

      O meu dia de folga foi péssimo, não consegui esquecer aquela situação, a morte daquela mulher me atormentou durante essas duas noites, a faca cortando seu pescoço, o sangue escorrendo, eu fui a última pessoa que ela viu, já que não tirava seus olhos de mim.

    O pior é que Dylan não quis se afastar de mim, ficou o tempo todo comigo falando que estava me protegendo, as coisas entre nós está tenso, eu não consigo esquecer e muito menos perdoar a traição dele. Estou ficando incomodada com essa história dele negando que dormiu com Karina, eu acho que aceitaria melhor a presença dele se admitisse seus erros.

  Sou interrompida dos meus pensamentos, pelo o telefone tocando, assim que atendo escuto a voz do meu chefe pedindo para eu comparecer a sua sala. Eu estou na empresa, tenho minha própria sala, ela é pequena, toda de vidro, todas as salas não tem nenhuma privacidade, isso é uma coisa que sempre me incomodou, mas por algum motivo hoje estou com a sensação de estar sendo mais observada do que o habitual, mas quando olho através das paredes de vidro não encontro ninguém.

    Resolvi apressar os passos para a sala do meu chefe, que fica muito perto da minha, eu estou no décimo sexto e último andar. Nessa área só fica o vice presidente, presidente e suas respectivas assistentes e secretárias.
Enquanto caminho pelo longo corredor, escuto uma conversa com Lídia e Jane, elas são secretárias.

– Você viu o novo ceo? Ele é um gato. - Falou Lídia se abanando.

– Gato? - Jane falou incrédula. – Gato é apelido, aquele homem é lindo, não, é um Deus grego. Será que está solteiro?

– Acho que não, homens lindos assim nunca ficam solteiros por muito tempo. - Lídia falou fazendo um biquinho desanimada.

– Eu não tenho ciúmes. - Disse Jane dando uma piscadela, fazendo a outra gargalhar.

    Essas mulheres me dão nojo. Por que se envolver com homens comprometidos? Sendo que existem tantos solteiros. Nunca tive uma boa relação com essas duas, só o básico de cumprimento por educação. Agora escutando esses absurdos, prefiro ficar bem longe mesmo. Mas de quem elas estão falando? Pelo jeito o cara desse ser lindo mesmo, já que ouvir várias conversas dessas duas humilhando os homens daqui falando que são todos feios para coisas piores.

   Dou de ombros, pouco me importando com isso, não quero saber de homens depois do término que passei, não quero homens solteiros e muito menos comprometidos.

  Bato na porta, ouvindo um entre, assim que entro na sala vejo o Sr. Harris com um homem lindo e elegante. Seus olhos verdes me analisavam atentamente, fazendo eu ruborizar com toda aquela atenção, ele sorriu largamente notando meu embaraço.

– Srta. Miller. - O chefe falou interrompendo o contato visual dele comigo. – Quero te apresentar ao meu filho Louis Harris.

– É um prazer conhecer o senhor. - Digo estendendo a mão para o cumprimentar.

– O prazer é meu. - Respondeu apertando minha mão, demorando mais tempo do que deveria para soltar.

– Ele cuida da nossa filial, mas tem muitos problemas, eu vou ter que viajar para resolver alguns assuntos, tem coisas que só o dono pode solucionar. Então ele vai ficar tomando conta da empresa temporariamente, você vai ser a assistente dele, você conhece minha agenda melhor que eu mesmo, quero que o ajude no que precisar.

– Sim, Sr. Harris. - Falo concordando sem nenhum problema.

– Vou ir embora, daqui a pouco vou para o aeroporto. Deixo a empresa nas mãos de vocês e não hesitem em entrar em contato se precisarem de alguma coisa.

– Tenho certeza que nós daremos conta pai. - Disse Louis Harris. – Boa viagem.

     Sr. Harris apenas acenou positivamente, foi embora, me deixando sozinha com ele. Um silêncio desconfortável se instalou na sala, eu não sabia o que fazer, se deveria permanecer ali ou voltar para a minha sala.

– O meu pai não gosta de privacidade pelo jeito. - Falou apontando para as paredes de vidro.

    Olho para trás vendo as duas mulheres praticamente babando por ele do lado de fora, fazendo eu chegar a conclusão que era ele de quem elas tanto fofocavam. Tenho que dizer que elas não mentiram ou exageraram.

– Você pode me passar a agenda do meu pai pelo o e-mail, por favor? - Disse se acomodando na cadeira.

– Claro, Sr. Harris, vou providenciar isso imediatamente. - Digo indo para porta, mas ele falou me impedindo.

– Pode me chamar de Louis, não gosto de Sr. Harris, me faz parecer mais velho ou o meu pai. - Disse fazendo uma careta.

– Prefiro o chamar de Sr. Louis. - Falo ficando incomodada de chamá-lo pelo primeiro nome, isso deixa as coisas mais casuais e não é bom perder o profissionalismo.

– Quantos anos você tem? - Perguntou brincando com a gravata preta, combinando perfeitamente com seu terno azul escuro sob medida.

– 26. - Respondo confusa pela pergunta repentina.

– Eu tenho 27, não sou muito mais velho que você ou pareço velho? - Perguntou fazendo uma carinha triste.

– Não, o sen...- Falo me interrompendo pelo o olhar que ele me deu, era mais para um cachorro que caiu da mudança. – Você não é velho.

– Então me chame de Louis, eu insisto. - Disse me dando um sorriso que faria qualquer mulher desmaiar.

– Ok, Louis. - Respondo resolvendo ceder.

– Está dispensada, Srta. Miller ou posso saber seu primeiro nome?

– É Natalie. - Respondi abrindo a porta e indo embora dali.

  Aquela conversa foi muito estranha, parecia que ele queria quebrar as formalidades de qualquer maneira e aqueles sorrisos parecia estar interessado em mim. Mas será que estou pronta para me envolver com outra pessoa agora? Ainda não sei a resposta.

                                 ~~~

     O resto do dia transcorreu sem nenhuma novidade, não vi mais Louis, passamos o restante do tempo resolvendo as coisas pelo telefone ou e-mail. Eu estou no estacionamento da empresa, no andar subterrâneo, o lugar está quase vazio só restando poucos carros. Eu sair mais tarde do trabalho, era melhor me concentrar no trabalho do que ficar em casa sozinha e pensando nas coisas horríveis que passei ultimamente.

   Reviro meus olhos vendo inúmeras mensagens de Dylan, ele está preocupado comigo, até se ofereceu para vim me buscar, mas eu recusei. Eu estava terminando de enviar a resposta, quando escuto passos atrás de mim, sinto um calafrio percorrer minha espinha, sinto um desespero me dominar, pois quando me virei para olhar atrás de mim, eu vi o cara de capuz.

Na hora erradaOnde histórias criam vida. Descubra agora