A verdade

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                               DYLAN

     Estou deitado na minha cama, faz dias que não tenho ânimo para fazer nada, estou muito triste pelo o nosso rompimento, antes daquela víbora inventar a gravidez, eu ainda tinha alguma esperança que pudéssemos reatar.

    É, foi tudo uma armação da Karina desde o início, pois naquele dia, eu estava me arrumando para encontrar a Nat no aeroporto, porém a Karina apareceu aqui puxando conversa e na hora não liguei muito pela sua insistência de bebermos algo, a última coisa que lembro foi ter tomado um suco de laranja e depois tudo ficou um breu.

    Sinto dor de cabeça, só de forçar a minha mente tentando lembrar o que aconteceu a seguir, mas não lembro de mais nada e depois vem a cena da Nathalie nos flagrando. É por isso que não posso dar cem porcento de certeza de nada, mas não fiz sexo com aquela vadia, pelo menos não consensual, sinto um nojo enorme só de imaginar dela me tocando, não, não pode ter acontecido nada.

   A porta do meu quarto abriu, quando olho vejo Ryan, ele é meu irmão insuportável. Ele me encarou com seus olhos tão azuis quanto os meus, depois passou a mão sobre os seus cabelos que ao contrário do meu que é preto, o dele é loiro.

– Você está na fossa irmãozinho. - Disse me lançando um olhar questionador. – Precisa superar essa mulher, ela não quer mais você, existem tantas outras, se quer saber minha opinião são bem melhores.

– Cala a boca, Ryan. - Digo com raiva. – Pouco me importa sua opinião. Quando amamos alguém é difícil superar, mulheres são pessoas e não objetos descartáveis. É verdade que precisa de um coração para poder amar, coisa que falta em você.

– Assim você me magoa. - Disse colocando a mão no coração, mas depois deu uma risada. – Prefiro não ter coração do que me apaixonar e ficar com depressão. Se levanta dessa cama, se essa mulher é tão importante para você a leve para ir nesses restaurantes chiques, você é advogado, temos um escritório de prestígio, é rico e você pode bancar lugares assim tanto quanto aquele chefe dela. - Disse fazendo eu lembrar que a seguir, a vendo entrar no restaurante chique, fiquei muito mal e fui embora quando cheguei a conclusão que a perdi.

     Não que eu seja um stalker, eu só estava preocupado com a segurança dela, pois vive sozinha com um assassino atrás dela, só que eu resolvi parar de fazer isso, pois não vou conseguir suportar vê-la beijando outro, então fui embora assim que entraram no restaurante.

– Você não a conhece direito, pois Nathalie detesta esses tipos de lugares. Ela é muito mais afim de restaurantes simples, aconchegantes e com boa comida.

– Se você admitisse que a traiu, talvez tivesse uma oportunidade de voltar com ela, pelo menos teria sido sincero.

– Pela milésima vez eu não trair ela. - Falo aborrecido, as vezes sinto vontade de dar um soco na cara dele, mas não faço por sermos irmãos.

– Não se estressa. - Disse desfazendo o sorriso debochado. – Então só tem uma maneira de resolver isso, você vai ter que gravar a Karina confessando.

– Ryan...- Digo querendo o mandar para aquele lugar, porém parei quando comecei a raciocinar sobre a ideia dele. – Isso pode funcionar, posso chamar Karina aqui, fazer ela confessar gravando a conversa pelo o meu celular.

– De nada. - Disse dando um sorriso presunçoso e foi embora.

    Eu divido esse apartamento com esse insuportável, estamos morando juntos desde a época da faculdade. Nós dois fizemos direito, montamos nosso próprio escritório financiado pelo nosso pai, ele é rico, mas estamos gerenciando com nosso próprio dinheiro que ganhamos trabalhando, eu quero crescer na vida por mim mesmo.

    Levanto da cama, pego o celular ligando para a Karina que atendeu no primeiro toque.

– Dylan. - Disse com a sua voz melosa, me dando vontade de vomitar. – Estou surpresa, achei que não quisesse mais falar comigo.

– Karina. - Falo forçando muito a voz para soar amigável. – Pode vim aqui em casa? Nós precisamos conversar.

– Chego aí em cinco minutos. - Disse desligando.

    Resolvi tomar um banho, fazer a barba e me vestir com blusa branca e calça jeans. Acabou que esse cinco minutos virou uma hora. Eu estava nervoso achando que não viria, até que a campainha tocou.

    Atendo a porta, a vejo toda arrumada, ela está usando um vestido vermelho curtíssimo, que quase não sobra nada para a imaginação, um decote exagerado que mais um pouco mostraria o bico dos seus seios, mas isso não despertou nada em mim, se ela ficasse totalmente pelada surtirá o mesmo efeito, o meu nojo e ódio por essa mulher é maior que qualquer sedução que ela possa fazer.

– Oi. - Disse tentando fazer voz sexy.

   Se essa mulher pensa que a chamei aqui para transarmos é mais iludida e burra do que imaginei. Eu não teria uma ereção por ela mesmo se eu tentasse, mas eu prefiro me matar do que passar por essa tortura.

– Oi, entra. - Falo dando passagem para ela entrar.

– Com licença. - Disse fazendo questão de roçar os peitos em mim quando passou.

– Senta, fique a vontade. Quer beber alguma coisa?

– Um vinho seria bom.

– Vou buscar. - Digo indo na cozinha.

    Entro na cozinha, pego duas taças, mas ao invés de enchê-las, eu resolvi levar a garrafa de vinho inteira.
  Volto para sala, nos servindo, tomamos um gole, eu mais fingir que engoli alguma coisa, tenho que ficar sóbrio.

– Como vai o bebê? Não é perigoso beber bebidas alcoólicas quando está grávida? - Falo a fazendo cuspir a bebida na mesinha de centro. – Ou seria melhor admitir que nunca transamos e que não está grávida.

– Eu...eu...- Disse gaguejando e com olhos esbugalhados.

– Você é tão burra que sequer pensou nisso, né? - Falo a fazendo me olhar com raiva.

– Eu não sou burra, eu sou muito esperta por ter destruído o relacionamento de vocês ou vocês reataram? - Disse fazendo eu ficar com mais raiva ainda. – Você quer saber o que realmente aconteceu naquele dia? Quando cheguei você estava se arrumando para encontrar ela no aeroporto, você sequer prestava atenção no que eu dizia, só dizia que estava de saída, sequer olhou para mim nenhuma vez. Então, eu insistir para bebermos um suco de laranja, pela pressa você pediu para eu servir o suco e foi então que aproveitei a oportunidade para colocar um remédio para dormir, é um remédio leve que nem precisa de receitas, não causava nenhum efeito colateral ou dependência para qualquer um que o visse só estava dormindo normalmente, eu pensei em boa noite cinderela, mas ela notaria logo que estava drogado, tudo tinha que ser convincente.

– Eu odeio você, como você pôde fazer isso comigo? - Falo sentindo tanto ódio que se fosse homem eu teria acabado com ela.

– Você bebeu o suco todo no gole só pela pressa, ficou sonolento e dormiu caindo de qualquer jeito na cama. Eu tive que tirar sua roupa toda, o posicionei direito na cama e tirei minha roupa logo em seguida para parecer que tínhamos transado. Não demorou para Nathalie chegar, eu fingir que dormia também, fiquei pensando qual seria a reação dela, se iria me bater, se iria te agredir, se iria embora correndo, mas ela gritou. O grito dela foi tão alto que cortou o efeito do remédio e o resto você já sabe.

– Você é uma vadia. - Digo a pegando pelos ombros a sacudindo antes de jogar ela no sofá, que sentou rindo muito, essa mulher é louca e desequilibrada.

    Eu respiro fundo, tentando me controlar, não posso bater nela, apesar da vontade de fazer isso ser muito grande, não sou esse tipo de homens, eu nunca me perdoaria se chegasse a machucar ela ou qualquer outra mulher.

– Sabe qual é o seu problema, Dylan? É que você é muito bonzinho, muito romântico e fofo. Eu acabei me apaixonando mais por você a cada dia, mesmo lutando contra esses sentimentos, mesmo sabendo que nunca teria a menor chance com você. Vocês já estavam namorando há muito tempo, mas isso eu poderia suportar, já tinha suportado por tanto tempo ver vocês juntos e felizes. O que me fez separar vocês foi que eu achei o anel de noivado, você ia pedir ela em casamento, isso foi demais para mim e acabei decidindo separar vocês.

– E você achou que se eu ficasse solteiro eu correria para os seus braços? Quanto mais depois do que você fez para me separar dela? A única coisa que sinto por você é nojo, não ficaria contigo nem se fosse a última mulher do mundo.

– Eu sabia que Nathalie estava dividida entre acreditar em você ou não. Afinal, você estava dizendo a verdade, isso iria causar dúvidas nela, então eu decidi fingir uma gravidez, isso daria um fim definitivo na relação de vocês. Eu posso não ter você, mas fico satisfeita em saber que não terá a mulher que você quer.

– Sai da minha casa agora. - Digo com ódio dela.

– Eu vou, mas antes vou fazer isso. - Disse pegando meu celular que estava gravando tudo, que eu tinha escondido debaixo do travesseiro do sofá e jogou no chão com toda a força, antes de pisar em cima, deixando o celular em pedaços.

– Sua vagabunda, olha o que você fez. - Digo a empurrando, pego os restos que sobrou do celular que estava em pedaços, acabou, a gravação que eu fiz da confissão dela tinha sido destruída.

– Eu vi o celular quando você foi pegar o vinho, era uma desculpa, pois eu percebi que estava estranho, era muito suspeito me chamar para a sua casa todo amigável, sendo que a última vez que nos encontramos no prédio da Nathalie, você tinha me humilhado de todas as formas possíveis.

– Sai da minha casa. - Digo a pegando pelo braço, abro a porta, a fazendo sair dali a força e bato a porta na cara dela.

    Não acredito que tudo isso não valeu de nada, eu vou continuar com a Nathalie sem acreditar em mim.

                               ~~~
                         NATHALIE

Acordo sentindo enjoou, a minha visão está turva, pisco algumas vezes para fazer a minha visão voltar ao normal, sinto o enjoou piorar e acabo vomitando no canto da cadeira onde estou sentada e firmemente amarrada. Olho para a frente vendo Louis me olhar com uma expressão de nojo, mas a culpa foi dele mesmo por ter me drogado.

– Não sabia que essa droga fosse tão forte, você dormiu o dia inteiro. - Disse com impaciência.

– O que você fez comigo? - Pergunto ainda grogue.

– Eu te droguei com boa noite cinderela, te carreguei até o carro e trouxe você para a minha casa.

    Olho ao redor notando um lugar decorado com móveis modernos e com boa qualidade.

– Você deve está com sede. - Disse pegando um copo d’água, me ajudando a beber, já que minhas mãos estão amarradas atrás da cadeira.

   Olho ao redor procurando meu celular, o encontrando em cima da mesa de centro de vidro e preta.

– Ninguém ligou para você ou mandou mensagem. Parece que ninguém vai sentir sua falta quando eu terminar o que eu comecei.

– Eu tenho o Dylan... – Digo me interrompendo, engulo em seco, fico triste, percebendo que fazia algum tempo que não tinha notícias dele, a nossa última conversa foi aquela que Karina disse estar grávida dele e eu pedi para ficar longe de mim.

    Começo a chorar percebendo que estou mesmo sozinha. Como vou fazer para sair daqui?

( Oi. Vou responder os comentários de vocês amanhã, pois agora vou ao médico. Muito obrigada por tudo.)

Na hora erradaWhere stories live. Discover now