Jantar

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       Eu decidi sair num encontro com Louis para me fazer esquecer Dylan, mas agora estou me sentindo mal por estar usando outra pessoa, eu não deveria me envolver com outro homem agora. Porém, quem sabe aquele ditado seja verdade que podemos esquecer alguém usando outro alguém? Ou só estou complicando ainda mais as coisas.


    Pelo o que Max contou, Louis já sofreu muito por causa de uma mulher e se isso só piorar ainda mais a situação? Louis não merece isso, ninguém merece isso.

    Eu estou surtando dessa maneira, enquanto estou parada em frente ao closet escolhendo um vestido. Ele não disse que seria um jantar romântico, talvez seja só como amigos, esse pensamento me acalmou um pouco.

    Escuto meu celular apitar, mas me arrependo imensamente de ter lido a mensagem.

    Eu mal posso esperar para olhar em seus olhos, enquanto corto a sua garganta, mas antes vou aproveitar cada minuto para torturar você, eu vou te matar quando você menos imaginar.


     Eu dou um grito, jogando o celular longe que caiu em cima da cama. Não acredito que esse maluco tem meu número de telefone. Poucas pessoas tem acesso ao meu número e o único que parece suspeito...não, não pode ser ele.  Penso, enquanto me sento, sentindo meu coração acelerar, estou apavorada só de pensar nessa possibilidade.

     Esse cara não seria doentio ao ponto de fazer isso? Seria? Que outra possibilidade tenho a não ser imaginar que seja alguém próximo de mim. Isso explicaria como tem acesso ao número do meu telefone, saber o lugar onde trabalho, isso seria muito mais fácil se tivesse na minha vida e soubesse todos os meus passos.

    Porém, o único que se parece com o assassino é Louis, mas ele me defendeu e salvou a minha vida. Agora estou ficando paranoica, eu não aguento mais toda essa tensão, essa agonia de não fazer a mínima ideia de quem seja um homem que está obcecado para me matar, isso é angustiante.

     Suspiro frustrada, percebendo que esse pensamento não me levará a lugar nenhum. Enquanto estou me vestindo, com um vestido preto longo, com decote discreto.

      Escuto a campainha tocar, deve ser Louis. Vejo meu cabelo mal arrumado, por causa da mensagem do assassino, não deu tempo de arrumar o cabelo, resolvi fazer um coque, deixando alguns fios soltos nas laterais, ficou bom, pego a minha bolsa e vou atender a porta.

    Olho pelo o olho mágico, só para me certificar que seja ele, vai que o assassino sabe onde moro, só está faltando isso mesmo. Abro a porta, vendo o Louis vestindo um terno cinza sob medida e um lindo buquê de rosas vermelhas.

– Você está deslumbrante. - Disse me fazendo ficar corada.

– Obrigada. - Falo sorrindo. – Você também não está nada mal.

– São para você. - Disse me entregando um buquê gigante.

– Obrigada, são lindas e não precisava. - Falo resolvendo colocar as flores no vaso.

– Isso não é nada perto do que você merece. - Falou chamando minha atenção para ele, apesar das palavras gentis, seus olhos estão com um brilho estranho, algo que não sei identificar.

– Vamos? - Falou estendendo o braço para eu segurar.

    Talvez eu esteja imaginando coisas ou seja a culpa por estar saindo com ele gostando de outro.

– Vamos. - Respondo entrelaçando nossos braços e fomos para o elevador.


                             ~~~

     O restaurante que Louis escolheu é elegante, intimista, com iluminação suave e música de fundo criando uma atmosfera romântica. Ok, é melhor eu riscar a opção de jantar como amigos, pois esse lugar parece ser o lugar preferido de casais.

    Estamos sentados numa mesa mais afastada dos outros, estamos escolhendo o menu, porém era tudo com nomes estranhos e cada prato custa mais que meu salário. Estou me sentindo desconfortável, não estou acostumada a frequentar esses lugares, muito menos saber escolher os talheres certos que estão espalhados pela mesa, não faço ideia de qual talher usar ou para qual prato serve.

    Louis notou meu desconforto, pois sorriu lindamente e colocou sua mão sobre a minha que estava em cima da mesa.

– Não liga para etiqueta, pode usar qualquer talher, eu só quero que você se sinta bem. - Falou acariciando minha mão. – Ou se isso te incomodar muito, pode me copiar.

– Obrigada. - Falo forçando um sorriso, pois essa observação dele só me deixou mais constrangida.

– Posso anotar o seu pedido senhor? - O garçom muito bem vestido parou na nossa mesa.

– Para beber quero um prisecco. - Louis falou, me fazendo o olhar confusa.

– E para você madame?

– Pode ser o mesmo que ele. - Digo mesmo não fazendo a menor ideia do que ele pediu.

– O que vão querer de entrada? Posso dar uma dica ou temos o especial do chefe.

– Ainda vamos escolher, por enquanto traga a bebida. - Louis falou fazendo o garçom acenar e foi embora.

– O que é prisecco? - Pergunto baixinho o fazendo gargalhar, isso me deixou mais envergonhada e tirei minha mão da dele.

– Desculpe. - Disse pigarreando. – É um suco de maçã, pera e baunilha. Eu não deveria ter rido, é que você pediu algo sem saber o que era. É uma bebida da Alemanha, mas eles costumam servir por aqui.

     Olho ao redor, só tem casais por aqui, todos vestidos como se tivessem saído de uma festa formal ou de looks que acabaram de sair da passarela.

    Esse lugar todo exala elegância, riqueza e não duvido que eu possa encontrar algum famoso por aqui. De repente me sinto mal vestida, isso só me deixou ainda mais desconfortável, isso está sendo de longe o pior encontro que já tive, mas isso também deixou evidente o quanto nossos mundos são diferentes.

– Vou ao toalete. - Digo a forma mais chique de falar banheiro com raiva, mas o sorriso que ele deu me deixou mais nervosa.

– Claro, pode ir. - Disse me dando um sorriso sinistro.

    Esse homem está muito estranho, isso não está me ajudando em nada a ficar mais tranquila nesse lugar que está me deixando deslocada.

    Vou ao banheiro com passos largos para chegar logo. Assim que chego vejo umas três mulheres retocando a maquiagem, uma delas se virou me encarando de cima a baixo, depois me lançou um olhar de desprezo. Agora vou ficar sendo julgada pelo o meu vestido simples, isso é ridículo.

    Faço minhas necessidades, depois que saio do compartimento, solto um suspiro de alivio quando percebo que aquelas três mulheres saíram dali. Lavo as mãos, tentando me recompor e depois volto para a mesa.

     Quando volto, percebo que nossas bebidas já estavam na mesa. Sento, resolvendo ficar em silêncio.

– Peço desculpas pelo o meu comportamento, foi rude ter rido. - Disse me lançando um olhar frio, eu vi tudo ali, menos arrependimento. – Prove a bebida, é muito melhor que o nome dela.

    Eu resolvi beber tudo de uma vez, tem um gosto bom, a maçã com pera e uma pitada de baunilha no fundo. Olho Louis que me deu outro sorriso sinistro, agora seus olhos estavam com mais frieza e tinha um brilho esquisito neles que me deu calafrios.

– Eu tive a liberdade de escolher lagosta para nós dois.

– Obrigada. - Respondo seca, eu só quero que esse encontro acabe logo e ir para minha casa.

– Esse homem que fica tentando te matar. Você sabe algo sobre ele? - Perguntou me olhando com curiosidade.

– Não muito, só a cor dos seus olhos que são verdes. - Falo começando a sentir um mal estar.

– Deve ter sido traumático presenciar um assassinato.

– Foi, até hoje não consigo dormir direito me lembrando daquela mulher. - Respondi começando a sentir minha visão ficar turva.

– Você deve ter ficado assustada vendo o pescoço daquela mulher ser cortado. - Disse me lançando um olhar esquisito, seus olhos tinham raiva, frieza e satisfação.

    Foi então que percebi, eu nunca tinha dito onde aquela mulher foi esfaqueada.

– Foi horrível. - Digo pigarreando, enquanto sinto minha visão piorar. – Você pode pedir um copo d’água, eu estou sentindo minha garganta seca.

– Claro. - Disse me lançando um olhar com desdém. – Faço qualquer coisa por você.

    Louis é o cara de capuz, agora tudo se encaixa perfeitamente; Como sabe onde a mulher foi esfaqueada, como o assassino sabia onde eu trabalhava, como sabia o meu número, mandou aquela mensagem, os olhos dele são verdes iguais ao assassino. Era ele esse tempo todo, pensar que imaginei ter um romance com ele fez eu ficar enojada. Esse cara é mais doente do que eu imaginava, ele deve ter algum parceiro, deve ter pedido alguém para me atacar naquele dia do estacionamento, para me salvar, criar uma distração e se aproximar mais de mim.

    Aproveito a oportunidade que ele está entretido chamando o garçom, pego uma das facas que estão sobre a mesa e escondo na parte detrás do meu vestido tem um bolso ali. Estou ficando tonta e vou acabar desmaiando a qualquer momento, pois esse infeliz colocou alguma coisa na minha bebida.

     Levanto-me da cadeira, seguindo para a saída, escuto seus passos vindo na minha direção, sinto um pavor me dominar, quando percebo que não tenho escapatória, ele vai me pegar.

      Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, minha visão escureceu ao ponto de eu não ver mais nada, mas ainda estou sentindo e ouvindo tudo. Sinto braços me segurando e antes de perder totalmente minha consciência o escuto dizer.

– Não sabe o quanto esperei por isso, agora você não tem ninguém para te salvar.

    Foi a última coisa que ouvir, antes de desmaiar.

( Oi amores, tudo bem? O cara de capuz era o Louis esse tempo todo. Eu resolvi terminar essa história no capítulo 14, então só falta mais três capítulos. Gostaram? Deixem votos e comentários, eu amo saber a opinião de vocês ❤️)










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