Capítulo XIX

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Acordo envolta dos seus braços novamente e aquilo me parece o paraíso. Estou usando uma blusa dele pois não levei roupa, mas ele mesmo está sem blusa. Consigo sentir minhas mãos sobre o seu peitoral, e ele acaba acordando alguns segundos depois de mim por causa de um despertador que está acima da mesa de cabeceira. Ele levanta rápido e desliga o relógio, nem sabia que usavam mais algo além do despertador do celular mas Edgar me apareceu com um despertador legítimo.

Ele me olha com os olhos inchados de sono, imagino que eu também esteja. Não sei que horas são mas parece cedo.

- Que horas são?

Minha voz sai rouca e quase falha, eu tusso para melhorar a voz desacostumada pelas horas de descanso. Ele observa novamente o relógio meio confuso pelo sono.

- São 7 horas.

Eu volto a fechar os olhos. Droga! Sete horas? Ainda são 7 horas da madrugada, quero voltar a dormir. Nunca acordo tão cedo assim, acho que a época que eu fazia isso era quando eu ainda ia para a escola.

- Por que estamos acordando?

Eu falo levantando as mãos para o alcançar. Ele segura minha mão e a balança sem fazer muito sentido. Estamos os dois sonolentos.

- Porque hoje eu tenho que chegar cedo no cinema.

Ah. Faz sentido para mim, mas eu não tenho nada para fazer então só vou ficar olhando o teto até ele me expulsar, se bem que Anna estava sozinha em casa e eu precisava voltar antes do almoço. No meio de meus pensamentos, Edgar volta a se sentar na cama ao meu lado e fazer um cafuné que se permanecesse me faria dormir em alguns minutos, no entanto, sua voz me traz para a realidade:

- Por que a gente não vai naquela doceria tomar café e depois te mostro o cinema?

Eu abro os olhos e o encaro dando um sorriso de canto porque realmente gostei da ideia. Mesmo querendo dormir um pouco mais, acho que isso pode esperar.

- Ela abre que horas?

- As 6 porque faz papel de padaria também.

Eu me sento na cama e encosto no ombro dele que me puxa minha mão e dá um beijinho nela. Eu retribuo com um beijinho no rosto.

- Eu amei a ideia.

Viemos em dois carros porque depois que eu passasse para conhecer o cinema, eu iria para casa cuidar de Anna

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Viemos em dois carros porque depois que eu passasse para conhecer o cinema, eu iria para casa cuidar de Anna. Ela passava a noite bem sozinha, mas se eu ficasse muito tempo fora, ela começava a tirar as coisas do lugar. Havia colocado minha roupa da noite anterior porque não sairia com a roupa de Edgar, não parecia muito meu estilo. Edgar estacionou um pouco a frente, e eu do lado da doceria na vaga para clientes. Vejo o sair do carro com seus cabelos loiros, caído sobre o rosto mas ele passava um ar tão sério.

Consegui o observar caminhando me sentindo orgulhosa de estar ao lado dele: era na minha direção que ele caminhava, com a cabeça baixa, balançando as chaves do carro na mão. Eu já havia guardado a minha na bolsa então ele se achega e pega na minha mão, na outra ele continua balançando a chave até perguntar:

- Será que um dia eu vou estacionar direito? O carro parece a Torre de Pisa, eu sou ridículo.

Eu olho por cima do ombro na direção do carro, e realmente o carro está em uma posição bem errada. Na capital, ele sairia com uma multa em menos de dez minutos.

- Não está tão ruim.

Eu minto, mas logo dou uma risada me entregando. Ele me olha fingindo estar bravo e puxa a porta da doceria. Não consigo me segurar com seu olhar bravo e rio mais ainda. Ele me dá um leve tapa.

- Não ria da minha fragilidade.

Eu assinto, segurando o riso.

- Tudo bem, meu amor.

Solto a palavra amor sem querer e logo me arrependo, tomara que ele não perceba. Mas vejo como um pequeno diabinho, sorrir de lado e não dizer nada. Ele se assenta na mesa que está vaga e eu sigo atrás me sentando. Logo, vejo ele se levantar novamente e ir buscar os cardápios sem dizer nada, ele me entrega um cardápio e fala casualmente:

- Aqui seu cardápio, meu amor.

Eu o olho com as bochechas queimando, sinto uma certa provocação em sua voz mas não sei dizer se é jocoso ou só porque ele gostou do meu ato falho. Talvez seja o segundo, mas quando percebo, já estou me explicando:

- Eu sei, eu sei, me desculpa. - Ele me olha estreitando os olhos como se não estivesse entendendo do que estou falando. - Te chamei de amor e agora você está me zoando.

Ele ri. Seus olhos me encaram e ele tem essa mania desse silêncio antes de falar.

- De longe, não é isso. Eu só queria mostrar que gostei de ter me chamado assim.

- Você gostou?

Ele assente. Acho que eu estava segurando a respiração até agora, mas me sinto aliviada.

- Não precisa ficar medindo cada palavra que for usar comigo, só seja você. Eu amo que seja você.

Eu concordo com a cabeça sem saber exatamente o que dizer, mas com a sensação de que está tudo certo. Ele busca minha mão como sempre, aperta com carinho e volto meu olhar para o cardápio com certa timidez. É uma mistura de sentimentos estar com ele. Mas parece estar tudo certo, parece estar tudo no seu devido lugar. Eu escolho uma torta com uma xícara de chá ao leite, e Edgar também come uma torta mas com um chai. Conversamos sobre as obrigações dele do dia, e ele me pergunta casualmente se pode passar a noite na minha casa. Eu nunca diria não, parece que sinto falta dele no momento em que ele vai embora.

Terminamos de comer apreciando cada momento: sempre amei lugares assim e de fato estar ali tão leve, sem me esconder, com uma pessoa tão bacana não fazia parte dos meus planos mas simplesmente aconteceu e naquele momento, me fazia ser grata ao destino. Ele não me deixou pagar a conta de maneira alguma, aparentemente em lugares do interior é comum que os homens queiram pagar a conta. Eu tenho muito dinheiro, mas deixo que ele faça o que acha certo depois de insistir algumas vezes.

Não sei onde fica o cinema mas sigo o carro de Edgar até o estacionamento: saio do carro no estacionamento que fica no subsolo. Parece bem pequeno o espaço mas é bem aconchegante quando paro no segundo andar, Edgar segura minha mão e parece estar sempre em postura de me proteger. Como se fosse preciso naquela cidadezinha tão pequena! Chego na parte das salas do cinema, vejo os filmes em cartazes e conheço alguns funcionários.

Ele me mostra todas as salas de cinema, com um sorriso no rosto de orgulho. Esses detalhes que fazem eu me apaixonar um pouquinho mais a cada vez, ele apresenta cada sala, cada funcionário, com os olhos fascinados. Percebo que ele realmente ama o trabalho que faz e o que tem, por isso se envolve tantas vezes. Por fim, Edgar me leva até seu escritório. Consistia em uma mesa, um computador, impressora e armário. As paredes brancas revelavam um aspecto clean do espaço.

- O que achou de tudo?

Sua voz denota uma certa ansiedade e orgulho.

- É incrível o cuidado que está esse lugar, parece super aconchegante. Eu amei conhecer.

Ele se aproxima de mim e me abraça. Me dá um beijo demorado que me deixa absurdamente caída por ele. Eu faria qualquer coisa.

- Posso fechar uma sala para vermos um filme qualquer dia desses.

Sua voz é sensual quando lança essas palavras e imagino coisas além de apenas assistir ao filme. Deve ser interessante poder estar sozinha e com privacidade dentro de uma sala enorme de cinema. Só eu e ele.

Isso seria definitivamente incrível.

MAIS QUE UM CASO, DORA [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora