Capítulo XXIV

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Cheguei em casa com os olhos inchados, buscando algum sinal de que aquilo fosse uma brincadeira, uma pegadinha. Tentando acordar do próprio pesadelo que se tinha criado em volta de mim e pensando em como as pessoas poderiam ser tão cruéis quando se tratava dos próprios interesses.

Também pensei na minha ingenuidade: saindo de um caos, aceitei a primeira coisa que me apareceu que soava perfeitamente agradável sem nem questionar. Mas não sinto que foi minha culpa, ele veio atrás de mim com todo o seu brilho e gentileza. Como eu poderia saber que era mentira? Como eu poderia compreender que tudo estava anulado?

Era mentira quando ele me encontrou? Era mentira quando me levou para jantar e dividiu sua vida? Era mentira todas as tardes no café? E as praias ao entardecer, era tudo falso? Todos nossos medos e desejos criados, era mentira?

Conheci seus amigos, sua faculdade, sua família. Ele dividiu tudo comigo e depois me jogou de escanteio como se nada daquilo realmente importasse. Eu fui honesta em tudo que ofereci, em cada momento que vivemos e agora eu não conseguia distinguir o que era real ou não.

Deitada no meu travesseiro com Anna ao meu lado, me desatava a chorar como um recém nascido. É surpreendente como dói fisicamente: chega a ser uma coisa que eu não esperava. Meu corpo doía como se fosse uma doença física e sentir aquela sensação era algo que eu não poderia esperar depois de tanto amor e leveza. É como se eu tivesse levado um soco na cara e não soubesse como reagir.

Chorei tanto quanto não imaginei ser possível, as lágrimas desciam e eu não podia controlá-las. Eu lembrava de tudo e esse tudo me deixava confusa demais. As pessoas em geral eram assim? Falavam qualquer mentira e depois iam embora?

Tudo o que eu queria era um abraço.

Mas será que ainda existiria algum abraço real?

Alguns dias sem conseguir comer foi o resultado de tamanha decepção, eu olhava para o teto e não sentia vontade alguma de levantar ou me alimentar

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Alguns dias sem conseguir comer foi o resultado de tamanha decepção, eu olhava para o teto e não sentia vontade alguma de levantar ou me alimentar. Honestamente, eu não sentia vontade de fazer absolutamente nada então me privei de sair de casa pois não queria nada. Tinha medo também de estar em algum lugar e vê-lo com Isabela.

Minha irmã me ligou no primeiro dia para conversar como era de costume, ela não sabia de absolutamente nada sobre o término. Mas eu sempre dividi tudo sobre Edgar com ela, então, era claro que ela iria me perguntar sobre ele, me senti tão envergonhada com toda essa história que honestamente não quis atender.

Meus dias se deram em simplesmente alimentar Anna e voltar para minha cama, um dos dias ouvi a campainha tocar. Eu queria tanto que fosse Edgar, que ele tivesse mudado de ideia. Isso me fazia uma pessoa burra? Porque eu acho que sim. Mas como eu queria que as coisas fossem diferentes, e eu estava disposta a esquecer tudo. Fui com calma até a porta e abri.

Com uma sacola em suas mãos e um olhar enigmático para mim estava Amanda parada na porta da minha casa, ela não sorriu ao me ver, parecia saber de tudo e sabia que talvez não fosse o momento adequado.

MAIS QUE UM CASO, DORA [COMPLETA]Where stories live. Discover now