Capítulo 02 - Primeiras Vezes

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Antes de terminarem as aulas, Luisa me mandou uma mensagem — mesmo estando a duas carteiras de mim — avisando que teria de sair mais cedo e que provavelmente chegasse tarde em casa. Eu acenei com a cabeça como resposta e ela saiu da sala antes mesmo que o professor fizesse a chamada.

Assim como a maioria das pessoas da nossa idade, Luisa havia ingressado na faculdade um semestre atrás, diferente de mim que tive que trabalhar para juntar certo dinheiro. Só assim poderia me estabilizar aqui até conseguir outro emprego qualquer.

A garota largou o curso que fazia para fazer o mesmo que eu neste semestre, por isso não fazíamos todas as aulas juntos, ela aproveitaria algumas disciplinas. De todo modo, tínhamos combinado de voltar juntos, mas não me importei com a mudança de planos, afinal não morávamos longe e seria bom caminhar sozinho até o apartamento.

Ao chegar em casa, não deixava de pensar no quanto havia sido gostoso o boquete que a garota fez em mim mais cedo, mas não deixava de lado o pensamento de que não queria compromisso com ninguém ainda. De todo modo, o fato de ela não ter chegado antes que eu apagasse em minha cama, passando, provavelmente, a noite inteira fora, me fez relaxar um pouco ao pensar que ela sequer cogitaria isso.

— Porque você está deitado no chão — Luisa fez uma careta. Ela simplesmente abriu a porta do quarto e colocou a cabeça pra dentro — e todo suado?

— Gosto de me exercitar de manhã — então me sentei onde estava, em um espaço entre a cama e a parede onde, pensei, logo colocarei alguma estante ou mesa para ocupar — ainda não tenho dinheiro pra academia nem sei de um lugar seguro pra correr, então tô me virando.

— Fofo... — ela me encara por um minuto, então retoma — Bom, você parece em forma pra mim — sigo o olhar dela e lembro que estou sem camisa — mas não é sobre isso que vim falar contigo.

A garota então abre totalmente a porta e não consigo deixar de reparar no pijama muito curto que usa, deixando grande parte de suas coxas e barriga expostas. Eu acabara de acordar e isso, somado ao exercício matinal que geralmente me deixa excitado, é difícil não imaginar um cenário o qual ele me sugeriria esquentar ainda mais o clima no quarto.

— Posso entrar?

Não quis dizer que ela já havia entrado, então quando indiquei para que ela sentasse na cama, peguei a garrafa de água ao meu lado e me levantei.

— Pode falar — bebi da garrafa.

— Então, não surta, tá? — ela colocou as mãos no colo e eu cerrei os olhos para encará-la, parecia algo sério — então, não quero um relacionamento com você.

— Tá — tentei soar o mais casual possível, na verdade, fiquei satisfeito por ela ter dito isso antes que eu fizesse — acho justo, também não sei se tô afim de um.

— Então... — ela forçou um sorriso — isso é bom, porque eu já tenho um namorado.

— Puta que pariu — deixei a garrafa cair e levei as mãos à cabeça, dando as costas para ela — puta que pariu. É sério?

— Eu falei pra não surtar, cara!

— Você... merda — saí do quarto e fui para a cozinha quase correndo — só pode ser brincadeira.

— Bom, não é — ela pareceu se divertir ao me seguir de perto, ao mesmo tempo que estava ainda um pouco nervosa.

Não havia motivos para eu ficar tão nervoso assim, certo? A não ser que ela contasse sobre o boquete que fez em mim para ele. A não ser que ela já tenha feito isso. Merda.

Não quero ter que sair do apartamento que acabei de conseguir alugar, ele é barato e perto demais da faculdade para que eu abra mão de ficar aqui. E ela é uma colega de apartamento muito organizada e limpa, — além de fazer um ótimo boquete, mas isso não vem ao caso — seria difícil encontrar alguém como ela para dividir um aluguel.

A Liberdade de Davi (Romance Erótico)Onde histórias criam vida. Descubra agora