Capítulo 15 - Globo

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Acordei cedo o suficiente para preparar o café da manhã, assim como para deixar um copo com água e um analgésico na mesa de cabeceira do quarto de Luisa. No caminho para a academia, me peguei pensando em como eu estava — um pouco — fora de mim na noite anterior.

Estou arrependido de ter fumado maconha — e exagerado nisso —, mas me sinto mais culpado por ter descontado toda raiva, frustração ou seja lá o que eu estava realmente sentindo no garoto com quem transei.

Quando terminei, não me importei em garantir que Vinicius também havia aproveitado do que fizemos — por mais que, agora, eu tentasse minimizar isso ao lembrar que ele gozou sem ao menos se tocar na nossa primeira vez. Eu simplesmente o dei as costas, joguei a camisinha cheia no chão, e me vesti. Então, sem perguntar quanto devia pelo que consumi, deixei o pouco dinheiro que tinha no bolso do short sobre o balcão e saí.

— Chegou cedo, novato.

Mari acabara de chegar à entrada da Ludri e seu humor não parecia dos melhores. Era a primeira vez que eu a via usando o uniforme da academia — no caso, a camiseta. Notar isso me fez sorrir, afinal, por mais que Mari estivesse ali a mais tempo que eu, era estagiária na maior parte do dia — ela trabalhava como personal particular de alguns dos clientes.

— Promovida, mas não feliz? — quando perguntei, ela ergueu a sobrancelha, me encarando.

— Você não ficou sabendo? — deixei que ela passasse pela entrada primeiro, depois pela catraca que já estava ligada — então vai saber agora.

Mari indicou com a cabeça para a figura sorridente que vinha dos fundos da academia na nossa direção.

— Bom dia, time — Drica se sentou quando a cumprimentamos em resposta, e se dirigiu a mim — eu sei que vai treinar antes do expediente, mas posso falar com você rapidinho?

— Claro, aconteceu algu... — me dou conta de que a garota estava doente no fim de semana, e mesmo que aparentasse estar bem, era meu dever perguntar — você tá melhor? não é?

— Ah, sim, estou — ela faz sinal com a mão para não me importar, se mostrando sem jeito — foi só uma virose, mas estou me sentindo ótima agora. Inclusive obrigado por me substituir, e muito bem por sinal.

— Sem problemas — tento sorrir com sinceridade.

— Então, não é nada tão sério, mas... — ela faz um bico, demonstrando não gostar do que tem pra falar — vou ter que te pedir pra quebrar mais um galho. E não — ela ri — não estou doente, mas o Lucas vai precisar de um tempo afastado para resolver uns probleminhas pessoais e eu vou ter que dividir os horários dele entre vocês.

— Nossa, eu... — me sinto um pouco confuso, mas não sei ao certo, acho que "estranho" seria a palavra.

— É claro que vou pagar pelas horas extras, só precisamos adaptar seu horário por causa da faculdade.

— Ah, não é problema... — tento justificar, mas a verdade é que nem eu sei o que me fez ficar assim. De todo modo, preciso me recompor e focar na mulher à minha frente — não é por causa disso, mas... claro, tudo bem pra mim.

Adriana mostra uma planilha em que pretende preencher com os horários de todos os empregados. Não será problema para mim trabalhar um pouco mais, principalmente levando em consideração que receberei por isso.

Enquanto minha chefe fala, é impossível não pensar no que pode estar acontecendo com Lucas. Afinal, por mais que tenha sido ele a terminar o namoro com Luisa, isso não o isenta de se sentir mal por isso, principalmente se outros sentimentos o levaram a tomar essa decisão. Mas não é só preocupação que eu sinto, há um pequeno embrulho em minha barriga, um embrulho ruim. Talvez Mari também estivesse se sentindo assim quando chegamos.

A Liberdade de Davi (Romance Erótico)Where stories live. Discover now