Capítulo 08 - Proposta

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Quando entrei no banheiro e liguei o chuveiro, pude ouvir que alguém conversava com Geeber no quarto, mas não pude entender o que falavam. Depois de molhar o corpo e limpar os resquícios de suor e porra que tinham ali, sai do banheiro enrolado na toalha que estava no chão.

O anfitrião estava sentado na cama com as costas na cabeceira e as mãos atrás da cabeça, enquanto Caio — que tinha os cachos bem assanhados no topo da cabeça — estava em uma cadeira mexendo no celular. Ele está totalmente vestido, o que quer dizer que pretende ir embora.

— Que banho demorado em — o garoto riu ao perceber minha chegada — anda, já chamei um Uber pra gente. A não ser que você vá ficar... — eu franzi o cenho e, ao notar, ele continuou — a Carol, vocês dois, dormir juntos...

— Ah, acho que ela já deve estar dormindo — forcei um sorriso, sínico — vou só... me vestir. E Luiz?

— Lá embaixo — Geeber respondeu, fingindo tédio — parece que perdeu a chave de casa lá na sala e está procurando.

— Falando nisso, eu vou ver se ele já encontrou — o moreno levantou e ia saindo, mas parou na porta e voltou a falar — não demora a descer, é bem difícil encontrar motorista a essa hora...

Eu acenei positivamente e ele deixou o quarto. Geeber então suspirou aliviado antes de levantar e entrar no Closet. Ele saiu segurando uma cueca e a jogou pra mim.

— Vai ficar um pouco apertada, mas acho que não tanto — ele riu, se divertindo — a não ser que não se importe de sair balançando essa coisa por aí.

— Vai servir, obrigado — deixei a toalha cair e, devagar, vesti sua cueca. Pude sentir seus olhos em mim — se você me olhar jeito eu vou acabar demorando a descer.

— Hum — ele engole em seco — desculpa.

Eu então apanhei o short do chão e o vesti, enquanto ele voltou a deitar na cama, agora focado em um ponto fixo no teto, distraído.

— Então... — vesti a camisa, sentei na cama e o observei — você não faz o tipo de que se importa com a opinião das pessoas.

— A gente não precisa falar disso, precisa?

— Não, mas se eu vou ficar de boca fechada, acho justo saber o porquê disso.

Geeber fica em silêncio por o que parecem ser minutos, pensando, considerando se seria mesmo justo que eu soubesse dos seus medos a respeito de sua orientação sexual.

— Meu pai — ele falou, ainda mirando o teto — ele é bem homofóbico... racista também, é claro, mas principalmente homofóbico.

— Então você fica com mulher só por causa do preconceito do seu pai?

— Ah, não — ele se volta pra mim e apoia sobre os cotovelos — eu com certeza gosto de mulher também, mas você sabe como funciona, se eu fico com mulher, tudo certo pra ele, mas se eu também fico com homem, eu sou só um gay indeciso ou algo assim. Meu pai não faz o tipo que entende a bissexualidade.

— É, eu sei como é — fico de pé e caminho em direção a porta — e eu não vou contar pra ninguém.

— Obrigado — ele sorri, pareceu um sorriso aliviado — sei que não precisava fazer isso, mas... obrigado mesmo assim.

— Não sei se você ainda quer fazer algo comigo... — ao chegar à porta, me volto pra ele — mas eu definitivamente te devo uma gozada, então...

Um sorriso sacana toma sua boca e, com um aceno, eu o deixei ali.

Encontrei com os garotos na sala e eles haviam encontrado as chaves da casa de Luiz. Não demorou para que o motorista chegasse, assim como não demorou também para que eu fosse deixado na entrada do prédio em que moro e eles seguissem para suas casas.

A Liberdade de Davi (Romance Erótico)Where stories live. Discover now