Capítulo 22 - Namorado

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Lucas diz que vai tomar banho antes de deitar e que eu poderia fazer o mesmo quando ele terminasse. Parte de mim quis sugerir que o fizéssemos juntos, mas outra parte — a insegura — me fez ficar quieto e acreditar que não era isso que ele queria. Por isso me sentei em sua cama e analisei cada detalhe que pudesse acabar sendo íntimo demais a respeito dele.

A cama de casal no centro do quarto tem uma coberta cinza, grossa e bastante macia, tão confortável quanto seu colchão. Fico passando as mãos por ela enquanto olho ao redor, desde a janela que fica de frente a onde estou — para os fundos do prédio — até às paredes, que seriam tão comuns quanto todo o resto se não fosse o pôster de Dragon Ball Z em uma e a guitarra suspensa na parede oposta.

Eu me levanto para olhar mais de perto, imaginando o quanto o instrumento deve ter custado e a quantidade de garotas e talvez garotos que ele possa ter atraído sempre que o usava. Gosto do preto predominante nela e de como brilha de tão limpa. Sorrio ao pensar em como o pequeno ciúme que sinto agora é tão bobo e infantil, mas eu gostaria mesmo de ter conhecido o Lucas que tocava guitarra ou sei lá o quê mais antes de deixar o instrumento pendurado aqui como decoração.

— Parece que você já conheceu a minha velha Lucille.

Lucas chega por trás de mim, envolvendo minha cintura com as mãos e colando seu peito frio em minhas costas. Eu me arrepio quando ele deposita um beijo lento em meu pescoço e sorrio ao sentir que está se esfregando, de toalha, em mim.

— Lucille tipo a do Negan?

— É, eu estava numa fase The Walking Dead no ensino médio, então...

— Eu gostei dela — confesso, ainda olhando para o brilho do instrumento — você queria ser um astro do rock ou algo assim?

— Não — solta uma risada nasal — na verdade eu nunca toquei com ela em público, foi a minha mãe quem me deu, ela meio que me mandava presentes para compensar sua ausência. Como eu já tocava violão, foi fácil aprender a tocar guitarra, mas acho que ela fica melhor aí que eu meus braços.

Eu quis rebater, brincar com algo em um tom mais íntimo, sexual, talvez somente dizer que preferia eu em seus braços, mas me senti um pouco envergonhado para isso. Então tentei me afastar, afrouxando o cerco de seus braços em mim, mas ele me apertou, com um gemido manhoso ao se inclinar para me fazer sentir seu volume por baixo da toalha.

— Me deixa tomar um banho também — consegui me afastar — eu não vou demorar.

Eu estava um pouco inseguro com como as coisas iriam funcionar entre ele e eu, afinal não fazia ideia de como Lucas gostava de "agir" na cama, ainda assim eu tentei me preparar da melhor forma enquanto tomava banho.

Quando saí do banheiro, ele estava sentado em sua cama, com as costas na cabeceira, vestindo somente uma cueca boxer preta, com uma perna estirada sobre o colchão — o que fez o tesão tomar ainda mais conta de mim — enquanto anotava algo em um caderninho de capa dura. Me pergunto se é algum tipo de diário ou um caderno de poesias. De qualquer forma, ainda é mais um detalhe que eu não conheço a seu respeito e, constatar isso, ao mesmo tempo que me entristece me faz ansiar por conhecê-lo cada vez mais.

Lucas parece entretido demais escrevendo, mas para quando percebe que eu o observo, colocando o caderno sobre a mesinha de cabeceira do lado da cama.

— Não precisa parar por minha causa — digo, na espera que seja suficiente para que me diga o que fazia, mas ele não o faz.

— Vem cá.

Quando caminho até a cama, com a toalha envolta na cintura, Lucas se levanta e leva mais uma vez suas mãos a meu quadril, as subindo pelo torso, me acariciando. Seus olhos não descolam dos meus, seus lábios sendo levemente umedecidos por sua língua. Então aquele sorriso toma conta de sua boca e eu sei que definitivamente ele sabe o efeito que seu sorriso tem sobre mim. Não consigo me segurar e o beijo de uma vez.

A Liberdade de Davi (Romance Erótico)Where stories live. Discover now